E pronto,o campeonato chegou ao seu fim.
O
rescaldo destas 30 jornadas foi-se fazendo durante o decorrer do mesmo e
este, tal como tantos outros, ficará marcado pelos erros que nos
empurraram para um lugar que estava longe dos planos de adeptos e
responsáveis.
A
história é feita de muitas mentiras, mas a sociedade tecnológica já não
permite que se perpetue a falsidade. Os registos das jornadas que foram,
para deleite de alguns, obrigando-nos a soçobrar, são de livre acesso
e, mesmo que não nos sirva de muito, poderemos sempre reavivar a memória
de sportinguistas e rivais.
O
jogo de hoje foi, em certa medida, o espelho de uma época. O Sporting
foi muito superior ao seu adversário que tentará, se ultrapassar o
play-off de acesso, prestigiar o futebol português nessa competição, mas
para isso terá de fazer muito mais do que apresentou em Alvalade.
O
Sporting dominou em todas as vertentes do jogo e chegou a ser deprimente
ver uma equipa que andou até perto do final a lutar pelo título
nacional, exibir-se a um nível tão baixo.
Como o
Sporting por vezes parece atrair o sobrenatural, uma vez mais sofremos
um golo ao primeiro remate adversário, sendo que este apenas aconteceu
aos 57 minutos de jogo.
O anormal aconteceu aos 67, pois o Braga não foi capaz de concretizar a sua segunda aproximação à área leonina.
O
empate surgiu de um lance algo controverso. Mesmo que as imagens venham a
provar que as orelhas de Lima estavam em linha com o nariz de Xandão, o
certo é que quando o Sporting ataca essas certezas dissipam-se, e este
mesmo ano fomos privados de pontos em foras-de-jogo de metros, como o
que nos surripiou dois pontos contra o Olhanense, à primeira jornada.
Wolfswinkel
tratou de colocar os pontos nos is, e a bola onde ela já merecia, dando
ao resultado alguma justiça. O holandês quis fazer as pazes com
alguns adeptos mais impacientes, e com um pouco mais de pontaria hoje
ainda se teria chegado aos calcanhares de quem lutava pelo título
de melhor marcador, mas Quim evitou uma noite histórica do avançado e
uma noite de terror do Braga.
O
segundo golo bracarense, que para quem não viu o jogo dará a sensação de
um jogo equilibrado, vem ilustrar a minha afirmação de que este jogo
poderá servir como espelho da época. Muitas são as grandes penalidades
inexistentes que são assinaladas, e vice-versa, mas nós somos um imã de
más decisões arbitrais.
Se,
na semana passada, poderíamos alegar que Proença sucumbiu à pressão do
banco, jogadores e adeptos portistas, esta semana Marco Ferreira
sucumbiu...à inevitabilidade de prejudicar o Sporting.
Evaldo,
um dos mal-amados de Alvalade, deve ter ouvido das boas por esse país
fora, mas a realidade é que o avançado bracarense deixou-se iludir pela
sombra do nosso defesa ...e o apito ecoou uma vez mais nas nossa
cabeças, como se um comboio se aproximasse a alta velocidade.
Desta
vez , felizmente, mais penalti menos penalti o resultado estava feito,
mas quando queremos acreditar...acreditar que será possível lutar por
outros lugares, este tipo de arbitragens fazem-nos ser completamente
agnósticos.
Destaque,
claro, para o público presente em Alvalade que provou, uma vez mais,
que é de uma fibra diferente, pelo menos em Portugal. Se noutras
culturas é normal que os adeptos não se divorciem de um clube com
resultados aquém do esperado, no nosso país isso é uma miragem, e só
mesmo uma maneira de ser e estar diferente é que permite estas
manifestações únicas de clubismo.
Até Leonardo Jardim (talvez com o seu sportinguismo a falar por si) disse :
" É com gratidão que vejo
um clube que, mesmo depois de uma derrota, tem o
estádio cheio para brindar a sua equipa. Não é só em Inglaterra que
isto
acontece. Não esperava uma manifestação tão
calorosa ao Sporting. Normalmente, em Portugal, quando a equipa está a
perder,
os adeptos não aparecem".
Mesmo
que estes objectivos tenham uma importância muito relativa, é de
valorizar o facto de termos ultrapassado os 520 mil espectadores em
casa, para o campeonato, quando na época passada os números foram pouco
além dos 370 mil, e um 3º lugar no campeonato.
Não
há dúvida que o bom futebol atrai espectadores, mesmo que saibamos que
os títulos é que são os verdadeiros catalisadores para angariar adeptos e
sócios.
Acabou o campeonato mas, na próxima semana é que se joga, em 90 minutos, toda uma época.
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