O
Maisfutebol recupera hoje uma entrevista concedida por Salim Cissé, a
mais recente contratação leonina, onde este revela todo o penoso
trajecto de vida até à sua chegada a Portugal.
Algumas
passagens são tocantes e reveladoras que, por detrás da aparente vida
fácil que intuimos ao "julgar" um futebolista, por vezes se escondem
verdadeiros dramas ou lições de vida.
«Vim
para Itália como muitos jovens de África, onde
toda a gente sonha vir para a Europa, em busca de uma nova vida. Cheguei
com
nigerianos, camaroneses... e apresentei-me no
centro de acolhimento de estrangeiros»
Antes disso, Salim seguia a rotina de emigrante. Vivia de biscates, mas, à noite, já era uma estrela nos treinos da malta do bairro. «Depois do trabalho, num relvado alugado, juntava-me com os amigos perto do centro. Ele viu-me, perguntou-me como vim para a Europa, expliquei-lhe, e percebeu que eu queria muito jogar.»
«Eu saía do centro para ir treinar e jogar numa sexta ou sétima divisão, com pessoal que vinha do trabalho e ia treinar a partir das 20 horas, e também aproveitava para comer porque a comida no centro era pouca para mim. Treinava com eles, mas sentia que podia chegar ao profissionalismo.»
Cissé fazia essencialmente limpezas, dando uma ajuda a alguns amigos sul-americanos, que lhe davam boleia. «Ganhava ao dia. Limpava quartos, fazias as camas, deixando tudo pronto para os turistas que iam depois ocupar os apartamentos. Também ajudava a carregar as malas.» Por vezes, calhava-lhe uma gorjeta. Humildemente, recusava.
Nesta fase, como os outros miúdos africanos, trabalhava e treinava à noite. Foi o período mais duro. Quando assinou pelo Arezzo dedicou-se em exclusivo ao futebol. «O Franco disse-me que tinha de deixar-me disso, que na Europa jogar futebol é uma profissão e que se eu me dedicasse tudo ia correr bem.»
«Como procurava uma vida melhor, empenhei-me a fundo. No início, foi difícil conseguir obter a autorização para jogar, porque tinha o visto de residência, mas, pela Lei italiana, só depois de residir um ano no país é que um extracomunitário pode jogar. Mas o Arezzo mexeu-se e conseguiram a licença, evocando o estatuto de refugiado. Quando é assim, é imediato.»
A época corre-lhe bem, com 13 golos em 27 jogos, e depois de ser apontado a diversos clubes italianos, o certo é que foi a Académica a avançar para a sua contratação.
Antes disso, Salim seguia a rotina de emigrante. Vivia de biscates, mas, à noite, já era uma estrela nos treinos da malta do bairro. «Depois do trabalho, num relvado alugado, juntava-me com os amigos perto do centro. Ele viu-me, perguntou-me como vim para a Europa, expliquei-lhe, e percebeu que eu queria muito jogar.»
«Eu saía do centro para ir treinar e jogar numa sexta ou sétima divisão, com pessoal que vinha do trabalho e ia treinar a partir das 20 horas, e também aproveitava para comer porque a comida no centro era pouca para mim. Treinava com eles, mas sentia que podia chegar ao profissionalismo.»
Cissé fazia essencialmente limpezas, dando uma ajuda a alguns amigos sul-americanos, que lhe davam boleia. «Ganhava ao dia. Limpava quartos, fazias as camas, deixando tudo pronto para os turistas que iam depois ocupar os apartamentos. Também ajudava a carregar as malas.» Por vezes, calhava-lhe uma gorjeta. Humildemente, recusava.
Nesta fase, como os outros miúdos africanos, trabalhava e treinava à noite. Foi o período mais duro. Quando assinou pelo Arezzo dedicou-se em exclusivo ao futebol. «O Franco disse-me que tinha de deixar-me disso, que na Europa jogar futebol é uma profissão e que se eu me dedicasse tudo ia correr bem.»
«Como procurava uma vida melhor, empenhei-me a fundo. No início, foi difícil conseguir obter a autorização para jogar, porque tinha o visto de residência, mas, pela Lei italiana, só depois de residir um ano no país é que um extracomunitário pode jogar. Mas o Arezzo mexeu-se e conseguiram a licença, evocando o estatuto de refugiado. Quando é assim, é imediato.»
A época corre-lhe bem, com 13 golos em 27 jogos, e depois de ser apontado a diversos clubes italianos, o certo é que foi a Académica a avançar para a sua contratação.
O passo seguinte nesta vertiginosa escalada, desde o anonimato, é o Sporting.
Não gosto de comparações entre atletas, como recentemente referi numa crónica.
Contudo,
ao ler esta estória não posso deixar de recordar-me da ascensão de
Liedson, que passou de funcionário de um supermercado até ao
reconhecimento internacional.
A
batalha de Cissé pelo bem-estar parece ainda mais dura, mas todos desejamos que a sua passagem pelo Sporting seja também a confirmação do seu valor.
Espero e desejo que consiga conquistar troféus em Alvalade.
Espero também que não precise de vender a alma ao diabo e se satisfaça por tocar 3 vezes na bola de modo a celebrar um título.
Espero também que não precise de vender a alma ao diabo e se satisfaça por tocar 3 vezes na bola de modo a celebrar um título.
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