Hoje, terminado o sofrível jogo com o Paços de
Ferreira, Sá Pinto pediu paciência porque, estranhamente, os adeptos
parece que querem resultados após uma semana de trabalho e 2 jogos,
enquanto Domingos (ou o "seu" Sporting) tiveram direito a 8 meses de
trabalho sem tantos assobios.
Apesar
de não compreender demasiadas opções individuais de alguns jogadores,
bem como outras tantas opções colectivas, quer-me parecer que nos poucos
treinos que o nosso treinador deve ter ministrado, a filosofia incutida
passa por maior posse de bola e tentar impor o ritmo de jogo.
Acontece
que, quando temos alguns jogadores nucleares em franca má forma, deve
ser extremamente complicado refazer a orgânica da equipa.
Quando
os patinhos feios André Santos e Pereirinha voltam a ser,
provavelmente, as melhores unidades leoninas, na meia hora que actuaram,
se bem que a estes podemos juntar a parte final de Elias, penso que
isto diz muito do Sporting actual.
A
referida predilecção de Sá Pinto pela gestão do jogo começa no sector
defensivo, só que tanto Onyewu como Polga (principalmente este) estão
longe de estar talhados para semelhantes tarefas. Um calafrio percorre a
espinha de todos quando o brasileiro tem a bola nos pés. Se além disso
ainda tiver que trocar bolas com o guarda-redes e os companheiros da
defesa, para atrair o adversário e desmontar a teia defensiva, parece-me
um risco demasiado elevado para os corações já debilitados dos
sportinguistas.
O meio campo, que no
início da época todos julgávamos ir ser o motor da equipa, está
definhado e inconsequente. O já referido Elias parece que só nas partes
finais dos jogos ganha novo fôlego e sobressai pela capacidade física e
entrega, mas até esses últimos suspiros do jogo é mais um que anda
perdido em movimentações inócuas. Schaars talvez tenha sido, dos que
actuaram os 90 minutos, o que teve uma exibição mais homogénea, o que
não quer dizer que tenha sido relevante. No entanto, também não
comprometeu nas suas acções.
Rinaudo,
que saiu tocado, tal como o defesa americano, teve uma noite longe do
fulgor de outros tempos, que quase me parecem saídos de um sonho.
Carrillo,
parece andar sempre em saltos altos, pois parece querer adornar cada
lance, quando muitos deles pedem galochas ou botas de biqueira de aço.
Izmailov
ainda deve estar em pré-época, e apesar do joelho não parecer
ressentir-se do sofrimento por que tem passado, o futebol a que nos
habituou ainda só e possível ver no Youtube.
Wolfswinkel
é mais um para study case. Não é por falhar uma grande penalidade que o
coloco na galeria das grandes decepções actuais, mas porque é raro,
desde há muito tempo, ter acções em campo bem sucedidas. Salvas as
respectivas diferenças, quase que me apetece comparar o holandês a
Postiga, pois quase todas as suas acções são improdutivas logo que toca
na bola. A má recepção ou a abordagem inicial ao lance abortam
invariavelmente os ataques leoninos, pelo que se está a tornar num
grande empecilho ofensivo.
Preferia
ter um avançado que não se esfalfasse na pressão ao portador da bola,
mas que estivesse em condições de interpretar os lances ofensivos com o
cérebro bem oxigenado.
Resumindo,
apesar da crítica implícita que faço à equipa, na sua generalidade, e a
alguns jogadores em particular, não consigo conceber que durante o jogo
se crie um ambiente hostil à equipa, em sua própria casa. Até
compreenderia que no final do jogo se fizesse ouvir algum desagrado pela
qualidade do futebol apresentado, mas parece-me que intranquilizar uma
equipa que corre sobre brasas, para mais quando parece ter instruções
para jogar de um determinado modo, não será a melhor solução para a
melhoria que pretendemos.
Essa, tem
que passar por elevar os índices de confiança, e isso vai-se conseguindo
com vitórias, nem que seja com golos de Ricardo...Pinto. O Sá, esse,
que vá levando a água ao nosso moinho.
P.S. Já dizia o Mourinho na semana passada. Quando o Barça faz o tiki-taka,
são aplaudidos e elogiados, quando o Real troca a bola, é assobiado em
casa. Pois é, Zé, como te compreendo (salvo as respectivas diferenças).
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