Hoje é
dia de importante jogo em Braga, e digo só importante (e não decisivo)
porque a minha faceta pragmática já me levou a concluir que o campeonato deste ano já é tão só uma miragem e apesar das contas só se fazerem no fim, o nosso objectivo mais realista e não menos importante é lutar por um lugar na pré da Champions do próximo ano.
O
árbitro do jogo de hoje será João Capela, que voltará a cruzar-se com o
Sporting depois do jogo da Luz. Onyewu que se cuide, na sua luta
titânica com os centrais adversários, pois o árbitro lisboeta já
demonstrou ser pouco audaz na apreciação a agarrões em determinadas
zonas do campo.
Na
senda desta trilogia (Sporting/ Benfica/ árbitros) tive hoje a
oportunidade de ler o que julgo ser o resumo da entrevista de Pedro
Proença ao Record, no sítio online da publicação.
Devo salientar que, na globalidade, não deixa de ser uma entrevista bem conseguida, mesmo que com algumas singularidades e passagens das quais discorde.
Logo
à partida e onde reside um dos maiores destaques da peça, tem a ver com
a preferência clubista do entrevistado. Reafirmando que o seu lado
profissional se sobrepõe a essa simpatia, vinca o facto de que todos os
jornalistas têm clube, assim como também os dirigentes, os atletas, e
não é por isso que deixam de jogar
no clube A, B ou C.
Não nego que isso seja uma verdade irredutível, só que se estivermos
atentos à arbitragem ou a outros sectores onde alguém tem a
responsabilidade de ajuizar, sabemos que nem todos são como Proença
proclama ser. Mais uma vez um juiz defende a classe de olhos fechados
mas deveria ser mais prudente pois, todos nós sabemos, e está registado
até por meios que em tempos não serviram de prova a outros juízes que fizeram da palavra justiça um joguete, que a honestidade nem sempre é o mote dos intervenientes. Além disso, a responsabilidade que acarreta não coloca num mesmo nível os intervenientes que dá como exemplo.
Quanto à profissionalização, penso que esteve muito bem quando o jornalista afirma que os árbitros recebem tostões, quando estão a dirigir artistas que auferem milhões.
Diz Proença: "Quanto
a mim, essa é uma perspectiva redutora da questão. Os árbitros hoje
ganham muito bem, tendo em conta a
realidade portuguesa. Temos de perceber que o salário mínimo no país
não chega aos 500 euros por mês. Não gosto de comparar os atletas de
alta competição com a realidade dos árbitros, porque teríamos de medir
que a carreira de um árbitro chega aos 45 anos, e que um jogador chega
aos 32 ou 33. É
fácil perceber quanto é que um árbitro de primeira categoria aufere
hoje, tendo em conta que é uma actividade secundária na sua vida. Quando
falamos em profissionalismo, pensamos em todas as condições
que devem ser paralelas à sua actividade de árbitro, que lhes permitam
descansar, ou ter um corpo técnico que os possa preparar para os jogos,
ou ter preparadores físicos para que sejam ainda melhores, ou um corpo
de psicólogos que os possa ajudar nos momentos menos bons."
Não
sendo um tema que domine, visto a arbitragem ser um redil de interesses
que me é desconhecido, tenho no entanto a noção do que actualmente
auferem os árbitros de 1ª categoria, e que os coloca num patamar
invejável na sociedade portuguesa, e onde conseguem medir forças com a
maioria dos futebolistas, se exceptuarmos os grandes. Jorge Sousa foi na
época transacta o árbitro que mais recebeu, com proventos desta sua
segunda actividade que ultrapassaram os 37 mil euros. Os que o
precederam também se aproximaram destes valores, pelo que não estamos
falando de actores secundários nesta matéria.
A posição e responsabilidade que detêm deveria ser suficiente para
serem tão honestos quanto Pedro Proença apregoa. Os valores que auferem
ainda lhes deveria avivar a memória quando entram em campo, e o facto
dos clubes serem co-patrocinadores da sua actividade incutir-lhes maior sentido de responsabilidade.
Há
um célebre provérbio sobre a mulher de César, mas neste caso poderia
dizer: Aos amigos do Pedro não basta parecê-lo, têm que sê-lo!!
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