O programa “Tempo Extra”, com Rui Santos à viola, abordou ontem alguns
dos temas da actualidade, com destaque para as queixas dos corruptos
relativamente à arbitragem.
Após a jornada do fim-de-semana foi amplamente divulgada a tarja que
os S.D. exibiram, com uma caricatura onde se satiriza o momento actual do
futebol nacional.
(Numa semana em que tanto se falou em liberdade de expressão, levaram
a brincadeira demasiado a peito).
Apesar de compreender a sua intervenção, acho inacreditável a
leviandade com que se tratam estes assuntos.
Como é possível, depois de três décadas de despudorada corrupção/tráfico
de influências, continuarmos a ouvir falar em ajudas, favorecimento e mudanças
de paradigma.
Como é possível falar-se abertamente do problema que continua a consumir
o nosso futebol, mas colocando os corruptos como a vítima nessa alteração de
padrão.
Na sequência das queixas dos azuis, que reclamam duas penalidades por
assinalar a seu favor, Rui Santos acrescenta:
“Admito que o árbitro e até o fiscal de linha
não tenham visto…mas estas circunstâncias, na dúvida, no passado… estes lances
era imediatamente assinalados. Há uns tempos a esta parte, e penso que começou
o ano passado, as coisas estão um pouco diferentes. Eu acho que há uma
alteração do eixo de influência…”
(Penso que Rui Santos talvez quisesse dizer que há uma alteração do eixo do mal.)
“Também admito que o árbitro não
tenha visto a falta sobre Óliver…mas antes, na dúvida, beneficiava-se o porto,
agora, na dúvida, não se beneficia o porto. Acho isto interessante porque é uma
mudança de comportamento, uma mudança de paradigma.
…agora, na dúvida, nesta nova
correlação de forças , tem havido um conjunto de lances em que os árbitros têm
beneficiado o benfica. Isto está de alguma forma traduzido na classificação.”
Rui Santos também apresenta a sua Liga Real que, como sabemos, peca
por defeito, e onde é perceptível que o Sporting é o clube mais prejudicado.
No entanto, o realce do jornalista prende-se com o medo que deixou de
haver no Dragão, com os lances que na dúvida deixaram de beneficiar o porto e
com o conjunto de lances de que o benfica tem beneficiado.
Penso que não lhe teriam caído os parentes na lama se tivesse
acrescentado que, entre o domínio de um e de outro, em caso de dúvida ou em
caso de certeza, o Sporting nunca foi beneficiado. E, já agora, muitos dos que
se calam para cair nas boas graças dos seus superiores.
Diria até que com a pouca-vergonha que continua instalada no futebol
nacional, dar realce ao facto de terem colocado Inzébio empoleirado no andor
que carrega a comitiva lampiónica rumo ao título é dar trunfos a quem tenta, a
todo o custo, afastar de si a desconfiança de mais um campeonato ferido de
morte.
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