São vários os factores que levaram à recente transfiguração do
futebol leonino. Se muitos apontam Sá Pinto como o grande obreiro desta
operação de cosmética, não nos devemos esquecer dos que, em campo,são os
impulsionadores das ideias e estratégias do treinador.
Um dos jogadores mais acarinhados mas também com mais qualidade do
nosso plantel tem nos seus pés um talento quase sem comparação no nosso
futebol, mas é ao mesmo tempo pouco dado a aparições públicas, pelo que uma entrevista de Izmailov é sempre para ler com agrado.
Hoje, o Jornal O Jogo faz, na sua versão online, um resumo da entrevista dada pelo nosso 10 ao jornal russo "Soviet Sport".
Na versão completa podemos por exemplo ler e compreender as
diferenças no estilo de jogo, porque se passou do passe longo para o
controle da posse de bola e passes curtos, ou sobre as expectativas para
a época.
A entrevista foi concedida antes da eliminatória com o City, mas continua bastante actual.
Se nos munirmos da ferramenta de tradução do Google, podemos ler na íntegra esta entrevista,
mas dado que à tradução online ainda temos que juntar alguma dose de
paciência e bom-senso para perceber certas passagens, deixo aqui o
resumo feito pelo O Jogo.
É Izmailov quem o garante: há uma nova filosofia com a
chegada de Sá Pinto. É fundamental dar tudo no relvado,
com enorme sentido coletivo e acabar de consciência tranquila, de
preferência com a obtenção dos resultados
desejados. "A confiança é mútua, dentro e fora do
campo, e libertadora", enfatiza o Czar, explicando em que medida as
coisas mudaram. A atitude trouxe vitórias (para além da
"derrota" no Estádio Etihad os leões só
caíram - de pé - em Setúbal) e os jogadores
começaram a dar os primeiros sinais de que as mudanças
impostas iam na direção certa: primeiro Marcelo disse que
todos passaram "a correr", depois foi Capel a afirmar que estavam "com
Sá Pinto até à morte" e agora foi a vez de
Izmailov, em entrevista ao "Soviet Sport", regozijar-se pela forma como
são tratados internamente e os efeitos positivos daí
resultantes.
Recordando que "as lesões são passado", Izma diz que
responde à confiança que Sá Pinto lhe transmite
com "produtividade". "Vamos para os jogos com sede de luta e de
vitória. Encaramos todos os adversários com a mesma
responsabilidade", garante, descrevendo ainda como o estilo de controlo
do balneário mais liberal e mais próximo levou a maior
rigor e disciplina dentro de campo: "Não há um controlo
tão rigoroso. Antes, quanto à disciplina fora de campo,
havia muitas regras e limitações. Às vezes coisas
pequenas, como telefonemas, brincadeiras, hora de apagar as luzes...
Agora temos mais liberdade. A confiança é libertadora,
até porque somos uma equipa de adultos que sabe como se preparar
para o trabalho. No campo não pode haver indulgência.
Aí somos exigentes. A disciplina é clara! Tenho as minhas
funções pelas quais tenho de responder. Confio no
Sporting..." O russo exemplificou o estilo e a relação
com Sá Pinto revelando que este "reagiu de forma calma e
afável" em vez de o "repreender e mandar para o quarto" quando o
apanhou à meia-noite, antes do jogo com o Rio Ave, a tomar um
café. E resultou, pois marcou o golo da vitória!
Izmailov chegou a ser citado como mais um jogador de cristal, dada a
reincidência de lesões, mas o russo não fica
magoado com quem faz a comparação, até porque,
recorda, "não faz sentido negar" que perdeu praticamente metade
dos jogos em Portugal por lesão. "Não magoa", dispara,
explicando a sua postura perante as críticas e os azares:
"Não fui o primeiro nem serei o último a ter de lidar com
muitas lesões. Gosto de olhar sempre em frente, e de
fazê-lo com otimismo." A indisponibilidade para jogar gerou
problemas a Izmailov, nomeadamente quando em outubro de 2010 atacou
fortemente a estrutura dos leões no mesmo jornal russo desta
entrevista, o "Soviet Sport". "Desde essa altura toda a estrutura do
clube mudou. Os mal-entendidos fazem parte do passado. Hoje está
tudo bem", conclui.
Para Izmailov o sucesso pessoal só faz sentido com o
coletivo, de forma a poder ter "emoções positivas" no
final dos jogos. Daí que diga que lhe é indiferente
"marcar ou dar a marcar desde que a equipa ganhe". Contou como de forma
espontânea lhe saiu mais um "cocktail Izmailov" contra o Rio Ave
("A bola ficou-me mesmo a jeito"), e justifica o facto de estar mais
concretizador (cinco golos): "Muitas vezes caio em zonas centrais, na
posição de apoio ao ataque. Logo, fico em boas
posições para rematar e marcar. Antes era mais
defensivo."
Izmailov não deixa de ter em mente o regresso à
seleção. "Três vagas livres? Claro que gostava de
ir ao Europeu. Em alguns meses tudo pode mudar. Quem produz no seu
clube pode ter uma chance", comentou o sportinguista, que considera "um
paradoxo" o facto de agora não ser chamado. Um entendimento que
vai de encontro ao do ex-selecionador Yuri Semin, que defende que "tem
condições para jogar no Euro 2012". "É
ótimo jogador com talento, não entendo porque não
foi chamado", acrescentou o técnico que o lançou no
Lokomotiv.
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