Se o
ex-ministro Vítor Gaspar encontrou um paralelismo entre a meteorologia e
a política de investimento, também eu posso encontrar algumas analogias
curiosas.
É que, tal como a temperatura nos termómetros baixou consideravelmente, também a novela Bruma arrefeceu, na mesma proporção.
Nas
últimas horas tem-se falado até numa hipotética reaproximação das
partes, algo em que sinceramente não acredito, mas o que considero
irrecuperável é a imagem que o jogador tem cultivado, nas últimas
entrevistas.
Pior que isso, dizem que as temperaturas voltam a subir a partir de 4ª feira, o que tornará inviável qualquer acordo.
Diz-se que o português tem memória curta mas, nestas circunstâncias, há atitudes que ficam tão gravadas como tatuagens.
Apesar
de considerar lamentável a ingratidão, independentemente de como foi
conduzido todo o processo, também considero lamentáveis as atitudes
racistas de alguns adeptos.
Considero
normal que a incompreensão e a ira tome conta de nós, tal como
considero compreensíveis as ofensas ao jogador e representantes, fruto
da impotência que sentimos ao ver fugir um bom jogador por entre os
dedos.
Quando
uma situação destas acontece, qualquer adepto que sinta as suas cores
com fervor faz fluir os adjectivos mais desaconselhados.
Procura-se alguma referência ou algum ponto fraco e parte-se ao ataque.
No entanto, no caso Bruma, acho de mau gosto usar determinadas expressões, sustentadas na sua raça.
Basta pensar em 3 ou 4 dos ingratos que saíram de Alvalade para concluir que uma e outra coisa não estão relacionadas.
Futre,
Figo ou Moutinho, só para citar os mais mediáticos, não eram
negros...nem sequer estavam bronzeados e, que eu saiba, nenhum dos seus
empresários também o era.
Não
vi ninguém a chamar-lhes brancos por terem cuspido no prato que
comeram, e Figo até foi reincidente nas fugas a quem o idolatrava.
Ainda
júnior chegou a assinar pelo Benfica, quando representava o Sporting,
mas a transferência foi abortada. Já na sua fuga de Alvalade assinou por
Juventus e Parma, o que fez com que ficasse impedido de jogar em Itália
durante dois anos.
Escolheu
então o Barcelona mas, mais uma vez, a sua saída para o rival Real
Madrid não foi pacífica, e passou a ser conhecido como "pesetero", em
homenagem à moeda espanhola de então.
No regresso a Camp Nou choveram insultos, cabeças de porco, notas de monopólio...mas ninguém se lembrou de lhe chamar...branco.
Nem a Futre ou Moutinho, o maçã podre.
Quem
tiver dificuldade em arranjar argumentos para ofender Bruma, caso opte
por meter-se no seu novo Mercedes e rumar a outra paragens, pode optar
por consultar uma página de adjectivos, sem ser necessário recorrer a
termos que denotam faltam de imaginação.
Pela minha parte, ao olhar para as fotografias dos atletas, continuo a não lhes encontrar diferenças, além da inegável qualidade enquanto futebolistas.
Pela minha parte, ao olhar para as fotografias dos atletas, continuo a não lhes encontrar diferenças, além da inegável qualidade enquanto futebolistas.
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