Dizem os mais entendidos que a noite é boa conselheira.
Depois
da semi-desilusão de ontem, pensei que iria acordar completamente recauchutado,
com um vigor próprio de outras idades, a virilidade intacta e com
vontade redobrada que chegue 5ª feira para nos vingarmos do empate dos
Barreiros, vencendo folgadamente o Basileia.
Pois
bem, acontece que quando acordei o céu estava mais cinzento que ontem, o
que só por si já chega para escurecer o dia que esperava radioso.
Ao
ler hoje de manhã que faz hoje 26 anos que o Sporting venceu na
Islândia o Akraness por 0-9, a maior vitória de um clube português a
jogar fora nas
competições europeias, lembrei-me doutros tempos e das inevitáveis
comparações com os actuais dias cinzentos que atravessamos, e que
parecem querer antecipar o Outono.
Ontem,
também os tons alaranjados dessa estação do ano e das camisolas do
Sporting desta época fizeram por merecer melhor sorte durante alguns
períodos do jogo, mas acabaram por cair, lentamente, da árvore que
julgávamos com folhagem ainda verde e vigorosa.
Acordado
para a realidade, lembrei-me que os recordes dos dias de hoje são tristemente
negativos. O pior arranque do século XXI, pode ler-se nalgumas
publicações, assim como temos lido números que envergonham, na última
meia dúzia de anos.
O Sporting dessa longínqua época de 86/87 tinha nas suas fileiras nomes como Jordão, Manuel Fernandes ou Vítor Damas.
Já
tinha começado o consulado do Porto a nível nacional, mas ainda não
havia temor pelos poderosos europeus, como actualmente. Na eliminatória
seguinte fomos eliminados pelo Barcelona, longe dos tempos de Messis e
Iniestas, e demonstrámos ser superiores nos dois jogos.
Ainda
assim, a falta de sorte que parece querer acompanhar-nos já se fazia sentir, e o poder
institucional dos catalães traçaram-nos a sorte e fomos afastados pela
fórmula de golos fora.
Por
essa altura, os azuis e brancos já eram melhores que nós, mas os 10
pontos de diferença no campeonato (onde a vitória valia dois pontos) já tinham a marca
do Costa. Ainda assim, éramos capazes de ombrear com o campeão europeu
dessa mesma época, e portanto com qualquer equipa europeia.
Ainda
estariam para chegar os temores, o pavor, o terror de poder defrontar
Barça, ou Real, entre outros, pós pesadelo de Munique.
O problema de agora é de orçamentos, dizem.
O Guimarães, o Rio Ave e o Marítimo tentaram desmistificar esse argumento, nos tempos mais recentes.
O
Porto, entretanto, tratou de colocar a lógica no seu sítio, depois de
empatarmos em Guimarães, goleando a frágil equipa, que se debate com
imensos problemas internos.
O Rio Ave também ainda só ganhou ao Sporting.
O
Marítimo é, de facto, a equipa mais consistente das referidas, e o
resultado pode ser considerado normal e expectável. Fizemos muito melhor
que no ano passado, pois perdemos os dois jogos com os insulares, para o
campeonato. Na Madeira, Domingos disse mesmo adeus a Alvalade, embora
continue umbilicalmente ligado. Continua a receber o seu ordenado,
enquanto vai vendo os jogos do filho de azul e branco vestido.Foi-se o Domingos mas ainda ficou a Paciência.
Apesar de compreender que muitos adeptos vejam luz onde não existe, o certo é que todos nós somos diferentes, mesmo professando a mesma religião.
Não sou fundamentalista, mas o facto é que os números insistem em dar razão aos mais teimosos, quando nos encontramos na encruzilhada entre esperar e...desesperar.
Apesar dos adeptos sportinguistas poderem pedir meças aos melhores do mundo, é de alguma forma pretensioso da parte dos mais tolerantes questionar a paixão de cada um.
Sabemos que nem sempre a razão está do lado de quem mais grita, mas também pode não estar de quem assiste, impávido.
Depois de uma pré-época abaixo das expectativas, alguns fizeram ver à maioria impaciente que os jogos a sério iriam retirar a carga dramática aos seus anseios. O certo é que levamos 5 jogos oficiais, contra equipas de segunda apanha, e temos uma singela vitória, contra uns simpáticos dinamarqueses que são uma das defesas mais batidas do campeonato local.
A goleada na recepção ao Horsens serviu para mascarar as grandes dificuldades que temos em concretizar, mas eu disse no rescaldo desse jogo que a prova dos nove seria no jogo dos Barreiros. Voltámos a falhar, porque essa dos nove já foi há muito tempo.
Foi contra o Akraness, e desses já não se fabricam.
O pior é que a crise é de golos, de resultados e, em certa medida, de exibições. Não se espera que saiam milhares de pessoas à rua a protestar, como pudemos assistir recentemente, mas a paciência dos adeptos, tal como a dos sacrificados portugueses, está-se a esgotar.
O que vale é que os mais pacientes vão voltar a dizer que a recuperação poderá encetar-se nas próximas recepções ao Gil e Estoril. Como se o Porto não fosse jogar com Beira Mar e Rio Ave, e o Benfica com a Académica e o Paços.
Depois, bem, depois vamos ao Dragão, mas os campeonatos só se decidem no final.
É o que dizem...e o que vale!!
Estás pelos cabelos?
ResponderEliminarTambém eu e já me faltam as palavras para dizer o que me vai na alma.
Como nunca me passou pela cabeça mudar de clube... lá vou cantando e rindo e esperando por melhores dias. Do clube, da equipa e da governação pois não há nada que não nos falhe nesta hora de sufocos para todos os gostos.
Abraços solidários
Cara leoa
EliminarApesar dos sportinguistas serem, por natureza, pacientes e dedicados, este segundo jejum...depois dos famosos 18 anos sem vencer, estão a minar esses predicados.
Se tudo se resumisse a bolas que querem ou não entrar. O problema é que o futebol é pobre, as ocasiões escassas e os golos menos ainda (como é óbvio).
Além disso, as modalidade estão a definhar e a perder a preponderância. O andebol atravessa um jejum tão grande como o futebol e o atletismo entregou o ouro ao bandido, por muitos e muitos anos. Somos notícia por problemas judiciais e olhamos com inveja para os pavilhões e televisões dos rivais.
Enfim, cara leoa, quem me dera que fosse só uma fase de escassez de golos.
SL
Assino por baixo. Se ao menos eles jogassem bem!!!!
ResponderEliminarAbraços