Esta noite mal pude dormir.
Dei voltas e mais voltas na cama, mas não me saía da cabeça o corte de
relações institucionais entre Sporting e lampiões que o nosso clube,
unilateralmente, decretou.
Todos sabemos que, independentemente de termos mães, pais, amigos(as),
namorados(as), maridos, mulheres, filhos(as), tios(as), avôs, avós, patrões ou,
até, algum animal de estimação que seja sócio ou adepto do clube rival, e que
tenhamos por alguns deles um intenso amor por força das circunstâncias, nada
será como antes se não mantivermos relações institucionais com o clube da roda
da bicicleta.
É verdade que nunca morremos de amores pela generalidade dos seus adeptos
(e vice-versa).
É verdade que nunca morremos de amores pela arrogância que por vezes
demonstram.
É verdade que nunca morremos de amores por terem alterado a data de
fundação.
Apesar de todas estas e outras verdades e de todas as diferenças que
sempre nos distinguiram, talvez fosse mais bonito manter as aparências e, tal como
numa relação condenada ao divórcio, os responsáveis pelas instituições mantivessem
o sorriso de circunstância e, talvez, até fossem vistos juntos em iniciativas
públicas a trocar apertos de mão.
Seria mesmo bonito que tudo pudesse continuar como até aqui.
Os rivais podiam, até, continuar a aliciar telefonicamente atletas de
uma modalidade do Sporting para mudar para o outro lado, desde que esta prática
não beliscasse as aparências.
Ou, quem sabe, convencer atletas de uma outra modalidade para fazerem
um ano como individuais para no ano seguinte aparecem com a roda de bicicleta
ao peito, passando por cima de acordos estabelecidos.
Nenhuma destas e de tantas outras práticas que podem corroer a confiança
justificam medidas drásticas e que lesam a boa imagem do clube.
Não me conformo com o corte de relações e aposto que hoje terei mais
uma noite mal dormida.
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