Tal como esperado e desejado, o Sporting fez a sua obrigação e
carimbou a passagem para as meias-finais da Taça de Portugal.
Finalmente um jogo em Alvalade para esta competição, onde nos últimos
três anos só tinha jogado com o Alba.
Os sócios e adeptos é que não se mostraram muito sensibilizados com
este detalhe, e pouco mais de dez mil sportinguistas marcaram presença. Diz que
foi pelo frio.
Na Alemanha ou Inglaterra, onde os estádios estão sempre com a lotação
esgotada, o frio também inibe muitos portugueses de ir ver um ou outro jogo.
Muitos dos que terão desistido de apoiar a equipa talvez tivessem
mudado de ideias se soubessem que também ia haver nevoeiro. Por um preço
simbólico podiam ter imaginado encontrar-se no Estádio da Choupana. Uma viagem
à Madeira é sempre bem-vinda.
Outros tantos também teriam dado o tempo por bem empregue se
adivinhassem o golo de Carrillo.
O Sporting venceu por 4-0, sem sobressaltos ou contratempos.
Poupou alguns titulares para o complicado e decisivo jogo em Braga,
não perdeu por lesão nenhum dos jogadores base da equipa, nem sequer viu algum
cartão que pudesse condicionar estratégias futuras.
Tudo correu bem, portanto.
Ou quase tudo.
É que uma ou outra exibição não atingiu os patamares exigíveis e foram
muitos os que não se compadeceram com questões como a idade ou momentos de
forma.
Os assobios mostraram-se afinados, mesmo num jogo onde quase tudo
seria perdoável.
Quem mais se destacou, pela negativa, foi obviamente Carlos Mané.
Reconheço que foi exasperante a quantidade de más decisões que tomou.
Diria mesmo que foram quase todas. No entanto, não me recordo de um único
jogador a quem o assobio dos próprios adeptos lhe tenha servido de incentivo.
Ainda há dias Leonardo Jardim recordou o seu lançamento na equipa
principal, e prognosticou-lhe um futuro brilhante.
Eu gostava de ser tão optimista quanto o nosso ex-treinador mas…quem
sou eu?
No entanto, também tenho a minha opinião de leigo.
Já tivemos jogadores em quem muito se apostava mas que o tempo se
encarregou de resumir à condição de eternas promessas.
Na mesma linha de Mané recordo-me, por exemplo, de Lourenço…ou até
Tijoló.
Jogadores que, dadas as suas características, têm alguma dificuldade
em ver definida qual a posição onde melhor podem ajudar a equipa.
Lourenço e Tijoló não tinham atributos de extremo, nem de ponta-de-lança…e o
percurso de ambos foi eloquente.
Mané tem características diferentes, mas reconheço-lhe mais qualidade
que os supracitados.
No entanto, até ao estatuto de estrela…penso que pode haver um longo e
difícil caminho a percorrer.
No polo oposto encontra-se Carrillo.
Quase todas as suas decisões foram as correctas, e continua a manter
um estado de forma invejável.
Se na época passada havia William e mais 10, este ano andamos mais
perto de Carrillo e mais uns quantos.
No entanto, também o peruano passou por momentos complicados em
Alvalade e onde se respirasse Sporting.
Mané não tem a velocidade nem os atributos técnicos de Carrillo, mas
nele reside mais um exemplo de que, quando há qualidade, a paciência pode ser
uma boa conselheira.
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