quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Braçadeira

É inevitável que, no começo de cada época, salte a terreiro a discussão acerca do capitão/capitães do plantel principal.
O jornal Record até lhe dedica hoje umas linhas, apelidando o processo leonino como "Dispensador de capitães".
Tal apodo deve-se, de acordo com a publicação, ao facto da crise dos últimos anos ter afastado, de um modo quase vertiginoso, jogadores, treinadores...e capitães de equipa.

Vejo esta realidade como insofismável, dado que  o plantel do Sporting tem sido sujeito a "limpezas" com um grau de profundidade tal que nem os ácaros poderiam resistir.

No entanto, a escolha do capitão é um tema que (infelizmente) já não entra nas minhas preocupações ou prioridades, quando se fala de Sporting.
A descaracterização gradual que alguns dirigentes promoveram, redundou em escolhas que também descaracterizaram os atributos que o portador da braçadeira devia ostentar.

Quando me recordo de jogadores emblemáticos, como Damas ou Manuel Fernandes, atletas com carisma, com um passado de leão ao peito, com um comportamento disciplinar e desportivo exemplar, faz-me encolher os ombros de modo resignado, quando penso que esse mesmo estatuto foi conferido (por ex.) a atletas como Elias ou João Pereira, numa lista recente de capitães quase tão longa quanto o dos plantéis dos últimos anos.

Mesmo o reincidente Rinaudo não tem, a meu ver, os predicados que o cargo exige mas, mesmo que não reúna os principais, o seu estilo guerreiro e combativo acaba por confundir muitos que consideram que o argentino tem o braço onde a braçadeira fica mais aconchegada.
Mas se Fito só está há duas épocas em Alvalade, outro houve que foi para lá de fraldas e cedo lhe foi dado o privilégio antes concedido a homens de barba rija.
Falo do Moutinho, claro, e da precoce dádiva que lhe foi concedida.
No entanto, poucos meses volvidos já o ídolo da maioria dos sportinguistas queria não só livrar-se da braçadeira, como do equipamento completo. 
Alguns podem considerar que o pequeno judas foi um visionário, ao sair antes da crise que viria a afectar o clube, mas eu considero que ele foi mais um que contribuiu para o agudizar da crise.

Para lá da sua qualidade, algo que o distinguia era a sua baixa estatura.
O facto veio comprovar que os homens não se medem aos palmos. 
Nem os capitães.
Afinal, ele tinha estatura para jogador, mas não para capitão.

Parece que quem se prepara para ostentar a braçadeira, no arranque do campeonato, será André Martins, em virtude do castigo de Patrício e, eventualmente, pela não titularidade de Rinaudo.
Uma vez mais, um jovem de baixa estatura formado em Alvalade, mas que terá uma estatura moral bem maior que o seu antecessor.
Mesmo que ainda seja imberbe, que lhe falte espírito de liderança ou um passado relevante, estou em crer que tem outros atributos que os sportinguistas não irão desprezar, como raramente fazem com os produtos da sua Academia.
Até prova em contrário.

4 comentários:

  1. ...mais um motivo para o patrício não sair! Acho que é importante manter os capitães de modo a dar estabilidade à equipa.
    O capitão neste jogo vai ser o GR: boeck (se o patrício jogar vai ser o capitão) acho eu porque no jogo com o west ham estavam os 2 em campo o boeck foi capitão isto só se verifica se o rinaudo não jogar!
    Ps: Acho que a hierarquia de capitães é: rinaudo; patrício;boeck e andré martins! Já agora gostava de ver o capel com a bracedeira!

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  2. Caro Illuminator

    Tal como referi na crónica, nesta "altura do campeonato" não estou a dar muito ênfase a esta questão. Qualquer que seja a escolha, nunca será alguém consensual...a não ser Patrício.
    Todos os outros têm tão pouco tempo de casa, tão pouca maturidade, tão pouco carisma, que dificilmente colherão a unanimidade dos sportinguistas.
    Quanto a Patrício,o único que a meu ver preenche todos os requisitos, tem somente um entrave, na minha modesta opinião. Apesar de saber que, tal como aconteceu com Damas...ou Casillas...ou Buffon, inúmeros guarda-redes chegam a capitão, a minha opinião é que deve ser um jogador de campo a ostentar a braçadeira, por motivos...logísticos. As incidências de um jogo, ou a intervenção junto dos juízes ocorre geralmente em áreas do campo onde é difícil a um g.r. poder dar o mesmo contributo que um jogador de campo. É que os clubes que também tomaram essa opção , geralmente não passam por tantas dificuldades ...e não observam a dualidade de critérios como nós, a ponto de ser importante ter um capitão perto dos inúmeros acontecimentos que possam ocorrer.

    SL e obg pelo comentário

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  3. O Adrien seria o meu capitão na impossibilidade do Patrício jogar.

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  4. Caro anónimo

    Adrien já é apontado como potencial capitão desde há algum tempo.
    Se a novela do ano passado fragilizou algum estatuto que possuía, creio que aos poucos poderá ir ganhando algum crédito junto dos adeptos.
    A seguir a Patrício, é dos que fez a sua estreia pela equipa principal há mais tempo, pelo que essa hipótese começa a ganhar sentido.

    SL e obg pelo comentário

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