Neste que é o período mais conturbado da época, desde o respeitável
incógnito adepto ao notável sportinguista (e não só) vieram a terreiro
emitir a sua opinião sobre o expectável mas/e surpreendente
despedimento de Domingos.
Todos nós temos personalidades díspares,
todos nós temos direito a emitir opinião. Uns fervem em pouca água,
outros nem sequer fervem.
No entanto, parece-me que muitos dos
recentes críticos do futebol que a equipa vinha
praticando, ocupam as primeiras posições na barricada contra o poder
instituído.A culpa não pode morrer solteira, e se há poucas horas a
culpa era repartida entre equipa técnica e direcção, agora parece ter
como único responsável a cabeça bicéfala da direcção vigente.
Com
mais esta crise que se refastelou em Alvalade (porque instalada já ela
estava) os habituais defensores de todo e qualquer treinador que seja
despedido saltaram a terreiro. Agora,parece que urge defender Domingos e
voltar a colocar em causa a direcção. Muitos destes eram, até há pouco,
críticos ferozes do futebol de Domingos.
Acredito que a culpa
também more nas esferas dirigentes mas, esses, têm o direito de decidir,
pois para isso foram eleitos. A questão de ser reiterada a confiança à
equipa técnica, com juras de amor ou com palmadinhas nas costas,
sabemos, são as habituais artimanhas tão pródigas no futebol, das quais
nos podíamos desviar mas, contudo, não somos precursores.
Claro
está que os treinadores, tal como algumas direcções, estão e estarão
dependentes de resultados. O Sporting tem sido um cemitério de
treinadores porque, obviamente, tem sido dos 3 grandes o que menos tem
ganho. As (poucas) épocas em que o Porto não obteve os resultados
esperados, a chicotada chegou a ser em dose dupla (2004/05) e o Benfica
tem sempre um percurso muito similar ao nosso, quando os resultados não
aparecem. Nos recentes 4 anos em que ficámos com Paulo Bento em 2º
lugar, o Benfica trocou invariavelmente de treinador. O nosso actual 5º
lugar permitiria esperar quanto tempo mais?
O que está em causa,
em primeiro lugar, é o futuro imediato do Sporting. Não sei, como
ninguém saberá, se esta troca trará melhoras ao doente futebol leonino
ou, em última instância, se melhorará os resultados que se estavam a
suceder. No entanto, convenhamos, era necessário fazer alguma coisa.
Dirão
que a corda partiu pelo lado mais fraco mas, o responsável pelas
nuances técnico-tácticas é precisamente o treinador e a sua equipa
técnica.
Parece-me, logo à partida, que a "chicotada psicológica"
servirá para ganhar tempo em relação aos adeptos, que estariam
preparados para começar a cruzada contra Domingos. A recente recepção no
aeroporto, com G.Lopes e Domingos a serem os mais visados, já davam a
entender que o treinador perdera, de vez, o seu cartaz em Alvalade.
Também
me parece que, muita da discordância nesta saída, prende-se mais com o
temor de o ver partir para o Porto do que pelo sentimento de perda.
Pela
minha parte, apesar de ter apreciado, como todos nós, o razoável começo
de época e de admirar a sua postura serena e educada, recebi a sua
contratação com pouco entusiasmo pois nunca apreciei o futebol que o
Braga praticava no tempo de DP.
Quanto à ascensão de Sá Pinto a
treinador principal, é em tudo semelhante à promoção de Paulo Bento.
Contudo, pequenas diferenças podem marcar esta réplica, e não me refiro
ao penteado.
Logo à partida, Sá Pinto é possuidor do nível que lhe permite
encarar este desafio, enquanto PB teve que andar escudado em Carlos
Pereira, enquanto frequentava o respectivo curso.
A experiência
adquirida também parece favorável a Sá Pinto, mesmo que ambos os
percursos tenham sido, até chegar a treinador principal do SCP,
demasiado curtos. O recém eleito treinador teve, inclusivamente, uma
passagem como adjunto no U.Leiria, enquanto PB só teve a experiência com
os juniores antes de abraçar o seu trajecto como treinador principal.
Os
primeiros tempos de PB foram bem mais entusiasmantes que a parte final
do seu reinado, pelo que a inexperiência inicial pareceu melhor
conselheira que a experiência adquirida. Sá Pinto, parece-me, terá uma
filosofia bem mais positiva e menos pragmática que a de PB mas, tal como
o actual seleccionador, estará sempre dependente da bola que entra, ou
não.
Agora, não repitam juras de amor, nem o apelidem como o nosso Ferguson, porque o tempo acaba por desmentir os desbocados.
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