Dos
21 convocados da selecção Nacional de Sub20, que vai disputar o Mundial
da Turquia, a esmagadora maioria tem carimbo Made in Academia.
Rafael
Veloso, Ilori, Mica, Edgar Ié, Agostinho Cá, João Mário, Esgaio, Bruma e
Ricardo já vestiram a verde e branca. Praticamente uma equipa.
Contudo, alguns já perderam o vinculo ao clube, e ainda a procissão vai no adro.
Já só restam cinco, e um deles também está com um pé do lado de fora.
Como foi possível desbaratar anos de trabalho, em troca de uns sacos de amendoins ou por simples incompetência?
No
entanto, desde que foi divulgada a lista de convocados, muitos
sportinguistas se interrogam ou indignam pela ausência de Betinho,
ponta-de-lança leonino.
Eu sou desconfiado, mas tento acreditar que Edgar Borges só quer o melhor para os interesses nacionais.
Os treinadores são soberanos e, à partida, íntegros e isentos.
No
entanto, se nos lembrarmos da ausência de Moutinho no Mundial da África
do Sul, preterido por um qualquer Ruben Amorim e, passado dois meses,
já depois de mudar de camisola, dá-se o seu regresso à selecção com o
mesmo seleccionador, faz-nos levantar muitas interrogações acerca dos
interesses instalados.
Os que simplesmente conversamos no café sobre o desporto-rei, pouco ou nada sabemos da grande teia que envolve o nosso futebol.
Por
mero acaso, também numa simples conversa de café, soube de casos
inacreditáveis envolvendo a arbitragem, com nomes mais ou menos
conhecidos.
Casos
contados na 3ª pessoa mas dos quais não duvido, porque os
intervenientes são do círculo íntimo dos que me contaram as histórias.
Um deles referia-se a um ex-árbitro internacional, e metia muita fruta.
Provavelmente,
o que me foi dado saber são histórias para adormecer crianças, se
comparadas com as muitas que têm ocorrido ao longo dos anos.
Por falar em histórias estranhas, no programa "Tempo Extra" deste Domingo, Rui Santos abordou um dos
casos que ele considerou como tendo sido uma das referências do
campeonato.
Referia-se
ao penalty cometido por um defesa maritimista no jogo com o Benfica, logo aos 4 minutos de
jogo, numa entrada desmiolada que Rui Santos considerou, no mínimo, estranha.
Quem viu a arbitragem de Capela, na semana anterior, deixou de acreditar em coincidências.
Neste
campo da pulga atrás da orelha, também posso citar alguém por quem
nutro alguma simpatia, ou não fosse ele meu conterrâneo, e que sempre
demonstrou uma diferente maneira de estar, no peculiar futebol
português.
Sente que o seu país reconheceu o seu trabalho?
...
Eu afrontei sempre o poder maléfico e corrupto instituído no futebol em
Portugal. Tentaram tudo para me prostituir, tentaram derrotar-me,
tentaram comprar-me, mas nunca o conseguiram....Acabei por criar uma
série de anticorpos, principalmente no poder instituído e que é um poder
maligno.
Estas palavras são do treinador Manuel José, que saberá algo mais do que meras conversas de café.
Eu
sei que para lá do poder maléfico e corrupto, também muitos adeptos não
gostam dele, mas confesso que aprecio algumas das suas intervenções.
Nunca
ouvi da boca de Manuel José a assumpção da sua cor clubista mas
acredito que, entre ter ido jogar com 16 anos para o Benfica e ter um
pai (que eu conhecia pessoalmente) que era um doente sportinguista,
sempre de radio colado ao ouvido quando o Sporting jogava...a herança
familiar deve ter falado mais alto.
Claro
está que não concordo com tudo o que o treinador debita, mas desta
recente entrevista, concedida no final de Maio ao Jornal do Algarve,
retiro mais 3 curiosidades.
Pondera voltar ao futebol português?
Não, é difícil. Quero treinar um grande clube e o meu espaço nos clubes grandes portugueses acabou. Também vejo a minha idade...É que eu não pinto o cabelo e sei perfeitamente a idade que tenho."
Aceitava treinar o Porto?
Com o actual presidente não.
Com o actual presidente não.
Porque é que acha que não há talentos?
Porque
não se faz formação, mas sim equipas para ganhar títulos. E a culpa é
dos clubes. Os treinadores, por necessidade de ter emprego, fazem
equipas para ganhar títulos e não para formar jogadores. Não digam que
há formação. Eu não posso ver uma equipa de miúdos de oito anos a jogar
como se fossem adultos. Naquela idade ainda nem sequer está definida
qual é a melhor posição que se adapta melhor às suas características.
...
Em termos de futuro, vamos ter um grande problema no futebol em Portugal.
Porque as conversas são como as cerejas, mas também como as pescadinhas de rabo na boca, esta crónica começa e acaba com os jovens da formação, desta feita com as palavras de Manuel José como pano de fundo.
Tal
como ele, não estou muito confiante num futuro risonho, mesmo que a
maioria julgue ser um sacrilégio criticar o trabalho da Academia e
ataque quem pensa de modo diferente.
Para
alguns, qualquer jogador saído de Alcochete, chame-se Pereirinha,
Carriço, André Marques, Tiago Pinto ou Saleiro, tem um valor
incontestado.
Poderia mencionar ainda dezenas de vítimas da natural triagem que ocorre todos os anos, mas os seus nomes nem sequer seriam reconhecidos.
A maioria, joga em divisões secundárias ou em clubes de nome impronunciável.
A maioria, joga em divisões secundárias ou em clubes de nome impronunciável.
Nos
últimos anos fomos obrigados a apostar na prata da casa, ao invés dos
rivais, por questões meramente financeiras, mas que tenhamos ainda uma
formação reconhecida, não é sinónimo de um trabalho sem mácula.
Tivemos Ronaldo (e também Figo e Simão, ainda numa outra fase)...Nani, Moutinho...e poucos mais com expressão incontestável.
Quaresma,
Veloso, Carlos Martins, Varela, Hugo Viana, Custódio...foram alguns dos
muitos formados no clube que atingiram um patamar elevado, mas os que
emigraram provaram que o seu valor tinha limitações.
Aparentemente,
esta nova fornada que tem como maiores referências os jogadores que vão
ao mundial da Turquia, tem uma qualidade acima da média, mas iremos
ver, em confronto com outras realidades, se o orgulho na nossa academia é
ou não justificado.
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