Já longe vão as emoções do derbi ontem disputado, mas ainda vou a tempo de fazer algumas considerações.
Ontem
reservei o pós-jogo a desfrutar o momento, a ver e rever os lances mais
significativos, a ouvir mil e uma opiniões, e deixei para hoje a
habitual crónica do jogo.
Mesmo
que o desenrolar do jogo, as principais incidências e a maioria das
opiniões destaquem a justiça da vitória do Sporting, assim como em igual
medida a escassez na diferença dos números, há sempre um visionário a
contestar tudo o que aconteceu em campo.
O mesmo sujeito que acha que o penalti que ficou por marcar no primeiro minuto de jogo condicionaria os restantes 89 minutos (+ descontos)... acha que os encarnados criaram a melhor ocasião de golo da segunda parte.
Esta mirabolante e sui generis apreciação do jogo eleva a níveis, quase de fábula, as intervenções do treinador adversário.
O
mesmo sujeito que diz nem fazer a ideia do que é um bloqueio, que esse
tipo de estratégias são primazia do basquetebol,e assistimos à tentativa
atabalhoada de bloqueio em andamento de Nelson Oliveira a um defesa
leonino, leva-nos a crer que, cada vez que Jesus abre a boca, ou é
mentira, ou é atoarda, ou é desculpa ou asneira.
O que vale é que, pelo menos a mim, por vezes faz-me rir e chega a alegrar os dias mais cinzentos.
O jogo, esse, fica logo pautado pelo grande ambiente que mais uma vez se viveu nas bancadas.
É
quase caso de estudo que, em Portugal, uma equipa grande, arredada há
muito das grandes decisões, tenha sucessivamente manifestações de apoio
tão eloquentes, ao contrário do que é a própria história da
colectividade. É normal o divórcio dos adeptos em épocas como esta, mas
esta está a servir para contrariar essa sina.
Ainda
havia gente a entrar no estádio e já o Benfica se queixava da
existência de uma grande penalidade a seu favor. Apesar da entrada fora
de tempo de Polga, apesar de no Núcleo serem muitos os que consideram
ser uma penalidade inequívoca, eu continuo sem conseguir vislumbrar o
momento exacto do contacto entre os jogadores. O carrinho de Polga
começa bem dentro da área, mas o que interessa, para analisar a evidente
falta, transformada em pontapé de canto, é o momento do contacto e não a
cabeça, as orelhas ou o umbigo do nosso central.
Aliás,
o painel de árbitros do jornal O Jogo não é unânime na apreciação ao
lance, precisamente pela dificuldade em definir o local do contacto dos
pés de Polga com Gaitan, pelo que continuarei a defender a minha dama,
até que me provem o contrário.
Depois
do desnorte inicial, que indiciava mais um passeio triunfal do Benfica
em Alvalade, as marcações a meio campo começaram a ser mais eficazes, e
por volta dos 15 minutos apagou-se...a chama intensa, e passaram a ser
simples fogachos, as incursões adversárias na nossa defesa.
O domínio da posse de bola era concedido e circunstancial,
numa táctica que tem dado resultado perante equipas que se crêem
superiores. Os 65% de posse de bola final foram inversamente
proporcionais às oportunidades criadas, isto já sendo pessimista.
Após
o golo de Wolfswinkel, então, saltou à evidência que com a atitude e
consistência que a equipa demonstrava, só mesmo através de uma das
inúmeras bolas paradas que o adversário beneficiou é que poderia, por
obra e graça de algum bloqueio que eles não fazem ideia como acontece, é
que poderia surgir o imprevisto.
As
alterações impostas por Jesus, ao invés de conferir mais poder
ofensivo, proporcionaram uma equipa desequilibrada na transição e
organização defensiva, e por esse país fora gritou-se golo meia dúzia
de vezes. Infelizmente não entrou nenhum, mas nunca esteve em causa a
nossa superioridade.
Tal
com noutras vitórias, em que a exibição global foi bastante positiva,
não vou fazer destaques individuais, mesmo que existam 3/4 jogadores que
se tenham exibido a um nível superior. Não quero estar a focalizar em exibições
individuais o mérito colectivo que esta vitória teve.
Ao
invés de muitos, não fiquei particularmente eufórico com esta vitória.
Como disse Matias, são simplesmente 3 pontos, num campeonato sofrido e
longe dos nossos objectivos, mesmo que saiba que uma vitória perante o
rival tem sempre um sabor especial.
Sei
também que o inverso é uma realidade insofismável, por isso, aos caros
benfiquistas que lerem está crónica, não se iludam com esta constatação,
pois o vosso sentimento é tão forte quanto o nosso.
Dado que esta rivalidade é a mais antiga e mediática do
futebol português, o facto de afastar quase definitivamente o Benfica
do título tem aquele sabor especial, mas quando penso que se está a
oferecer em bandeja de prata mais um título, ao clube que mais tem
contribuído para o enfraquecimento do Sporting, esse sabor já passa a
agri-doce.
Para finalizar, queria apoderar-me de um pensamento de Jesus, relativamente ao que ele considera o momento do jogo.
Se
o Sporting, no 1º jogo do campeonato, onde fomos espoliados de um
penalti aos 11 minutos, um golo mal invalidado aos 70, bem como duas
expulsões por concretizar a jogadores do Olhanense num jogo onde
acabaríamos por empatar 1-1, teríamos um campeonato totalmente
diferente.
A semelhança é que nesse, como no jogo de ontem, fomos muito superiores.
Muito bem. Onde é que se assina?
ResponderEliminarOntem mais uma vez foi um nojo ouvir os imbecis dos jornalistas pois a pergunta mais feita aos jogadores do Sporting era se eles estavam felizes por entregarem o campeonato dde bandeja ao FCPorco. É demais. Por isso este país anda nas mãos da Troyka e de cepos de pensam tão certinho como o Djaló a rematar à baliza.Deixámos o país mais triste...
ResponderEliminarque espetaculo de texto.Parabéns!
ResponderEliminarMuito obrigado pelos vossos contributos, com os comentários que só enriquecem este também vosso espaço.
EliminarSL