domingo, 9 de fevereiro de 2014

Será um avião? Será o Super-homem?

O dérbi ficou em águas de bacalhau. Fica a demolhar até à próxima 3ª feira.

Tudo se conjugava para um grande espectáculo.

Um benfica decidido a cavar um fosso quase intransponível para o Sporting,  e mostrar ao mundo que é o clube nacional que dispõe de mais recursos no sector atacante e no sector da arbitragem.

Um Sporting confiante num resultado que o confirmasse como candidato ao título e demonstrar porque, apesar do roubo sistematizado de que tem sido vítima, continua com o melhor ataque e a melhor defesa.

Todos sabiam que as condições climatéricas seriam adversas, mas nada faria prever que a Catedral se desfizesse em flocos.

Primeiro começou por surgir lixo a sobrevoar o espaço aéreo, mas nenhum adepto sportinguista pareceu mostrar-se surpreendido pelo súbito acontecimento. Consideraram, provavelmente, que se tratava de um pleonasmo.
O público olhava para o céu e questionava-se:
"Será outro pássaro? Será um avião? Será o Super-homem?

Nesse instante começaram a cair os primeiros flocos.

Muitos se prepararam para fazer uns vistosos bonecos de neve alusivos ao dérbi, e até se arrependeram de não ter levado os esquis para o evento.

No entanto, a trajectória irregular dos flocos desvaneceu essa ténue esperança e as opiniões sobre o fenómeno dividiam-se entre caspa e penas.

A explicação oficial referiu que se tratava de lã de vidro que se estava a desprender da cobertura, mas a verdade é que cedo se percebeu que não estavam reunidas as condições para o jogo se realizar, mesmo perante a insatisfação geral dos adeptos dos dois lados.

 Isto porque os seguintes detritos a cair já tinham dimensões consideráveis, capazes de tingir o estádio ainda mais de vermelho.

Desconheço se o Estádio da Lã se continuou a desfazer, mas os clubes, a Protecção Civil e a Liga decidiram que o melhor era o adiamento do jogo.

Perante um acontecimento que o benfica considerou de “pequenos danos na cobertura” a Liga refere que “evitámos uma tragédia”, tendo em consideração que chegaram a voar chapas de enormes dimensões.

Perante o agravar da situação, foi aconselhado ao público que saísse ordeiramente do Estádio, de modo a preservar a integridade física dos adeptos do benfica.

Enquanto se procedia à “evacuação”, os adeptos leoninos ficaram confinados à sua gaiola, durante cerca de uma hora.

Pelos vistos, aquele espaço que nos é reservado está dotado de condições de segurança ímpares, e os leões puderam assistir em lugar privilegiado ao desmontar do puzzle pelo vento.

Num hipotético sismo ou qualquer outro fenómeno natural, ficámos a saber que é para aquele sector do Estádio que toda a população lisboeta se deve dirigir.



Mas apesar do jogo não se ter realizado, houve quem tivesse ficado a perder e a ganhar.

Logo à partida, parece-me que o adiamento para a próxima 3ª feira permite ao treinador do benfica recuperar os índices físicos da equipa que, recorde-se, tinha jogado para a Taça de Portugal na passada 4ª feira.

O Sporting poderá ter que repensar a táctica, muitas vezes idealizada em função destes pressupostos.

Além disso, o onze escolhido por Leonardo Jardim foi uma surpresa para adeptos, jornalistas e, acredito, para o treinador adversário.

A aposta em Heldon e Slimani contrariou todas as expectativas, e as escolhas de Piris e Dier, mesmo que esperadas, passaram a ser confirmações.

O factor surpresa que, eventualmente, poderia ter suposto este onze, desvanece-se no tempo…tal como os flocos que hoje se esfarelaram nos ares.



Depois de sabermos que Deus é brasileiro e o Papa do porto, ficámos a saber que Jesus e São Pedro estão com o benfica.

Assim fica mais difícil.


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