domingo, 15 de julho de 2012

Só muda o cheiro


Da extensa entrevista que Carlos Barbosa concedeu ao jornal Record e que hoje foi publicada, pouco mais sei que alguns excertos que foram disponibilizados na versão online da publicação.
Este jornal, a par com os outros dois desportivos, não fazem parte das minhas leituras em papel, pois há largos anos decidi boicotar, sine die, a sua compra.
Já recebi um como prenda de Natal e outro como prenda de aniversário, já li alguns que forravam um conjunto de copos embalados, também li uma crónica numa montra de uma loja em vias de ser trespassada e um ou outro esquecido...ou abandonado numa mesa de café. Nessas condições até sou capaz de os ler,  mas do meu bolso não sai um cêntimo para aquelas almas penadas.
Deste modo, estaria fora de questão adquirir o jornal para saber até que nível baixaria o ex-vice sportinguista, em mais uma cruzada contra os interesses do clube.
Pois bem, pelo que tive oportunidade de ler e ouvir, Barbosa esmerou-se.
Logo à partida foi confrontado com o timing da entrevista e confidenciou que  tinha acordado com Godinho Lopes que só falaria após a final da Taça de Portugal ou no defeso. 
Quanto questionado com a (saudável) opção de não falar, começou a disparar em vários sentidos e o primeiro a levar com um rocket (não confundir com Roquete) na cabeça foi  Dias Ferreira. 
Barbosa afirmou que o ex-dirigente representa o caruncho do Sporting, num sentido lato. Penso que, com mais ou menos caruncho, todos os sportinguistas se poderão rever nesta afirmação, dada a infeliz participação deste personagem em representação do Sporting em programas de índole desportiva. No entanto, o mesmo se aplica a outras intervenções  por pessoas que em nada beneficiam a instituição, chamem-se eles ROC's, PPC's ou Vicentes de Moura desta vida.  
Logo em seguida elogiou o Benfica e a sua gestão e fez referência ao Porto, onde apelidou Pinto da Costa de "Querido líder" (fazendo uma analogia com o norte coreano Kim Jong Il, mas para quem não conheça o desaparecido ditador, poderá ter pensado tratar-se de um elogio).
Resumindo, tivemos oportunidade de ouvir um papagaio falar do caruncho mas ficámos sem saber porque não aproveitou a opção de não falar...a não ser que o pequeno excerto vídeo não tivesse gravado toda a linha de pensamento do ex.
Entre outros assuntos falou das "amadoras" e, sem estranheza, defendeu a extinção de alguma delas:

"Todas as modalidades do Sporting dão dinheiro, menos as três profissionais. Eu, se calhar, já tinha acabado com alguma delas (...) Mas perdoem-me os sócios que gostam do andebol: eu acabava com a modalidade, pelo menos nestes moldes. Não traz nada ao Sporting".
Depois de na campanha eleitoral temos tido um candidato que defendia o fim do futsal, agora vem outro defender o final do andebol. Mesmo que saibamos que a vertente financeira é fundamental, quando se fala da vida de qualquer clube, olhar-se para o símbolo do Sporting e ver-se um cifrão é a antítese de quem conheceu e defende a instituição enquanto maior potência desportiva nacional. 
Claro está que o cenário piora se essa secção não tem o retorno de títulos a que nos devia habituar mas, tal como no futebol, tal devia merecer uma maior exigência e não a simples extinção.
Com políticas desse género, futsal e atletismo, que este ano foram suplantados pelos rivais, serão os próximos alvos para transformar o Sporting num clube de futebol, com as honrosas excepções que consigam gerar receitas.
Não sei nem quero saber o orçamento das modalidades em causa mas, queria saber, isso sim, quantos anos de modalidades significariam um dos flops contratados para o futebol profissional.
Nesta entrevista, Barbosa também voltou a enveredar pela falta de liderança de Godinho Lopes mas esse tema, acredito, poderia dar para páginas e páginas de conjecturas.
No entanto, acho curioso que os únicos modelos a servir como comparação sejam os dos rivais. É que o modelo presidencial não se esgota em Porto e Benfica.
É que já que falamos em comparações, tanto Benfica como (principalmente) Porto  não têm figuras ressabiadas, carunchosas ou sedentas de protagonismo que aparecem constantemente na comunicação social a descobrir a careca das imensas fraquezas que possuem.
A fauna do Sporting é pouco variada e gira à volt de bufos, papagaios e caruncho.
Dado que Barbosa proclama que o Sporting está estagnado diria que, efectivamente, só muda é o cheiro, porque a merda é a mesma!!

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