Dizem que as vitórias sofridas são as mais saborosas.Compreendo essa visão dramática, com um pouco de romance à mistura, mas poupem-me a sofrimentos, se faz favor.Apesar da boa réplica dos vilacondenses, o Sporting produziu o suficiente para ter prevenido uma síncope aos seus adeptos.
Mesmo com uma primeira parte a baixo ritmo, a fazer recordar jogos de má memória onde perdemos pontos fundamentais em Alvalade, o jogo apresentava-se ligado e com potencialidade para marcar a qualquer instante.No entanto, apenas uma penalidade muito protestada pelo adversário nos colocaria na frente do marcador.
O lance, do qual não precisei de repetições para confirmar o que tinha visto em tempo real, pode ser analisado de vários prismas. Primeiro, pela ingenuidade de Montero, ao não se deixar cair perante o agarrão que o impediu de controlar a bola. É que com uma aparatosa queda ninguém teria dúvidas que o lance é, de facto, falta. Como ninguém teria dúvidas se a falta ocorresse a meio campo. Mas com um lance destes ocorrido na grande área outros jogadores, de outros clubes, a esta hora ainda estariam a rebolar-se na relva, e ninguém poria em causa a ilegalidade cometida.
Mas a visão dos vilacondenses é diferente, de tal modo que o árbitro até foi abalroado por um par de jogadores, mas passaram sem a punição adequada que seria, obviamente, a expulsão.
Apesar do Sporting se ter colocado justamente em vantagem esta não durou muito, e a ausência de Adrien pode ajudar a explicar alguma falta de gestão de ritmos e momentos que a equipa demonstrou.
Sofrer um golo na sequência de um pontapé de canto a nosso favor era uma imagem de marca das equipas de Paulo Bento, e hoje voltámos a cometer um erro capital porque faltou quem matasse a jogada na origem.
Mas a segunda parte trouxe um Sporting com um ritmo diabólico, e nos primeiros 20 minutos poderia ter construído um resultado a salvo de qualquer reacção adversária.
Só por este motivo considero que nem sequer foi pelo sub-rendimento de André Martins que a equipa teve dificuldade, quase até à estocada final de Tanaka.
Ainda o resultado estava em 1-1 e já eu suspirava pela entrada do pequeno Gauld, para o lugar do pequeno Martins.
O 2-1 surge ainda antes da entrada do escocês, e o 3-1 já teve participação do jovem que poderá calar muitos dos que contestaram a contratação de um miúdo de 19 anos a quem foi cuspido e colado um rótulo inadequado.
Também Tobias se estreou no campeonato, fazendo o gosto a quem pretendia que um ou outro reforço viesse da equipa B. A sua exibição pautou-se por altos e baixos, mas o jogador ainda está a salvo dos assobios que poderiam eclodir caso Maurício tomasse as mesmas opções. Na retina fica-me um passe de ruptura quando o jogador corria na sua direcção para a recepção, e logo Alvalade brindou a falha com uma enorme ovação.
Era bom que fosse assim com todos os jogadores, tal como preconizo.
Quem não apresentou altos e baixos foi Jefferson, que continua numa forma imaculada.
O seu sprint final, já com mais de 90 minutos jogados e bastantes quilómetros nas pernas, demonstra que a presença de Jonathan no banco teve o efeito pretendido.
Já William também pareceu um interruptor.
Umas vezes para cima, outras para baixo. Da sua recuperação de bola e passe nasceu o alívio final, mas foram várias as vezes que colocou a equipa em sobressalto, e outras tantas as que ocupou deficientemente os espaços defensivos, proporcionando uma ou outra jogada de muito perigo para a nossa baliza.
No entanto, o que se deve realçar é a boa exibição e a vitória, que amplia para oito o número de vitórias consecutivas.
Voltámos a sofrer golos, depois de 6 jogos com a baliza imaculada mas, sinceramente, prefiro vencer por 4-2 do que por 2-0. Com quatro letrinhas apenas se escreve a palavra golo, e golo é emoção.
Apesar do equilíbrio defensivo ser fundamental e todos preferirmos não sofrer golos, a verdade é que é preferível gritar golo 4 vezes.
Como mero exemplo, para quem me quiser contrariar, recordo que as vitórias por 2-0 perante a lampionagem são saborosas, mas do 5-3 da Taça ninguém se esquece e ganhou um brilho suplementar.
Com tudo isto viramos o campeonato no 3º lugar, ainda a impossíveis 10 pontos da liderança e a complicados 4 pontos do 2º lugar.
Apesar da prova ter mais 4 jogos que o campeonato passado, é curioso constatar que os rivais têm uma pontuação muito superior à época 2013/14, e o Sporting apenas tem menos 2 pontos que à 17ª jornada sob orientação de Leonardo Jardim.
De repente parece que deixou de ser importante esta comparação.
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