Foi tal a euforia que nos invadiu, após a
jornada gloriosa de Manchester, que apesar de tanto ter sido dito... muito
ficou por dizer.
As luzes dessa épica
noite incidiram sobre alguns dos que estiveram directamente ligados aos
momentos chave. Foram eles Matias e Wolfswinkel, pelos golos alcançados
ou Izmailov e Patrício, pelas suas performances decisivas em momentos
chave.
Nas crónicas que se sucederam
ao jogo, foi unânime o elogio ao comportamento da equipa, no seu todo,
tanto por parte da comunicação social como da generalidade da blogosfera
e fóruns leoninos.
A crítica
contundente e arrasadora que brindou parte da época de Domingos, ou mesmo
no início do legado de Sá Pinto, era extensível a quase toda a equipa.
Patrício continuava a não agradar a muitos, os laterais não tinham
qualidade para envergar a nossa camisola mas os centrais sempre foram os
mais visados.
No meio campo Rinaudo
sempre foi consensual, mas Matias tem uma legião de fãs e outra de
detractores. Izmailov, de astro da companhia passou a peso morto, e não
faltava quem se lamentasse por não ter sido transaccionado quando ainda
tinha o joelho operacional. Elias foi por muitos apelidado de bluff e
colocado no rol dos piores negócios de sempre, a par de Pongolle.
Schaars passou do betão do meio campo a plasticina mole, Carrillo irritava os
mais sensíveis e Capel perdera todo o gás e aura com que chegara.
Jeffren foi um erro de casting e Ricky já só marcava de penalti...ou nem
isso.
As nossas crónicas nunca foram
muito mordazes, mas uma ou outra vez tivemos que ceder à dor que ia na
alma e criticar abertamente o desempenho de toda a estrutura ligada ao
futebol. A decadência do futebol praticado e de algumas opções tomadas
saltavam à evidência e não havia como mascarar essas debilidades.
Tal
como a maioria, também nós temos aqueles jogadores por quem nutrimos
uma especial afeição ou admiração. Em sentido inverso isso também
acontece, neste blogue, noutros, nos adeptos do Sporting ou doutro
qualquer clube.
No topo dos mal-amados pela generalidade dos nossos adeptos aparecem os nomes de Pereirinha, Polga, Evaldo, André Santos ou Carriço.
Curioso é que nesta eliminatória de tão boa memória, três destes "renegados" tenham dado um contributo de enorme importância.
Já tive oportunidade de criticar
algumas actuações de Polga, que chegou a exibir-se a níveis
inacreditáveis, mas também o elogiei quando elevou o seu futebol à
qualidade que nos habituou, quando veio para o Sporting.
Contudo, há um jogador que merece um elogio sentido e ainda não tive a oportunidade de o fazer.
Numa crónica relativa a Pereirinha, com data de 8 de Novembro de 2011 e intitulada, "A que horas passa o 25?",
já tinha tido a oportunidade de referir as esperanças adiadas, a
angústia por ver um jogador da formação com o chavão de eterna
esperança, e onde salientava não lhe augurar grande futuro...de leão ao
peito.
Já tinha feito alusão, em privado, aos bons indicadores de Pereirinha nos minutos que Sá Pinto lhe brindara, em jogos recentes.
No
entanto, este jogo de Manchester irá figurar como um dos melhores jogos
no meu imaginário, quando quiser recordar alguns seus desempenhos de
excepção.
Perante figuras de proa do futebol
mundial, o Pereirinha tímido, com falta de sangue na guelra, com aquele
sorriso quase infantil e com futebol insípido e pouco empreendedor que
acostumou os sportinguistas deu lugar a um verdadeiro leão, como nunca esperei ver.
A sua postura personalizada e transfigurada irá agora sofrer um duro revés, dada a forçosa paragem a que estará sujeito.
É uma pena quebrar esta sua ascensão, pois estava a ganhar um lugar nas primeira opções a saltar do banco.
Contudo,
como devemos tirar sempre algo de positivo de alguns contratempos,
ficará para a posteridade a fotografia do nosso lateral de ocasião, com
uma postura combativa e ainda com as marcas dessa dura batalha.
As veias saídas, o punho fechado, o seu ar de guerreiro
substituíram o ar angelical e imberbe do que habituou os
sportinguistas. Lamento o seu infortúnio ao mesmo tempo que desejo o
rápido restabelecimento, mas também desejo que o seu regresso seja
imbuído do mesmo espírito que faça acreditar que...desta vez é que é.
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