segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mérito ao Ricardo


Hoje, terminado o sofrível jogo com o Paços de Ferreira, Sá Pinto pediu paciência porque, estranhamente, os adeptos parece que querem resultados após uma semana de trabalho e 2 jogos, enquanto Domingos (ou o "seu" Sporting) tiveram direito a 8 meses de trabalho sem tantos assobios.
Apesar de não compreender demasiadas opções individuais de alguns jogadores, bem como outras tantas opções colectivas, quer-me parecer que nos poucos treinos que o nosso treinador deve ter ministrado, a filosofia incutida passa por maior posse de bola e tentar impor o ritmo de jogo.
Acontece que, quando temos alguns jogadores nucleares em franca má forma, deve ser extremamente complicado refazer a orgânica da equipa.
Quando os patinhos feios André Santos e Pereirinha voltam a ser, provavelmente, as melhores unidades leoninas, na meia hora que actuaram, se bem que a estes podemos juntar a parte final de Elias, penso que isto diz muito do Sporting actual.
A referida predilecção de Sá Pinto pela gestão do jogo começa no sector defensivo, só que tanto Onyewu como Polga (principalmente este) estão longe de estar talhados para semelhantes tarefas. Um calafrio percorre a espinha de todos quando o brasileiro tem a bola nos pés. Se além disso ainda tiver que trocar bolas com o guarda-redes e os companheiros da defesa, para atrair o adversário e desmontar a teia defensiva, parece-me um risco demasiado elevado para os corações já debilitados dos sportinguistas.
O meio campo, que no início da época todos julgávamos ir ser o motor da equipa, está definhado e inconsequente. O já referido Elias parece que só nas partes finais dos jogos ganha novo fôlego e sobressai pela capacidade física e entrega, mas até esses últimos suspiros do jogo é mais um que anda perdido em movimentações inócuas. Schaars talvez tenha sido, dos que actuaram os 90 minutos, o que teve uma exibição mais homogénea, o que não quer dizer que tenha sido relevante. No entanto, também não comprometeu nas suas acções.
Rinaudo, que saiu tocado, tal como o defesa americano, teve uma noite longe do fulgor de outros tempos, que quase me parecem saídos de um sonho.
Carrillo, parece andar sempre em saltos altos, pois parece querer adornar cada lance, quando muitos deles pedem galochas ou botas de biqueira de aço. 
Izmailov ainda deve estar em pré-época, e apesar do joelho não parecer ressentir-se do sofrimento por que tem passado, o futebol a que nos habituou ainda só e possível ver no Youtube.
Wolfswinkel é mais um para study case. Não é por falhar uma grande penalidade que o coloco na galeria das grandes decepções actuais, mas porque é raro, desde há muito tempo, ter acções em campo bem sucedidas.  Salvas as respectivas diferenças, quase que me apetece comparar o holandês a Postiga, pois quase todas as suas acções são improdutivas logo que toca na bola. A má recepção ou a abordagem inicial ao lance abortam invariavelmente os ataques leoninos, pelo que se está a tornar num grande empecilho ofensivo. 
Preferia ter um avançado que não se esfalfasse na pressão ao portador da bola, mas que estivesse em condições de interpretar os lances ofensivos com o cérebro bem oxigenado. 
Resumindo, apesar da crítica implícita que faço à equipa, na sua generalidade, e a alguns jogadores em particular, não consigo conceber que durante o jogo se crie um ambiente hostil à equipa, em sua própria casa. Até compreenderia que no final do jogo se fizesse ouvir algum desagrado pela qualidade do futebol apresentado, mas parece-me que intranquilizar uma equipa que corre sobre brasas, para mais quando parece ter instruções para jogar de um determinado modo, não será a melhor solução para a melhoria que pretendemos.
Essa, tem que passar por elevar os índices de confiança, e isso vai-se conseguindo com vitórias, nem que seja com golos de Ricardo...Pinto. O Sá, esse, que vá levando a água ao nosso moinho.

P.S. Já dizia o Mourinho na semana passada. Quando o Barça faz o tiki-taka, são aplaudidos e elogiados, quando o Real troca a bola, é assobiado em casa. Pois é, Zé, como te compreendo (salvo as respectivas diferenças).

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