Eu sei que ganhar e perder é desporto.
Sei também que são de louvar todas as manifestações de fair play,
e ainda têm mais significado quando podem criar laços futuros de bom
relacionamento entre dois clubes que partilham um símbolo e, em certa
medida, uma identidade.
É
tocante ver o vermelho, tantas vezes odiado, em plena harmonia com o verde
das nossas camisolas, antes durante e depois de um jogo.
Esta
simbiose teve como ponto de partida o gesto das claques, em Alvalade,
onde homenagearam Iñigo Cabacas, adepto do Athletic morto por uma bala
perdida da Ertzaintza, a polícia basca.
É de saudar a homenagem que centenas de sócios e adeptos prestaram à equipa no seu triste regresso a casa, num momento tão delicado.
Apesar de todo este altruísmo, eu queria era ganhar.
Sou incapaz de ficar com um sorriso no rosto pensado na beleza do desporto, quando perdemos uma eliminatória tão importante.
Sou
incapaz de dormir bem, quando um árbitro, muito mais que a fraca
exibição da equipa na segunda parte, deu de mão beijada uma final
europeia aos apaniguados de Angel Maria Villar.
As 500 faltas ofensivas assinaladas a
Wolfswinkel, Carriço, Capel, impediram o Sporting de se espairar no
campo, sequer de chegar à área adversária. Em oposição a este rigoroso
critério está o lance que originou o 1º golo basco, mas sobre Atkinson
deve ter pairado o espírito de Villar, que queria os nossos amigos
bascos na final.
Às entradas vigorosas, por vezes até
maldosas dos nossos grandes amigos, Atkinson brindou Carriço com um amarelo
por ganhar uma bola, pelo ar.
Não,
não esvoaçam borboletas, nem arco-íris rasgam os céus, quando penso em
San Mamés e na pressão que colocaram sobre o árbitro e sobre as suas
decisões, mesmo que estivessem a fazer a sua obrigação.
Não,
não vou torcer por bascos, nem madrilenos, porque quando se trata de
futebol, só quero que haja um vencedor, e esse não pôde lá estar.
Também
eu, podem crer, aplaudiria de pé os adeptos do Athletic após um jogo
épico, se estivesse com os dois pés em Bucareste, mesmo se soubesse que
um fantasma tinha pairado sobre o estádio.
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