Na infância há
uma grande ocorrência de doenças designadas como benignas, e que têm um período
de incubação relativamente curto.
Em pequeno
tive varicela, escarlatina, mas a que me atacou em força chama-se sportinguite, e não tem cura.
A taxa de
incidência é elevada, com perto de 30 afectados por cada 100 pessoas.
Outros são atingidos
por enfermidades derivadas da sarna, mas apesar de ter estado exposto ao vírus,
a verdade é que nunca me afectou, felizmente.
O vírus do futebol
é altamente contagioso e propaga-se normalmente pelas vias aéreas. Seja através
da nossa família, amigos ou conhecidos, a realidade é que se entranha no nosso
corpo quando nós somos ainda pequenos e temos menos defesas.
Não há
vacinas contra este mal que, com o passar dos anos, nos vai consumindo a saúde
e a paciência.
Os que são
portadores da subespécie da sarna convivem melhor com ela, porque os efeitos
secundários são quase inexistentes.
Os sintomas
da sportinguite são leves e inócuos
mas, aos fins-de-semana, o seu portador costuma ter mais moléstias.
A mais
frequente é a irritabilidade, seguida de um estado de ansiedade e, muitas vezes,
de um profundo desânimo…desalento…prostração.
Ainda assim, vivemos
a vida inteira em harmonia com o nosso vírus e consideramos que é uma bênção tê-lo,
mesmo que saibamos que os portadores da subespécie da sarna não sofrem de
ansiedade.
Consideramos
uma dádiva termos sido infectados por um vírus que, apesar de lhe servirmos de
hospedeiro, não tem características de parasita, como outros.
Apesar do
vírus não ter cura nem existir vacina, foram inventados medicamentos que aliviam
os sintomas de forma eficaz.
A toma
continuada pode provocar prepotência e despotismo, mas a melhoria do estado
geral de saúde é notório.
O vírus
propagou-se por todos os continentes, e só a Antárctida parece ter escapado à
sua capacidade de reprodução, pelo que não tolerará muito o frio. Ou isso, ou o
facto de lá não haver hospedeiros.
A verdade é
que na Europa se tornou um caso de saúde pública, agravado pelo crescente surto
das subespécies da sarna.
Por exemplo,
fiquei hoje a saber que na Rússia também apostam no bem-estar dos seus sofridos
pacientes.
O laboratório
da marca Zenit investiu bastante na prevenção e os efeitos foram imediatos.
Experimentaram dar colheres de xarope a algumas cobaias e, a verdade, é que os resultados foram animadores.
Vitória na Liga Europa, após pouco tempo de investigação e rectificação de dosagem.
É fantástico.
Afinal, não é só em Portugal que sabem tratar e minorar este tipo de afecções.
Há dias vi um
Delegado de Informação Médica na televisão, a confirmar que as nossas
preocupantes suspeitas não são meras alucinações, provocadas pelo vírus que nos
consome.
António
Oliveira, de seu nome, por acaso até viveu num laboratório que está na
vanguarda, há décadas. Nem os melhores laboratórios da Sicília conseguem tais resultados.
A busca de novas fórmulas para minorar os efeitos
secundários mais nefastos é contínua, e o seu sucesso é tal que um laboratório
em Lisboa já lançou um genérico.
Também irá
permitir aos seus pacientes, em breve, passar do estado de prostração para o de euforia.
A sportinguite não tem cura, e vivemos bem
com ela.
Preocupante é
sabermos e sentirmos que nunca iremos dispôr das mesmas armas para que coabitemos em perfeita harmonia.
O
ex-inspector da P.J., Gonçalo Amaral, escreveu um livro que se chama "A
verdade da mentira".
Esse título
enfia-se que nem uma luva na mão do futebol.
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