Sporting 3 Maribor 1
O Sporting carimbou hoje a sua permanência nas competições europeias,
após uma vitória recheada de acontecimentos.
Não me quero alongar em detalhes técnico-tácticos, sempre enfadonhos e
de análise subjectiva.
Directa e concisamente, o jogo teve tudo para ser um passeio triunfal
a caminho da goleada, e acabou com uma agradável mas acanhada vitória.
Os primeiros minutos já me faziam dar pontapés na atmosfera, naquele acto-reflexo
quando a bola parece não querer entrar.
O golo de Mané, logo no primeiro quarto de hora, diluiu alguma da desconfiança
que sempre me acompanha. É que a história teima em demonstrar que o adversário
nem precisa de rematar à nossa baliza para vencer um jogo, como aconteceu por
exemplo no dérbi de futsal.
O golaço de Nani, pouco depois da meia hora de jogo, começou a
transportar-me para outra dimensão, mas o auto-golo da praxe trouxe-me de volta
à Terra.
Mas a verdade é que a primeira parte foi muito bem conseguida, não
fosse esse tiro no pé e algumas ingenuidades repetidas demasiadas vezes.
Não me parece muito normal que uma equipa perca quatro posses de bola,
em 45 minutos, por os seus jogadores tentarem fazer o papel de fiscal-de-linha.
Parece-me que a intensidade com que se disputam essas bolas, e a
inteligência com que se abordam esses lances, devem também merecer a atenção de
todos.
E eis que chega o intervalo de uma hora.
Provavelmente um fusível mal atarraxado provocou uma paragem inédita,
pelo menos no nosso estádio. Já houve apagões (mais ou menos intencionados) um
pouco por todo o lado, e alguns de triste memória, mas a verdade é que este só
nos poderia prejudicar.
Quando finalmente recomeçou o jogo confirmou-se o que se temia. O Sporting
tinha perdido o ritmo frenético da 1ª parte, e os primeiros 15 minutos foram de
algum sofrimento, mesmo que os eslovenos mal tenham incomodado Patrício.
Mas são muitos anos a virar frangos…e a ver frangos e outras aves
canoras, pelo que era imprescindível que o Sporting reentrasse no jogo. Nunca
se sabe se Jefferson quereria bisar.
O golo de Slimani desmontou à peça as ténues esperanças do Maribor, e
ficou reaberta a via verde para a baliza dos eslovenos.
Afinal, as horas extraordinárias que foram obrigados a fazer resultaram em extraordinárias jogadas de ataque.
Mas, infelizmente, o que podia ter sido um resultado histórico,
limitou-se a ser uma sucessão de celebrações e gritos de GOOOOOOOO….abruptamente
interrompidos.
Nada disto acaba por ser relevante, porque quaisquer três pontos nos
colocariam na senda do apuramento para os 1/8 de final.
A Liga Europa está garantida, mas saberá a muito pouco, se pensarmos
que temos os milhões e o prestígio à distância de um ponto.
Pior ainda, se pensarmos que, se houvesse justiça, teríamos hoje
carimbado a passagem a essa fase da competição, não fosse aquele roubo na
Alemanha.
Já agora, que estou com a mão na massa, deixem-me falar do árbitro vindo das ilhas britânicas.
Sim, porque falar de arbitragens quando se perde soa sempre a azedume.
É que uma penálti e uma expulsão escandalosa ficaram por marcar o que,
associadas a uma série de pequenas faltas que permitiram ataques prometedores dos
eslovenos irritaram até o mais pacato cidadão.
Quero acreditar que tudo se deveu ao facto do escocês não ter sido
submetido ao teste de alcoolemia.