Numa altura em que se fala da China por razões de expansão da marca mas também de investidores, há uma notícia envolvendo esse país que me merece a máxima atenção.
Foi esta semana noticiado que Eric Feng, de 29 anos, pedalou 18 mil quilómetros da China até Portugal.
O homem empreendeu esta viagem em homenagem a Zheng He, um histórico navegador chinês do século XV, e ao português Infante D. Henrique.
Atravessou onze países (China, Cazaquistão, Rússia, Estónia, Lituânica, Letónia, Polónia, Alemanha, França,
Espanha e Portugal) numa aventura que começou no dia 22 de Abril de 2011.
E que dia foi este?
Terá sido o dia em que o navegador Pedro Álvares Cabral se tornou, oficialmente, o primeiro europeu a chegar ao Brasil?
Sim, também, mas houve um acontecimento recente ainda de maior relevância.
O dia da última vitória fora de casa do Sporting!!
Pús-me
a imaginar um chinês a montar a bicicleta em frente à sua casa, talvez o
nº29 da Rua Shop Suey de Gambas e, por essa altura, Wolfswinkel marcava
de penalti o 3º golo, o mesmo que nos daria a vitória na Choupana.
O chinês arranca em direcção ao Cazaquistão, mas ainda mal tinha passado a primeira rotunda e já nós perdiamos em Bilbao.
O
homem, talvez o melhor ciclista chinês da actualidade, já iria ali para
os lados do Mac´Donalds em frente ao Kremlin quando finalmente chegaram
as ansiadas férias, depois de perdermos frente à Académica a final da
Taça.
O chinês continuou a pedalar, mesmo com os sofridos atletas leoninos num qualquer resort de luxo.
Já
com a presente época começada, imagino o homem ali tranquilamente na
Estrada Nacional 211, entre Tallinn e Riga, na semana em que o Sporting
não consegue ganhar em Guimarães nem a uns patuscos dinamarqueses...mas
para a frente é o caminho.
Por
entre montes e vales passa a Letónia e a Polónia mas o chinês já só
pedia um bejeca numa cervejaria perto das Portas de Brandenburgo.
Ninguém
se terá lembrado mas, quando fomos à Hungria...uns diazinhos depois de
perdermos mais uns pontos na Pérola do Atlantico, bem que os jogadores
podiam ter ido dar um empurrãozinho na bicicleta, caso tivessem feito
escala em Frankfurt.
O que vale para o chinês é que para cá é tudo a descer...pelo menos no mapa.
Já
com a Torre Eiffel na objectiva da máquina, o chinês deve ainda ter
ouvido algum emigrante português dizer que o Sporting tinha perdido no
Dragão, em Moreira de Cónegos, em Genk e em Setúbal mas, o som típico do
acordeão abafa qualquer mau pensamento.
O chinês entretanto passou os Pirinéus com extrema facilidade, pois o cheiro a paella
e a chocos fritos deu-lhe forças adicionais. Já o Sporting perdia as
forças em Basileia, mas estas viagens constantes de avião tornam-se
cansativas.
Feng
pensou entrar em Portugal pelo Norte mas jogava lá o Sporting e o
ambiente anda tenso, pelo que acabou por vir por Badajoz, onde encheu o
saco de caramelos para servir de moeda de troca neste país tão sui
generis.
Estacionou ali para os lados de Sines, no dia seguinte ao empate do Sporting com sabor a derrota com o Moreirense.
Roubaram-lhe a bicicleta.
Caramba, o homem atravessa meio mundo, e é preciso chegar cá para lhe fanarem a bicla?
Em parte até é bem feito, para perceberes o que o Sporting passa por esse país fora.
Sabes que nós fartamo-nos de nos queixar, mas nunca nos devolvem os pontos que nos roubam.
Dizem..."Pronto, fica lá com a bicicleta!", mas eles é que saem a ganhar.
O próximo jogo fora é precisamente na Choupana, 238 dias depois, se o nevoeiro o permitir.
Será que, por essa altura, o chinês já chegou a casa??
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