domingo, 11 de janeiro de 2015

Os uns e os outros

O Sporting é, historicamente, a maior potência desportiva nacional.
No actual momento não, nem sequer estamos perto de o ser.
Mas não vem mal nenhum ao mundo (nem sequer é uma inverdade) mencionar o estatuto que granjeámos durante décadas a fio, mesmo que o eco desses tempos já se tenha apagado há muito.
Os grandes clubes têm momentos de obscurantismo, de má política desportiva, sem que isso lhes retire o mérito nem o palmarés.
A lampionagem, por exemplo, apesar de ter passado por um jejum que lhe colou a barriga às costas, não deixou de se autoproclamar como o maior clube português, mesmo que os corruptos dominassem o panorama desportivo nacional nesse período.

Apesar de ainda dominarmos algumas modalidades menos mediáticas, a verdade é que aquelas que recolhem a preferência e atenção dos adeptos e media estão longe…muito longe de saciar a ambição dos sportinguistas.
Muitos deles que, apesar de nem serem grandes entusiastas das “amadoras”, acabavam por se refugiar nelas para branquearem a histórica e quase eterna subalternização no futebol.
O andebol leonino há muito que não saboreia o título e, inclusivamente, perdeu a que chegou a ser uma folgada hegemonia no quadro de títulos nacionais.
O hóquei cruzou o deserto e recupera lentamente dessa longa travessia.
O basquetebol também renasce das cinzas, a um ritmo ainda mais lento, mas ansioso por outra atenção por parte do clube.
O ténis-de-mesa apenas venceu um campeonato nas últimas 5 épocas e também está longe dos passeios triunfais de outros tempos.
O atletismo está em desinvestimento galopante e apenas a pista feminina vai contrariando o vazio de títulos que está em fermentação.
Depois temos o futsal, que contraria toda esta tendência, bem como a natação, judo e outras modalidades de combate que vão dando alegrias aos menos distraídos.

O panorama não é nada animador, é certo, mas o horizonte fica ainda mais sombrio porque o visível definhar é acompanhado pelo crescimento exponencial da lampionagem.
É que o histórico estatuto de maior potência desportiva nacional foi sempre acompanhado pela histórica rivalidade, que entorpece ainda mais a visão.
Assim, o compreensível estado depressivo dos que seguem as modalidades está umbilicalmente associado ao facto dos rivais nos terem empurrado do lugar a que nos habituámos a ocupar.
Poucos se mostrariam preocupados com o lento regresso do basquetebol se este continuasse dominado pelo Estrelas das Avenidas ou pelo Queluz.
Ou se o ABC tivesse mantido a sua supremacia no andebol, talvez as taças que a secção tem arrecadado tivessem outro sabor.
Se as provas de estrada em atletismo tivessem ainda a Conforlimpa ou o Maratona a ditar a lei do mais forte, a "não vitória" de hoje seria encarada com menos sofrimento.
Na época passada a vitória do Valongo no campeonato de hóquei em patins alegrou quase tantos sportinguistas quanto a nossa permanência na primeira divisão.
A actual secundarização no ténis-de-mesa ainda vai sendo encarada com naturalidade. Os orçamentos açorianos não permitem sonhar muito mais além, mas se a lampionagem decidir apostar a sério nesta modalidade estará o caldo entornado.

Para piorar o cenário ainda eclode o mau momento da aclamada e reconhecida academia leonina.
Apesar da evidente falta de qualidade na globalidade de um ou outro escalão, o “resultadismo” parece ter tomado conta do espírito de alguns adeptos, tendo-se esquecido momentaneamente do principal objectivo.
Formar jogadores.
Formar vencendo seria o ideal…mas não o essencial.
A equipa de juvenis do Sporting ficou fora da fase final da competição, onde também o Braga…actual campeão nacional de juniores, não figurará. Em seu lugar irá o Palmeiras, equipa satélite que jogou com os juvenis de primeiro ano, enquanto os bracarenses jogaram com os de segundo.
Distraíram-se.


Mas, a quem interessa o Braga, os seus sucessos ou os seus erros? 
Já os outros...!!!

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