Há quem seja da opinião que as equipas constroem-se de trás para a
frente.
Da defesa para o ataque.
A verdade é que são muitos os exemplos que ajudam a sustentar essa
tese, mesmo que para se alcançar sucesso seja necessário que a última fase da
construção de jogo também esteja bem oleada.
Depois de alguns anos em que a nossa organização defensiva (associada
a algum défice de qualidade no quarteto defensivo) foi o elo mais fraco do
plantel, a época passada pareceu inverter essa tendência. Mesmo que a qualidade
de alguns jogadores continuasse a ser posta em causa, a verdade é que passámos
a época sem sobressaltos nas bolas paradas. Qualquer canto ou livre perigoso
era encarado pelos adeptos com um sorriso na cara, enquanto se mastigava um
tremoço, a contrastar com a cara de pânico e os puxões de cabelos de épocas
anteriores.
O trabalho parecia ter sido feito por Leonardo Jardim, mas a presente
época acordou os fantasmas que desde há muito nos atormentam.
A espinha dorsal defensiva manteve-se quase inalterada, mas de repente
o mal-amado Rojo pareceu tornar-se no elo fundamental que mantinha todas as peças
unidas e sincronizadas.
A falta de qualidade dos centrais volta a estar na ordem do dia, discutido
em todas as plataformas de debate leonino mas também na comunicação social, sem
nunca ter sido posto em causa o trabalho de Marco Silva.
Como não fosse suficiente o pavor das bolas paradas, surgiu o drama dos
autogolos.
Apareceram em catadupa, marcados em todas as competições e por defesas
e avançados.
O Sporting já terá até batido o recorde mundial, apesar de ainda não
estarmos a meio da época.
Mas se a última metade do ano fica marcada por esse estigma, o 2015
parece começar com o mesmo paradigma.
Ainda ecoavam as badaladas e já marcávamos o primeiro autogolo do novo
ano, através de um lateral-direito.
Sabemos da importância de um líder na defesa para evitar precipitações,
de uma voz de comando para se jogar simples.
Por vezes é necessário chutar para canto para evitar males maiores, ou
deve haver compensação quando um lateral se torna demasiado ofensivo.
Desconheço se o autogolo se deve a falta ou a excesso de comunicação
com o patrão da defesa, mas se o esquema defensivo não for alterado
arriscamo-nos a sair goleados deste primeiro embate.
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