Já passaram
três meses desde que escrevi pela última vez no blog, nesta espécie de “blogout”
por cansaço ou por revolta.
Neste lapso
de tempo recebi /percebi a compreensão de alguns dos habituais ou esporádicos
leitores, enquanto outros me pediam para reconsiderar e voltar a escrever.
Afastei-me
por completo da escrita e até do diário acompanhamento da blogosfera leonina,
onde presumo que se tenha continuado a viver intensamente o dia-a-dia do clube.
Voltei gradualmente
a tecer algumas considerações no Facebook do Núcleo mas confesso que sempre fui
avesso a violência verbal (ou física) e continuo a não me rever no estilo que
muitos sócios/adeptos/simpatizantes…(que se dizem diferentes de todos os outros)
estão a cultivar.
Por este
motivo, os pressupostos do meu “temporário” abandono estão cada vez mais
actuais e se há uns meses atrás esta “voz” não era mais que um chilrear no meio
de uma multidão, actualmente terá menos impacto que o bater de asas de uma
borboleta num concerto de hard rock.
Nestes 3 meses não saí da
minha actual zona de conforto para vir indignar-me pela arbitragem que nos
surripiou o título de andebol ou da que nos “encostou às tabelas” no hóquei em
patins.
Nem sequer
vim aqui para rejubilar com a Taça europeia de hóquei, o título de iniciados, de basquetebol feminino ou
com a saborosa e fulcral Taça de Portugal.
No entanto hoje
apercebi-me de uma mensagem recente onde um prezado leitor dizia “O que não
dava para poder ler a opinião do Núcleo sobre esta bomba…”.
Assim sendo,
vou interromper os meus afazeres por uns minutos e tentar transmitir o meu
estado de alma.
Quem me
conhece ou, por força do blog, conhece o meu estilo habitualmente diplomático e
conciliador (e prudentemente equidistante) já desconfiará de que lado estou.
Mas, para os
mais distraídos, volto a revelar que estou, unicamente, do lado do Sporting.
As minhas
tomadas de posição, públicas ou privadas, visam sempre esse fim…ou é essa a
minha intenção.
Por esse
motivo, até nos legados dos piores presidentes da história do Sporting
indignei-me neste espaço pelo constante aparecimento dos apelidados “papagaios”,
com intervenções que raras vezes aportaram algo de positivo.
Por isso,
antes de entrar na matéria que interessa ao leitor, e que diz respeito à
contratação de Jesus versus despedimento de Marco Silva, não podia deixar
passar em claro a lamentável concertação de alguns notáveis no ataque à instituição
que todos tanto queremos.
O
despedimento do treinador parece ter sido apenas o argumento que alguns
esperavam pacientemente para lançar a ofensiva.
Um
despedimento que ninguém pretendia, e onde me incluo, dado o bom trabalho
efectuado pelo treinador.
No entanto,
há dois detalhes que deviam ter levado alguns dos críticos oportunistas a
reflectir, caso houvesse um pouco de bom-senso e coerência.
Logo à
partida, o facto de Marco Silva e Bruno de Carvalho estarem em rota de colisão
desde há largos meses. Todos sabiamos ser irreversível, foi difundido e
espiolhado vezes sem fim, e quando finalmente aconteceu o divórcio alguns fingem ter sido apanhados de surpresa.
Não menos
importante, o facto de que um treinador não é competente/incompetente tendo
apenas em consideração as questões técnicas e de metodologia de treino.
Mas a
realidade aponta no sentido de que, tal como disse o jornalista (e
ex-funcionário) Pedro Sousa, o nosso ex-treinador tem muito boa imprensa. A partir do
momento em que a estrutura leonina decidiu manter o treinador no comando da
equipa para (provavelmente) não hipotecar por completo a época, para a
generalidade dos media e para cada vez mais sportinguistas, Marco Silva passou
de um treinador a fazer uma época (à data) inferior à de Leonardo Jardim para um
treinador com crédito ilimitado. Para deleite de alguns, defender Marco Silva
passou a constituir um ataque a BdC.
Apesar do
treinador ser, geneticamente, o elo mais fraco de um clube…aquele que é sempre
dispensável quando algo não corre bem, e de haver poucos A.Ferguson ou A.
Wenger por esse Mundo fora, Marco Silva ganhou em 3 ou 4 meses um enorme estatuto no
seio dos sportinguistas e pareceu ficar maior que o próprio clube.
Com a nota
de culpa a Marco Silva, a política nacional e internacional, a migração ilegal
no Mediterrâneo ou a corrupção na FIFA passaram para segundo plano. Num coro
que se tornou nacional, todos, de qualquer clube, ideologia, credo ou raça…de
mãos dadas, manifestaram-se indignados com a decisão da cúpula leonina.
Uma
indignação como nunca ocorreu num país que assiste a dezenas de despedimentos
anuais de técnicos, seja por justa causa ou através de acordo.
Sim, porque
a (boa?) imprensa (de Marco Silva?) fez o favor de repetir até à exaustão que o
ponto de relevo deste romance de faca e alguidar foi a questão do fato não
usado na eliminatória da Taça. Com isto, conseguiu intoxicar uma quantidade exacerbada de adeptos leoninos, talvez até mais do que esperariam.
Num processo
com 400 páginas, a nossa notável comunicação social destacou como ponto único a
patética questão do fato de Marco Silva que, a existir, poderá ter saído
propositadamente para a ribalta para ridicularizar a acusação.
Perante este
cenário solidário, só falta mesmo editar um novo “We Are the World” , que bem podia ser “We
Are the Coach”…em tributo ao jovem treinador.
Ou podiam
lançar ainda a campanha “Je suis Marco”, onde talvez mais indignados se sintam
identificados.
Até os
lampiões, com uma azia descomunal por verem fugir o seu herói por entre os
dedos, manifestaram-se incrédulos com a atitude dos responsáveis leoninos.
Sim, os
lampiões também se indignaram, os mesmos que despediram Manuel José por justa
causa à 4ª jornada da época 1997/98, por "má arrumação das peças no terreno",
"deficiente condição física" e porque "…só fazia
peladinhas em treinos que se pareciam com os da escola".
O anónimo
adepto da nação futeboleira já não terá ficado indignado com o despedimento de Sérgio
Conceição pelos principais motivos que serão apresentados também pelo Sporting, ou
seja “… uma inadmissível falta de lealdade e de respeito por parte do treinador
relativamente ao clube (SCBraga) aos seus valores, à sua estrutura diretiva e
ao Presidente."
Quando
deixei de escrever, há três meses atrás, o clima era de guerrilha mas, passado
este tempo e com mais uma Taça de Portugal no Museu após sete anos no “Tibete” sem qualquer troféu…o
clima é de incontrolável guerra civil.
Pela minha
parte, o meu singelo contributo é continuar no meu recanto a sofrer ou a
alegrar-me com as incidências desportivas, e a esperar pacientemente por
informações credíveis relativamente aos acontecimentos que precipitaram esta luta
fratricida.
Se à
direcção não lhe for reconhecida em tribunal (penso eu) razão na justa causa
acontecerá o que acontece sempre nestas circunstâncias. Terá que abrir os
cordões à bolsa ou tentar chegar a um acordo com o treinador. Sempre foi assim
e sempre assim será. Nada mais que isso.
Mas se
antes, até há uma semana atrás, Marco Silva era o meu treinador, a partir de
agora será Jorge Jesus.
Espero que
não abra muito a boca, porque por vezes fico envergonhado com as suas dissertações, bem
como espero que não se trave de razões com jogadores, treinadores, polícias ou
agentes desportivos.
No Sporting
não terá direito à mesma compreensão das entidades que organizam as provas, nem
sequer de parte dos adeptos leoninos, que estarão permanentemente a
escrutiná-lo.
É de realçar
que Bruno de Carvalho contratou o melhor treinador que existe em Portugal mas
convém reafirmar que JJ não é nenhum Midas.
Não
transformou Djaló em jogador, não transformou mais de uma dezena de coxos em
Coentrões e não teria vencido algumas das provas sem o aval de Capelas e
Paixões.
Além disso,
BdC tem uma autêntica bomba relógio nas mãos. Se ao Sporting é sempre exigida a
vitória, ao Sporting com um treinador no banco (…ou a correr pela linha
lateral) que custa milhões muito mais.
Outra das
curiosidades que tenho assistido prende-se com a exigência generalizada na divulgação da
origem do dinheiro que irá custear esta “brilhante” aquisição.
Todos, num
espectro cromático que vai desde o azul ao vermelho, passando inevitavelmente
pelo verde, questionam como o Sporting irá financiar este treinador.
Ver, ler e
ouvir lampiões e corruptos questionar se o Sporting encontrou petróleo não sei
se me dá náuseas ou vontade de rir.
Clubes
com orçamentos de 100 milhões de euros de origem desconhecida questionarem onde
o Sporting irá desencantar a verba que tem sido noticiada faz-me recordar a
recente frase do Sr.Roquete relativamente à mulher de César…que não o jogador
do rival.
Mas porque é
que ninguém se questionou de onde vieram, anos a fio, os milhões do vencimento de Jesus nos lampiões?
E tantos outros milhões que têm sido esturricados a ponto de, mesmo com vendas milionárias, terem continuado com passivos galopantes?
Dirão os
nossos críticos que com o mal dos outros podemos nós bem ou…que não lhes
interessa.
Pois a mim
interessa-me que os clubes joguem com as mesmas regras, e que essas regras
sejam puras e ímpias.
Quando os media
lançam a notícia de que a Holdimo e a Guiné é que financiarão o treinador, avançam
os críticos e alegam que é uma vergonha a origem do dinheiro. Sim, porque limpo…limpo,
é o dinheiro originário do petróleo russo, das "democracias" árabes ou dos fundos
de investimento que patrocinam alguns clubes de topo.
Mas quando o presidente do Sporting vem desmentir esta teoria da comunicação social e afiança que é com capitais próprios, os velhos dos Marretas (versão contemporânea dos velhos do Restelo) aprestam-se a dizer que é mais uma atoarda.
Mas quando o presidente do Sporting vem desmentir esta teoria da comunicação social e afiança que é com capitais próprios, os velhos dos Marretas (versão contemporânea dos velhos do Restelo) aprestam-se a dizer que é mais uma atoarda.
Somos de
facto únicos…e originais.
Enquanto os
rivais do Norte, presididos por Pinto da Costa, se unem em
torno de um ideal mesmo sem vencerem nada há dois anos, nós andamos numa interminável guerra.
Enquanto os
rivais da 2ª Circular, presididos por um seguidor de Pinto da Costa se unem em
torno de um ideal, nós perdemos tempo e energia numa luta sem quartel.
Isto
acontece quando, à margem da questão Marco Silva, fomos felinos e desviámos um
trunfo aos lampiões.
Nem imagino
o cenário inverso.
Seria o fim
do Mundo em cuecas.
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