sexta-feira, 21 de junho de 2013

O dia e a noite

É inevitável que os nossos olhares incidam hoje no jogo da selecção nacional de sub20, que inicia a sua participação no Mundial da Turquia.
Obviamente, a nossa maior atenção irá recair nos jogadores do Sporting que irão dar o seu contributo, com a natural curiosidade de ver o estado de forma e as reais possibilidades de alguns se poderem impor na equipa principal na próxima época.
Na lista surgem, de modo natural, Esgaio, João Mário e Bruma.
Ilori...nem por isso. 
O seu futuro continua incerto, mas as notícias continuam a apontar para um aparente divórcio. Talvez por este motivo, uma publicação divulga hoje que o jogador está deprimido.
Divórcio...depressão...confere.
O jornal avança mesmo a possibilidade do central não ser titular no jogo de hoje, com naturais reflexos na sua (des)valorização que não irá ao encontro dos interesses de nenhuma das partes.
Acho curioso que o jogador tenha um tal estado de alma, quando tem contrato em vigor válido até 2015.
O jovem, de dupla nacionalidade, parece ter herdado dos portugueses o seu espírito de conquista e descobertas, e demonstra querer embarcar numa aventura, ainda imberbe.
Ilori que, recorde-se, é o jogador mais rápido de sempre nos testes de velocidade realizados na Academia de Alcochete, superando os anteriores recordistas, Yannick, Nani e Cristiano Ronaldo, quer também bater estes na velocidade com que sai de Alvalade.
Curiosamente, Eric Dier, o outro central oriundo da formação, aparece na mesma publicação, mas o contraste entre ambos é evidente.
Um é o dia, o outro a noite.
Ler as palavras optimistas, realistas e maduras do jovem de 18 anos, contrasta com o mutismo depressivo do que devia ser mais crescidinho mas, também ele, deverá estar sob alçada da censura do seu empresário.
De qualquer modo, nota-se na prosa de Dier que a família deve ser um pilar importante na sua postura equilibrada.

“Qual era o seu objectivo quando pediu para ser cedido ao Everton?
Foi difícil para mim porque na altura houve complicações do Sporting, na equipa onde eu jogava. Sentei-me com os meus pais e eles perceberam que me estava a perder. Estava a comportar-me de uma forma que não era normal para mim, estava a cair, a sair da linha que tinha traçado. Os meus pais perceberam-no e graças a isso falaram comigo e disseram que achavam melhor dar espaço a uma mudança. Era mesmo isso que precisava. Foi o mais certo.”


Por entre conselhos aos seus (ainda) colegas Bruma e Ilori, e reflexões várias, pode destacar-se uma das passagens:

"Gostava de ver o seu contrato melhorado?
Compreendo que o Sporting esteja numa situação difícil neste momento, sobretudo a nível financeiro. Mas acho que pelo que fiz esta época, talvez merecesse um pouco mais. No entanto, estou contente com o que tenho. Não é o dinheiro que me faz feliz. Só quero melhorar cada vez mais, enquanto jogador. Ainda tenho muitos objectivos por concretizar e não é o dinheiro que me vai ajudar a alcançar essas metas.”

Na realidade actual, não só ao nível desportivo mas transversal a toda a sociedade, onde os interesses monetários sobrepõem-se a todos os outros valores, ouvir estas palavras de um adolescente soam a música.
Talvez por isso é que a Dier lhe é apontado um estatuto de líder, enquanto outros não passam de meros carneiros no rebanho.
Dier, provavelmente, seguirá o seu caminho de crescimento gradual e de forma sustentada, perante o olhar de carneiro-mal-morto de outros.



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