Em
entrevista ao programa "Zona Mista", da RTP Informação, o presidente Bruno
de Carvalho revisitou alguns dos principais temas da actualidade leonina.
Um
deles foi a célebre declaração que o próprio fez, após o não menos célebre jogo com o
Nacional, apitado pelo talhante Manuel Mota.
"Quando digo que sinto vergonha de estar no
mundo do futebol é porque fui educado a não mentir. Disse isso porque olho para
a realidade e vejo clubes com medo, porque podem descer de divisão, e árbitros
fartos das subidas e descidas em termos de divisão. Há um livro que está para
sair onde se prova cientificamente que o Sporting é o clube mais prejudicado,
mas é algo que todos já verificaram. Está enraizado. Aquilo que acontece é que
os árbitros vivem num meio onde infelizmente o medo impera e onde não é perceptível
que o Sporting seja uma entidade que lhes retire o medo, mas pode ser que isso
mude."
A propósito do pós match onde BdC
referiu ter vergonha de estar no mundo do futebol, recordo que muitas foram as
vozes que logo se levantaram, contestando o conteúdo, timing e modo como abordou as incidências do jogo e as respectivas
análises jornalísticas.
Aliás,
não há declaração de BdC que seja pacífica, gerando sempre réplicas aos
pequenos abalos telúricos que cria.
É frequente, inclusivamente, ler e ouvir alguns adeptos
leoninos invectivarem BdC, ainda pouco convencidos com a nova realidade e estilo do presidente.
São também muitos os jornalistas a bufarem de raiva, perante
a ofensiva do presidente do Sporting à classe e a outros poderes instituídos.
No entanto, admira-me que uns e outros tenham paciência para tolerar,
durante décadas, métodos e discursos mafiosos de outros dirigentes desportivos.
Perante
o cúmulo de acontecimentos, que deviam envergonhar não só os que bebem do
fenómeno desportivo, mas todos os portugueses, uns e outros acabaram por se moldar
e acomodar, como se tudo fosse obra do destino.
Diria
até que, perante os sintomas, muitos dos atrás referidos parecem padecer
do Síndroma de Estocolmo mas, no caso concreto, foi o bom senso e a
coerência que foram feitos reféns de um clã que fez do futebol português o seu
quintal.
Quando
vejo, leio e oiço que chega a existir condescendência e simpatia por gente que
maltratou o Sporting e o desporto português, fico com a certeza de que ainda
sofrem do mal, e já compreendo a pouca tolerância perante a chegada deste
intruso.
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