Desde
há umas semanas a esta parte, é quase impossível auscultar a
actualidade leonina sem ter que chocar de frente com a renovação de
Jesualdo.
Compreende-se que assim seja, tal como faz parte de outras agendas a continuidade de Vítor Pereira ou Jesus, como mero exemplo.
Pela
parte que nos toca, quer-me parecer que o dossier não será pacífico nem
consensual, porque Jesualdo também não é consensual.
Quando
finalmente está a chegar ao fim esta miserável época, os dedos
acusadores apontarão, sem margem de dúvidas, para a anterior direcção
encabeçada por Godinho Lopes, para os mentores do plantel (Carlos
Freitas e Duque), para os treinadores chicoteados (Sá Pinto, Oceano e
Vercauteren) e, claro está, para os jogadores, que foram os trolhas
desta obra tão mal engendrada.
Quem parece estar a escapar entre os pingos da chuva é Jesualdo, por razões aparentemente lógicas.
Não
foi ele quem escolheu o plantel, apanhou um barco completamente à
deriva, a equipa sofria uma depressão profunda, a direcção que o
escolheu naufragou, já para não falar do contributo inestimável de
algumas arbitragens que foram autênticos tiros no porta-aviões.
Por
estes e mais alguns motivos, Jesualdo coleccionou indefectíveis
defensores, mesmo junto de quem criticou a sua escolha inicial.
Contudo,
há uma minoria que lhe aponta o dedo acusador por não ter conseguido,
nas largas jornadas à frente da equipa, uma classificação que não nos
enchesse de vergonha.
E também esses não estarão tão errados assim.
Claro
está que as atenuantes do (ainda) nosso treinador pesam toneladas, mas
os números relativos à miserável época são elucidativos.
Duvido
que haja algum sportinguista que não esteja por dentro dessa
contabilidade, mas caso haja algum distraído, pode constatar o que foram
as 13 primeiras jornadas, sem Jesualdo, e as 16 seguintes, com o
veterano técnico no comando.
Claro
está que nesta complexa contabilidade não figuram, por exemplo, os
pontos que nos foram meticulosamente gamados, e que talvez nos
catapultassem para aqueles lugares a que estamos habituados, mesmo que
não lutássemos pelo título.
Mas o certo é que, na frieza dos números, é possível constatar que apesar de Jesualdo y sus muchachos
terem conseguido arrancar-nos do pesadelo que vivíamos no primeiro
terço da época, as contas (quase) finais acabam por não justificar a
euforia em redor do treinador.
Com
JF à frente, a equipa conseguiu 8 vitórias, 3 empates e 5 derrotas,
números que não me impressionam, para mais se pensarmos que algumas
dessas derrotas tiveram como carrasco Estoril, Paços, Rio Ave ou
Marítimo, só para referir os resultados mais negativos.
Não
sei qual será o futuro do técnico, mas apesar de saber da importância
da continuidade de um trabalho que começou tarde e a más horas, não
considerarei uma catástrofe se este não continuar em Alvalade.
É
que, para lá da contabilidade, não me conseguirei esquecer de alguns
deprimentes espectáculos na época em curso, tenham sido eles antes ou
depois de Jesualdo.
Se
eventualmente ficar, irei desejar-lhe toda a sorte do mundo, e
esperarei que a qualidade e a quantidade (de pontos) estejam ao nível de
um clube como o Sporting.
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