Enquanto escrevo estas linhas, o desenlace pode acontecer.
Parece-me evidente que o iminente divórcio entre BdC e Marco Silva já não
se trata de uma alucinação colectiva.
Apenas se espera pelo anúncio de uma ruptura que não deixará ninguém
indiferente, seja ou não adepto do Sporting.
A única certeza que tenho é a de que o clube, pela mão dos seus
responsáveis, teima em viver eternamente numa encruzilhada.
Quando parece finalmente ter encontrado um caminho a seguir, mesmo que
não seja do agrado de todos, logo há um retrocesso para voltar ao fatídico cruzamento.
Desconheço por completo o que terá levado a este litígio, mas os
motivos serão dirimidos a seu tempo, quando se consumar a separação.
Mas, enquanto espero, dou por mim a pensar que não me recordo de um
braço-de-ferro tão desequilibrado e irracional quanto este.
Por um lado, um presidente que, até há bem pouco tempo, merecia a confiança
da maioria e que parecia ser levado em ombros até onde ele quisesse.
Do outro lado um treinador que, apesar da desconfiança inicial, conseguiu
cativar alguns sportinguistas mais apreensivos.
Estranhamente, ou talvez não, o adepto comum está a virar as costas ao
líder leonino e manifesta o seu apoio a um funcionário do clube que nem sequer professa
a nossa fé.
Apesar de todos já conhecerem a irredutibilidade de BdC, muitos
julgaram que a época natalícia talvez pudesse amolecer uma personalidade vincada
que, por vezes, pode toldar o raciocínio.
Mas o adepto leonino também tem personalidade forte e não deve ser desconsiderado,
sob pena do presidente perder de vez as boas graças, e estas serão fundamentais
se quiser manter o rumo que traçou.
No aspecto meramente desportivo, estou convicto que é impossível que a
alegada saída de Marco Silva esteja relacionada com o percurso da equipa.
O Sporting mantém-se activo em todas as frentes, e um ou outro jogo
menos conseguido não seriam justificação para uma medida drástica.
Não num clube com Inácio na estrutura que, enquanto treinador, conheceu
a sofreguidão do chicote.
Apenas num clube sem uma política desportiva consolidada.
A presente época tem aliás mostrado as duas caras de algumas equipas e
treinadores, que podem demonstrar que há vida para lá de um ou outro resultado.
Leonardo Jardim andou em zona de descida no campeonato francês, e já
luta por lugares de acesso à Champions.
Van Gaal andou pelo fundo da tabela, em Inglaterra, e já ocupa o 3º
lugar.
E quem não se recorda do patético despedimento de Bobby Robson do
Sporting, com as consequências que se conhecem?
E qual teria sido o futuro da lampionagem se tivesse prescindido de
Jesus, depois da hilariante época do “quase”?
O tempo continua a consumir-nos e continuo à espera de novidades.
Não acredito que a montanha vá parir um rato nem que a montanha
impluda, como aconteceu quando Dias da Cunha acompanhou a saída de Peseiro.
Passado todo este tempo, continuamos parados na mesma encruzilhada.
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