Depois
de já aqui ter abordado, em tempos, uma entrevista dada pelo nosso
ex-director do futebol, eis que está disponível mais uma mão cheia de
opiniões de Costinha, concedidas a um site desportivo.
Se
por um lado é sempre bom comprovar o sportinguismo de alguns agentes
desportivos, por outro é com curiosidade que leio as passagens da
entrevista que nos dizem respeito.
Costinha
construiu a sua carreira fora de Portugal mas o seu sucesso deu-se de
azul-e-branco, por isso são inevitáveis as comparações e as alusões ao
clube nortenho.
Das
diversas abordagens à realidade leonina, a questão Moutinho foi
naturalmente abordada, mas tenho pena que, uma vez mais, não possamos
saber a verdade de alguém que esteve por dentro do processo e podia, de
forma independente, esclarecer os contornos do negócio. Costinha também é
adepto e podia, por momento,s esquecer-se da diplomacia inerente a
determinados (ex-) cargos e ajudar a pôr a limpo um tema que suscitou e
gerou inúmeros comentários mas sem a necessária sustentabilidade.
Do «caso Moutinho», diz Costinha:
"Obviamente
que eu fiquei chateado e triste por ver um jogador com a qualidade do João sair
(...) fomos reforçar o FC Porto (...) é um caso que não passa por mim nem nunca
passou."
«O João não ficou bem na fotografia
porque saiu para o FC Porto, como não fica bem nenhum jogador que sai para um
rival».
«Há uma coisa que é importante que se diga [hesita novamente]
e eu nem sei se deva dizer... [volta a hesitar e olha o horizonte, pela janela,
o mar lá fora num dia de chuva] Eu não criei o caso Moutinho. E penso que não
vale a pena falar desse assunto porque iria ter que falar em coisas
desagradáveis, que não quero, das quais nunca falei e não é agora que ia falar
delas».
Enigmático mas, obviamente, alguém não se portou com a elevação necessária.
Da
extensa entrevista, penso que também são de destacar mais duas
passagens, onde vem uma vez à baila o célebre e recorrente excesso de
transparência...ou protagonismo, que ataca quem serve ou serviu o clube.
Nesta abordagem, Costinha põe o dedo na ferida, uma vez mais, em
relação a dirigentes que reincidem em aparições mediáticas mas, no nosso
caso, esse magnetismo por câmaras e microfones estende-se a
ex-qualquer-coisa-do-Sporting. Assim, Costinha até pode ser confundido
com todos esses, mesmo que as suas intervenções sejam equilibradas,
cautelosas e não ferem os interesses do clube.
«Só
devem mandar duas pessoas: o presidente e o treinador.»
«Não vejo no FC Porto pessoas da direcção
do clube a falar constantemente nos jornais. Não vejo ninguém do FC Porto
atacar os seus treinadores e os seus jogadores. Não vejo situações que se vêm
nos jornais a falar do FC Porto como se vê do Sporting e como do Benfica já não
se vê. Quando há uma liderança de vários anos, as coisas têm por tendência
solidificar. Quando estamos sempre a mudar, as coisas partem daqui, partem
dali, cola-se um bocadinho mas rebenta acolá...»
«Acho que faz falta blindar é o próprio clube. É o clube perceber de
uma vez por todas que só devem mandar duas pessoas: o presidente e o treinador,
para separar o administrativo do desportivo», atira, criticando aqueles a quem
chama «cadáveres», que aparecem para apontar o dedo quando há «um
problema ou um jogo mau».
Por fim, relativamente à equipa de futebol, a opinião do ex-jogador, que vale o mesmo que tantas outras, mas convém registar.
«O
Sporting é um clube que atrai instabilidade porque também se deixa abater por
ela».
«Se Sá Pinto não tivesse competência não teria
sido escolhido. As pessoas podem dizer ´foi cedo demais para o Sporting´. Mas
isso é como a eterna questão dos jogadores que são novos ou velhos para jogar.
O treinador, se é bom, não tem que ter muita ou pouca experiência. Obviamente
que ajuda mas hoje em dia penso que é muito mais importante ser um bom condutor
de homens num plantel, porque tacticamente já está tudo mais que estudado e
visto».
«Sei que o Sporting tem uma grande
equipa, fez um investimento muito forte, tem jogadores com qualidade mas ela
não aparece no campo. A relação qualidade / jogo ainda não apareceu mas se nós
já à quarta jornada queremos crucificar alguém...!!
Penso que é preciso dar tempo
às pessoas e depois decidir, podem ou não gostar da forma de estar do Ricardo
Sá Pinto, se é bom ou mau treinador...»
«Penso que uma equipa como o Sporting deve jogar sempre ao ataque,
uma equipa grande deve jogar ao ataque».
Claro
está que se deve dar tempo ao tempo mas, penso eu, Sá Pinto ou qualquer
outro, em qualquer clube do mundo, está dependente da frieza dos
resultados. Num clube grande, como é óbvio, não se espera tanto tempo
como num mais habituado a passar largos jejuns de vitórias.
Espero
é que a qualidade exibicional e os resultados positivos tenham um
acréscimo significativo e, já agora (penso não estar pedir muito) que os
que por vezes também contribuem para as crises de resultados deixem em
paz o Sporting, por uns tempos.
É que já deixámos 2 pontinhos na Madeira...e com o Gil Vicente Labyad já provou o que "a casa" gasta.
Assim é mais fácil fabricar crises!!
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