Ontem era difícil não aflorar o tema do dia, mas após a derrota na Alemanha já posso divagar sobre o tema que ganhou alguma notoriedade nas redes sociais, mas que também chegou à imprensa escrita.
Porque, como diz o ditado…”a divagar se vai ao longe”
Falo, claro está, da publicação do jornalista Miguel Somsen na sua página do Facebook, em que teve o desplante de brincar com o ar beto e penteado beto dos sportinguistas.
Vai daí, os betos leoninos revoltaram-se.
Eu, que tenho o cabelo sempre em revolução e ar de sem-abrigo, não me senti minimamente melindrado com esta piada do jornalista que, dada a profusão de ofensas e ameaças, teve que confessar que foi sportinguista até aos seus 10 anos de idade, antes de se transferir a custo zero para adepto do Belenenses.
O comportamento extremista e intolerante de alguns sportinguistas perante uma graçola…tenha ela pouca ou muita piada, terá aproximado alguns do espírito jihadista, numa altura em que a liberdade de expressão ainda está de luto após o ataque terrorista que pretendeu calar um jornal satírico em Paris.
No entanto, esta liberdade não é nem nunca será consensual pois, também eu, acredito que deve haver limites ao que emana da nossa consciência.
Paralelamente aos direitos e deveres consagrados, deve haver a nossa própria censura e, principalmente, um enorme bom-senso na hora de debitar opinião.
Ou isso ou um silenciador de boca, que se pode encontrar em qualquer loja dos chineses por menos de um euro.
Que o diga aquele cidadão que foi detido e multado após ter dito a Cavaco para ir trabalhar, nas comemorações do 10 de Junho. Só um presente de Natal em forma de indulto do Presidente da República o livrou de 1300 chibatadas em forma de euros.
Bom-senso parece não ter faltado a Somsen, na hora de brincar com o espírito beto que ele cola ao adepto tipo do Sporting, mas o sportinguista anda com pouca vontade de rir.
Diferente seria se alguém relatasse na primeira pessoa que se aprestava a embarcar num avião atafulhado de lampiões, com o garrafão de tinto na mão, com a unhaca do mindinho a rondar os 10 cm e o palito atrás da orelha. Este seria o humor onde nos revemos e, sinceramente, espero nunca ter de andar por cima das nuvens nestas condições.
Já me aconteceu chegar a Viena a ouvir o Ésseubê e foi uma experiência que não desejo repetir.
Perante o desfilar de opiniões de desagrado na página do jornalista, houve tentativas de comparação com o anúncio da Sagres com Patrício como protagonista ou com o boneco-vudu de Ronaldo atado a uma linha de comboio, patrocinado pela Pepsi.
Parece-me que os conteúdos não são comparáveis, mas em qualquer destes casos houve uma reacção em cadeia provocada por um sentimento patriótico ou clubista um pouco desbragado.
O que vale é que apesar do espírito jihadista ainda somos o melhor povo do mundo (se retirarmos os lampiões), como disse o então ministro…Vítor Gaspar.
Mas no meio das centenas de comentários que a publicação de Somsen recebeu, houve uma que se destacou.
Foi a do jornalista da TVI, José Gabriel Quaresma, que sugeriu ao seu amigo que colocasse uma bomba no avião.
Será a isto que me refiro quando falo na dicotomia...liberdade de imprensa vs bom-senso?
Não. Isto é pura palermice. Daquela mesmo genuína.
O que pode levar uma criatura mediática, com responsabilidade e visibilidade evidentes, publicar uma sugestão desta natureza?
Palermice genuína.
Nem sequer se pode assacar ao seu lampionismo tal comportamento, pois basta visitar as páginas de alguns lampiões mediáticos para se verificar que só um idiota pode sugerir que se coloque uma bomba num avião com sportinguistas.
Só mesmo um grande idiota pode sugerir que o seu amigo Somsen coloque uma bomba no avião onde o próprio vai viajar.
Perante as ameaças que entretanto recebeu, José Gabriel Quaresma pediu desculpas públicas e lamenta que as pessoas não tenham percebido que tudo não passou de uma piada.
Vou experimentar fazer uma piada “à la Quaresma”:
-Os lampiões vão jogar contra o Moreirense. Espero que o autocarro caia por uma ravina.
Hmm…mesmo com lampiões envolvidos, acho que o humor de J.G.Q. não funciona.
O jornalista da TVI disse também que “ As pessoas que me conhecem sabem que jamais diria ou pensaria aquilo.”
Eu sou dos que não te conheço, felizmente, mas há uma coisa que não percebo.
Jamais dirias ou pensarias aquilo?
Mas…disseste!!
Ahhhh, mas não pensaste!!
Lampião típico.
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