Ontem foi dia de futebol, naquele que foi o último teste antes de começarem os jogos a doer.
Para
os muitos que acreditam que estes jogos não têm interesse nenhum nem
são sintomáticos do que pode ser a época, certamente terão estado
relaxadamente em frente ao ecrã (excepto aqueles que se puderam deslocar
ao Estádio) enquanto os mais cépticos e que seguem com preocupação estes encontros, terão ainda encontrado motivos suficientes para torcer o nariz em relação às ambições de mais uma época.
Talvez
tenham sido alguns desses que ensaiaram uns tímidos assobios numa
sonolenta primeira parte, nas infindáveis trocas de passes entre os
elementos da defesa, à imagem de tantas primeiras partes de tantos
treinadores que têm passado pelo Sporting.
Paulo
Bento foi um visionário, ao implementar o famoso charuto para a frente,
ao qual se associaram os seus sucessores mas Sá Pinto tem preferido
adoptar um modelo "à la Barça", com uma posse de bola consistente
e um domínio avassalador nesse parâmetro. O problema é que o Barça
fá-lo nas redondezas de onde se decidem jogos, ao passo que a nossa
equipa põe os olhos em bico a adversários e adeptos, enquanto não
automatizam as ligações com os elementos do meio campo.
A
segunda parte já trouxe mais alguma objectividade, mas o certo é
que...para o meu exigente gosto, criar 3 ou 4 oportunidades em meia
parte de jogo é pouco...e poderá ser pouco quando jogarmos no pantanoso
futebol português.
Jogar
meia parte, com as nossas dificuldades de concretização e de criação de
jogadas de perigo, é manifestamente pouco quando tivermos os
autocarros, as autocaravanas ou os comboios estacionados em frente à
baliza, quando se sucederem as lesões e começarem a cair jogadores
adversários como caem as folhas de Outono e quando os próprios juízes da
partida começarem a alinhar neste futebol à nossa moda.
Por
isto, e porque os adeptos pagam para ver 90 minutos de jogo, seria bom
começar a ver a equipa preocupar-se menos em passar 45 minutos a estudar
o adversário (como os analistas tantas vezes tentam justificar os
primeiros compassos do jogo) e tentar ganhar jogos desde o início, para
poupar também os cansados corações dos adeptos leoninos que passam
épocas a fio sem ver um jogo em que não se ganhe pela margem mínima.
É claro que houve alguns detalhes e alguns jogadores que fazem acreditar mas, se não formos acreditar nesta altura da época, nunca o faremos.
Também ficámos a saber qual será o quarteto defensivo, e que as dúvidas de Sá Pinto poderão residir daí para a frente.
O
pior é que, para lá da parca e irritante falta de objectividade e
consistência ofensiva, o jogo de ontem deixou outros indícios.
Se
o Porto teve na sua apresentação contra o Lyon o amigo Soares Dias e o
Benfica teve no seu jogo de festa, contra o Castilha (ou Real Madrid B) o
compincha Bruno Paixão (mas poderia ter tido João Ferreira, Paulo
Baptista ou ainda outros à escolha) o Sporting teve Duarte
Gomes...talvez para se começar a ambientar ao que se está a
fermentar...um ano mais.
Se por exemplo a Eusébio
Cup de 2008 teve Bruno Paixão, a de 2009 João Ferreira, a de 2010
Proença, a do ano passado Duarte Gomes e a deste ano Bruno Paixão..ou
seja, recomeçou o ciclo de árbitros com paixão clubista a apitar a
equipa, a nós foi-nos nomeado um árbitro que todos sabem sofrer pelo
rival, que tem um litígio com Carlos Freitas e que há uns anos teve a
rocambolesca história com o treinador de guarda-redes do Sporting, ao
começar a empurrar o membro da equipa técnica, antes de o expulsar.
Se isto não é para nos prepararmos para o que aí vem, então não sei.
Esta
apreciação não está sustentada na perseguição que se move a Rinaudo,
pois a pantufada que deu é tão merecedora de amarelo quanto denota que o
argentino continuará a pôr-se a jeito, mesmo que na maioria das vezes em que é admoestado, as acções que protagoniza sejam mais aparato que outra coisa. A apreciação baseia-se na falta de
critério e bom-senso de quem nomeia, e de quem iliba os autores dos
sucessivos atentados à arbitragem, e ao futebol que temos que comer.
Duarte Gomes não teve tarefa complicada, felizmente, e o pouco que teve para decidir fê-lo com a habitual mestria,
mas convenhamos que tem que haver mais Sporting para ultrapassar estes
pedregulhos que irão aparecer na engrenagem, quando estiverem pontos em disputa.
Valeu,
acima de tudo, a vitória perante o campeão grego por 1-0, e mesmo que
os Cinco Violinos (expoente máximo do futebol ofensivo que se jogou de
leão ao peito) não se pudessem rever no futebol actual, o que importa é
que as vitórias empurram tudo o resto para segundo plano.
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