Mário Figueiredo foi na quinta-feira eleito presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, após o acto eleitoral realizado na sede do organismo, no Porto.
O
novo presidente da Liga de clubes recebeu 27 votos, contra 21 do seu
oponente António Laranjo, que tinha o apoio, entre outros, do Sporting.
Esta vitória não deixa de causar alguma estranheza, pois o próprio dono
do futebol português e presidente do Porto apoiava Laranjo e veio
publicamente dizer que Figueiredo só iria ter o apoio do Marítimo, clube
ao qual está vinculado. Afinal parece que os pequenos esqueceram por
momentos as alianças com seu tutor e decidiram em prol dos seus
interesses que, pelos vistos, irão colidir com os interesses do Sporting.
O
comum adepto não se revê em programas eleitorais, jogos de interesses e
apoios para retirar dividendos, de que é pródiga a nossa sociedade e a
que o futebol não só não é imune como figura no topo dos amiguismos. Se a
isto juntarmos o facto do enfraquecimento da Liga, por força da
transferência da arbitragem para a Federação, então o acto eleitoral foi
quase ignorado pelo comentador de ocasião.
Uma
das medidas que o presidente eleito pretende implementar tem a ver com o
alargamento da I Liga a 18 clubes. Não sei qual a posição do Sporting,
mas salta à evidência que estes avanços e recuos no contingente são
nocivos à competição, e reduzirá ainda mais a qualidade global do
futebol que por cá se pratica.
Depois
da época 90/91 ter sido a última com 20 clubes e a de 2006/07 ver
finalmente reduzido de 18 para os actuais 16 participantes, pensei que a
influência dos grandes evitassem nova investida para retomar hábitos
antigos, mas a medida visa agradar a uns quantos apoiantes mas também
permitir a entrada das equipas B na II Liga. Esse é o único ponto onde
vejo algo de positivo nesta medida, pois vai ao encontro das pretensões
do Sporting no que respeita ao reactivar da sua equipa B. Mesmo que esta
equipa vá requerer um reforço e esforço no orçamento que até já está
calculado, parece-me que as vantagens são várias, imediatas e evidentes,
mas que ficarão para escalpelizar numa futura crónica.
Quanto
ao alargamento, que em tempos foi modelo para servir os interesses de
alguns pequenos clubes e um grande a Norte, veremos o que nos irá
reservar. Esses tempos ficaram marcados pela hegemonia da Associação de
Futebol do Porto, que ganhou protagonismo e preponderância precisamente
através das alianças com clubes filiados que prestavam vassalagem ao seu
mentor. Graças aos votos que colhia na Federação por ter mais clubes na
1ª divisão podia, nas guerras de Associações, definir (e usufruir) na
escolha e composição dos Conselhos de Arbitragem .
Fruto
desta situação desregrada tivemos uns "anos dourados" (não confundir com apitos) em que havia num contingente
de 20 equipas, 12 sediados a Norte do Mondego. Actualmente estão 10 em
16, e dependente das subidas e descidas poderemos ter um cenário tão sui generis
como o dessa altura. É que esta deslocalização da preponderância
futebolística para Norte tem nos seus defensores a justificação que, em
tempos idos, a situação que se colocava era a inversa. Por essa altura
falava-se no trauma do Porto passar o Mondego para jogar a Sul. É por
demais evidente como souberam inverter a tendência, mas com efeitos bem
duradouros.
Esta
eleição para a Liga veio, mau grado todos estes exemplos do passado
recente e da influência que alguns grandes ainda têm para com os seus
afilhados, dar a entender que algumas ovelhas tresmalharam ou,
simplesmente, estão a tratar da sua vida sem precisar pedir a bênção ao
Papa.
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