O dérbi
ficou em águas de bacalhau. Fica a demolhar até à próxima 3ª feira.
Tudo se
conjugava para um grande espectáculo.
Um benfica
decidido a cavar um fosso quase intransponível para o Sporting, e mostrar ao mundo que é o clube nacional que
dispõe de mais recursos no sector atacante e no sector da arbitragem.
Um Sporting confiante
num resultado que o confirmasse como candidato ao título e demonstrar porque,
apesar do roubo sistematizado de que tem sido vítima, continua com o melhor
ataque e a melhor defesa.
Todos sabiam
que as condições climatéricas seriam adversas, mas nada faria prever que a
Catedral se desfizesse em flocos.
Primeiro
começou por surgir lixo a sobrevoar o espaço aéreo, mas nenhum adepto sportinguista
pareceu mostrar-se surpreendido pelo súbito acontecimento. Consideraram,
provavelmente, que se tratava de um pleonasmo.
O público olhava para o céu e questionava-se:
"Será outro pássaro? Será um avião? Será o Super-homem?
"Será outro pássaro? Será um avião? Será o Super-homem?
Nesse instante começaram a cair os primeiros flocos.
Muitos se prepararam para fazer uns vistosos bonecos de neve alusivos
ao dérbi, e até se arrependeram de não ter levado os esquis para o evento.
No entanto,
a trajectória irregular dos flocos desvaneceu essa ténue esperança e as
opiniões sobre o fenómeno dividiam-se entre caspa e penas.
A explicação
oficial referiu que se tratava de lã de vidro que se estava a desprender da
cobertura, mas a verdade é que cedo se percebeu que não estavam reunidas as
condições para o jogo se realizar, mesmo perante a insatisfação geral dos
adeptos dos dois lados.
Isto porque os seguintes detritos a cair já
tinham dimensões consideráveis, capazes de tingir o estádio ainda mais de vermelho.
Desconheço
se o Estádio da Lã se continuou a desfazer, mas os clubes, a Protecção Civil e
a Liga decidiram que o melhor era o adiamento do jogo.
Perante um acontecimento
que o benfica considerou de “pequenos danos na cobertura” a Liga refere que “evitámos
uma tragédia”, tendo em consideração que chegaram a voar chapas de enormes
dimensões.
Perante o
agravar da situação, foi aconselhado ao público que saísse ordeiramente do
Estádio, de modo a preservar a integridade física dos adeptos do benfica.
Enquanto se
procedia à “evacuação”, os adeptos leoninos ficaram confinados à sua gaiola,
durante cerca de uma hora.
Pelos
vistos, aquele espaço que nos é reservado está dotado de condições de segurança
ímpares, e os leões puderam assistir em lugar privilegiado ao desmontar do
puzzle pelo vento.
Num
hipotético sismo ou qualquer outro fenómeno natural, ficámos a saber que é para
aquele sector do Estádio que toda a população lisboeta se deve dirigir.
Mas apesar
do jogo não se ter realizado, houve quem tivesse ficado a perder e a ganhar.
Logo à
partida, parece-me que o adiamento para a próxima 3ª feira permite ao treinador
do benfica recuperar os índices físicos da equipa que, recorde-se, tinha jogado
para a Taça de Portugal na passada 4ª feira.
O Sporting
poderá ter que repensar a táctica, muitas vezes idealizada em função destes
pressupostos.
Além disso,
o onze escolhido por Leonardo Jardim foi uma surpresa para adeptos, jornalistas
e, acredito, para o treinador adversário.
A aposta em
Heldon e Slimani contrariou todas as expectativas, e as escolhas de Piris e
Dier, mesmo que esperadas, passaram a ser confirmações.
O factor
surpresa que, eventualmente, poderia ter suposto este onze, desvanece-se no
tempo…tal como os flocos que hoje se esfarelaram nos ares.
Depois de
sabermos que Deus é brasileiro e o Papa do porto, ficámos a saber que Jesus e
São Pedro estão com o benfica.
Assim fica
mais difícil.
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