Sunil
Chhetri ganhou ontem aos pontos, nas conversas de fim de tarde dos
sportinguistas e outros interessados pela temática do pontapé na bola.
Tive
oportunidade de fazer uma pequena crónica satírico-humorística logo que
tive conhecimento da vinda do jogador, mesmo que alguns sportinguistas
demasiado arreliados com a vida se tenham sentido logo incomodados com o
facto de podermos rir de nós próprios, num sentido lato.
Hoje,
mais refeito da surpresa, continuo com a convicção (para não dizer
certeza) que tudo não passa de uma jogada de marketing, esperemos que
bem sucedida, mesmo que se esteja a jogar também no campo dos
sentimentos. É que o jogador em causa vem imbuído de um espírito de
missão e amor-próprio que pouca afinidade deve ter com a vertente
mercantilista do negócio.
Esta
especiaria que irá desembarcar na equipa B faz abrir o apetite a alguns
mais optimistas mas o histórico do jogador não é para grandes ilusões.
Já
ontem referi que a idade do jogador é um obstáculo, mesmo que os 28
anos feitos quando começar a competir sejam a idade ideal para um
futebolista com um percurso normal. No caso de um atleta sem experiência
competitiva de relevo será pouco provável que o vejamos ao nível
pretendido por todos nós. O currículo do jogador conta com passagens por
uma série de equipas indígenas bem como uma experiência pouco sucedida
nos Estados Unidos, onde só fez dois jogos com os Kansas Wizards, bem
como alguns testes que realizou sem sucesso no Coventry, Queens Park
Rangers e Glasgow Rangers.
Aliás,
o Tio (prof.) Neca, treinador com experiência após passagem por terras
do Oriente já teve oportunidade de se referir ao negócio:
"Se ele tivesse 20 ou 22 anos, poderia ser, no futuro, um jogador
com potencial para a equipa principal do Sporting. No entanto, com 27
anos, penso que já queimou algumas etapas e, assim, não terá hipótese de
ser mais-valia para a equipa principal leonina.Contudo, o
futebol é composto por duas vertentes. Para além da desportiva exista a
comercial e, nesta segunda, o Sporting apostou bem".
Estas
apostas com vertentes comerciais não são nenhuma inovação, e a ideia de
Futre no chinês já tinha como base experiências bem sucedidas por
clubes ingleses e italianos.
Há
muitos exemplos nos quais poderia pegar mas o mais curioso, por ter
sido um jogador contratado sem qualquer intuito desportivo foi o de
Saadi, filho do ditador líbio Muammar Khadafi.
O
jogador talvez não se tenha valido do apelido para conseguir contrato
com o Perugia, mas mais provavelmente do dinheiro que abundava na
família e estado líbio.
De
clubes quase desconhecidos da capital Tripoli,
Saadi Khadafi deu o salto inesperado para o Perugia, na condição de
jogador/investidor.
O dinheiro levou-o também à Udinese e Sampdoria.
Vidigal, que jogou com o tosco jogador na Udinese na época de 2005/2006 chegou a contar algumas excentricidades:
"Um dia, estávamos a treinar quando chegou um
helicóptero
e aterrou mesmo ali. Era para o levar a uma
festa no Mónaco com o príncipe".
O filho de Khadafi vivia rodeado de
seguranças.
Ficavam à porta do hotel nos estágios, paravam o
trânsito para a equipa passar e não o deixavam dormir com nenhum colega
durante
um estágio.
Saadi não teve uma época
brilhante
ao lado de Vidigal. Apenas por uma vez foi
utilizado na Serie A italiana, quando entrou aos 80 minutos do jogo com o
Cagliari.
Este exemplo de
um não-jogador não visa menorizar o valor de Chhetri que, porventura,
poderá ser um pouco maior que o de Khadafi.
Serve
tão só para ilustrar a política que por vezes tem de ser seguida por
alguns clubes, por forma a driblar algumas dificuldades.
Acredito
que fará parte do contrato que o indiano se vá sentar algum dia no
banco do Sporting ou, inclusive, jogar na Taça da Cerveja, dado que o
vencedor até já está encontrado.
A aposta num atleta do país do cricket e da chamuça pode redundar num fracasso dada a pouca visibilidade do futebol naquele país mas, quem sabe, pode acontecer o contrário e, no negócio, no empreendedorismo pode estar o segredo.
A aposta num atleta do país do cricket e da chamuça pode redundar num fracasso dada a pouca visibilidade do futebol naquele país mas, quem sabe, pode acontecer o contrário e, no negócio, no empreendedorismo pode estar o segredo.
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