Tudo está bem quando acaba bem?
Para mim, definitivamente, não!!
Não consigo pensar no jogo de ontem e cingir-me apenas ao resultado.
Diria até que é muito mais fácil revoltar-nos contra o estado obsceno da
arbitragem e para o rumo de mais um campeonato manchado de vergonha na hora da
vitória do que, como é hábito, após o desespero de mais alguns pontos perdidos.
Por isso fiquei pouco disponível para comentar o fabuloso golo de Nani,
a exibição conseguida dos nossos laterais, o oportunismo de Tanaka ou os bons
momentos colectivos na 2º parte.
A vitória é um pequeno rebuçado para adoçar a boca após mais um
amaríssimo banquete que nos foi servido.
Perante mais de 42 mil testemunhas in
loco e uns milhões pela tv, o árbitro Jorge Tavares não se coibiu de realizar
mais uma exibição despudorada em pleno covil do leão.
Pouco me interessa se o comentador José Nunes deu cartão verde ao
árbitro, considerando não ter tido erros de relevo, na sua habitual análise aos
intervenientes na Antena 1.
Parece-me que toda a gente pôde observar o que se tentou cozinhar,
mesmo que desta vez os atletas do Sporting tenham conseguido apagar o fogo.
Nem seria necessário reportar-me àqueles pequenos erros que vão
minando a confiança dos jogadores e a paciência dos adeptos. Basta recordar o
penálti e consequente expulsão do jogador gilista logo aos 15 minutos de jogo,
o amarelo a Tobias por um corte limpo ou o grosseiro erro arbitral numa
reposição rápida de William que, em vez do cartão amarelo ao jogador Yazalde
por dificultar esta acção, ainda proporcionou ao Gil Vicente a sua única
oportunidade de golo.
E, de facto, se esse golo acontece poderíamos estar hoje a chorar a
perda de mais pontos.
Os media diriam que o
Sporting tinha inclusivamente em risco a Pré-eliminatória da Champions.
Os adeptos ficariam revoltados mas acabariam dividindo
responsabilidades por jogadores, treinador e estrutura directiva.
Tem sido à conta destes “pequenos” erros que tem sido escrita a
história deste campeonato.
Como se já não bastasse a pouca vergonha que aconteceu uma vez mais no
jogo do líder do campeonato!!
Mas, mesmo considerando que o momento para agitar a bandeira da
revolta deve ser após uma vitória, questiono-me se vale a pena continuar nesta
cruzada contra a mentira.
Foi assim durante mais de 30 anos de consulado portista, e os resultados
são os que se conhecem.
De que serviu o clube e os seus adeptos terem feito luto…terem
mostrado toda a sua indignação…terem protestado…terem calado…terem denunciado??
O embuste continua instalado, e apenas mudou de protagonistas.
Os adeptos encarnados, que nessas décadas de Calheiros ou Martins dos
Santos tentavam juntar a sua à nossa voz de protesto, agora adoptam a mesma
postura autista (com todo o respeito para quem padece este distúrbio) que
caracterizou o adepto portista durante décadas. Ambos alheiam-se da realidade e
manifestam um comportamento (e discurso) repetitivo, e só se conseguem focar no
objectivo alvo.
É inútil tentar chamá-los à razão.
Não reconhecem o mal que afecta o futebol e vivem extremamente felizes
face ao sucesso que as vitórias lhes proporcionam.
Na sua mente distorcida, nós é que vivemos uma ilusão.
Sinceramente, estou cansado de assistir a este espectáculo degradante
que dá pelo nome de futebol.
Eu sei que não serve de nada acomodar-me, resignar-me, mas por vezes
conseguem vencer-nos pelo cansaço. Como quando nos torturam o tempo suficiente
para resignarmos e abdicarmos da nossa dignidade.
Ontem mesmo disse Rui Santos, no programa Play-Off, relativamente aos
erros sucessivos que têm beneficiado a lampionagem:
“Não gosto de ver as equipas
ganhar desta maneira assim. Acho tudo uma mentira”.
E é por esta mentira que muitos adeptos continuam a sofrer, e outros
tantos a pagar para ver.
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