Hoje, já a frio, no rescaldo do jogo para a Taça de Portugal com o
Nacional, seria possível escrever três crónicas e ainda ficar muito por
dizer. O problema é que o que ficaria por dizer seria pernicioso para as
nossas cores, e não pretendo fazer coro com a esmagadora maioria.
Não
vou, no entanto, fazer de conta que não se passa nada e que tudo corre
sobre rodas. Vou sim é evitar a crítica ofensiva e que nunca se
traduzirá em nada de positivo.
Primeira nota de destaque deste
jogo, e que talvez acabe por ser das poucas positivas da noite de
Alvalade. O jornal Público voltou a ficar à porta...ou talvez tenha ido a
um bar próximo ver o jogo pela Tv. Mesmo sendo um tema que daqui por
pouco tempo cheire a bafio, enquanto dura a polémica e enquanto
esperamos pelas réplicas do terremoto causado nas instâncias UEFA e Liga
pelas imagens difundidas pelo jornal, será saboroso vê-los...ou
imaginá-los, jogo após jogo, a implorar pela entrada em Alvalade. Como
diria Maradona :"Que la sigan chupando"!!
Há quem considere que o
Sporting demonstra fragilidade, ao impedir o acesso da publicação a
Alvalade, mas quando o Porto (para citar quem mais pune a quem ousa
atacar o clube) toma atitudes idênticas, é considerado forte, exemplar e
intocável. Enfim, critérios.
Agora, vamos às outras notas de destaque, quase todas elas
negativas. Se até Domingos reconheceu que o Sporting que se apresentou
em Alvalade, na primeira parte, não ganhava a ninguém, quem sou eu para
desmentir. Não vou dizer que houve erros crassos na constituição da
equipa, até porque o treinador leonino saberá mais de futebol a dormir
que eu acordado, mas a falta de atitude foi um suicídio assistido. Sim,
assistido pelas cerca de 18 mil almas (penadas) que se deslocaram a
Alvalade, e por mais uns largos milhares que não adormeceram no primeiro
período de jogo porque estavam demasiado assustados para o fazer.
Este
filme de terror já chegou a estar na sala de Alvalade tempos
infindáveis, e julgávamos definitivamente retirado dos cartazes, mas
teima em regressar. O chutão para a frente de Polga à procura de Liedson
já deveria estar abolido das nossas práticas, mas alguém esqueceu-se de
lhe dizer que o levezinho já não está cá. Foi este o futebol da
primeira parte, sem esquecer os dois golos nacionalistas e mais uma
oportunidade flagrante dos insulares, em 45 minutos para recordar. No
entanto, a reter está a falta de atitude e entrega que faz parecer que a
outra equipa, qualquer que ela seja, recorreu a produtos proibidos para
melhorar o rendimento desportivo. Não, o que mais uma vez se viu (e
foram mais 45 minutos de avanço, tão recorrentes no futebol de Paulo
Bento, Paulo Sérgio, Carvalhal, entre outros) foram 11 jogadores com
muita vontade de ir ao Jamor, e outros 11 que pareciam querer antecipar
as férias.
Aos espectadores que sobreviveram à síncope ou ao
colapso, ficou a certeza, na segunda parte, que não era a táctica que
estava errada, não era a capacidade de Domingos em orientar a equipa,
nem sequer a escolha dos jogadores. Mesmo com a reincidência de Polga em
municiar o ataque adversário com assistências primorosas e de Bojinov
em limpar a zona defensiva madeirense, ao tornar-se no melhor central
adversário (Domingos, e que tal trocá-los de posição??) o certo é que
criámos a primeira oportunidade de golo ao 40 segundos da segunda parte,
e fomos "massacrando" a defesa contrária até ao milagroso golo do
empate.
Apesar de termos João Pereira (mais um) em sub-rendimento e
Ínsua longe do fulgor de início, mesmo com todos estes contratempos e
handicaps, poderíamos ter vencido a partida e acabámos por ganhar a
segunda parte por 2-0. A mudança radical de postura em campo manteve-nos
ainda esperançados na competição, bem como evitou um maior alheamento e
animosidade dos adeptos para com a equipa. Se eventualmente
estivéssemos a vencer por 2-0 e permitíssemos o empate, não se livravam
da vaia, como recuperámos de 0-2, aí já o resultado é bem diferente,
mesmo que o 2-2 tenha parecenças com o 2-2.
Agora, bem, nem vou
estar a conjecturar sobre o jogo da Madeira porque ainda falta muito,
porque há imensos problemas para Domingos resolver. A única certeza é
que são já imensos os jogos sem ganhar e em que a contabilidade "começa"
a preocupar. Uma vitória nos últimos seis jogos só tem
paralelo com o início da época, em que vencemos um de 8 jogos, mas 3
deles eram amigáveis, pelo que já estamos na pior série da época. Dá
para recear e temer
pela falta de confiança que isso gera, mas esta equipa tem um apoio como
nenhuma outra teve, em períodos idênticos de resultados negativos. Está
só nos pés (e cabeça) deles voltarem a trilhar o sucesso.
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