sexta-feira, 6 de março de 2015

Casa onde não há pão

O blog do Núcleo da Carapinheira surgiu há três anos e meio e vai continuar a existir, mesmo que possa surgir mais vagaroso e com um forte chiar nas juntas.
O espaço surgiu…porque sim. Após entrar para a Direcção do Núcleo, a convite do bom amigo e presidente Luís Moura, decidi criá-lo para dar vazão a algum gosto pela escrita, associado à necessidade de viver o Sporting com mais intensidade.
Além disso, achei por bem dar a conhecer o Núcleo e uma localidade que poucos sabiam onde ficava, apesar de não esconder, orgulhosamente, as minhas origens algarvias.
Neste lapso de tempo as quase 1500 publicações atraíram perto de meio milhão de visitantes, oriundos de 130 países, mesmo que alguns deles possam ter surgido por engano.
O Núcleo e a Carapinheira passaram a ser um pouco mais conhecidos no universo leonino, e a maioria já sabe que a vila fica situada algures entre Valença e Sagres….ou um pouco mais para lá.
Foram muitas horas dedicadas a informar, divulgar ou opinar, onde tentei dar o meu cunho pessoal (humor, sarcasmo) mas temperado com uma pitada de auto-censura, pois ao representar um grupo de pessoas tive que pesar e reflectir o muito que escrevi.
Alguns dos textos foram referenciados ou destacados em espaços leoninos de referência, como no sporting.blogs ou no oartistadodia.blogspot, entre outros.
Paralelamente fui gerindo o Facebook do Núcleo, aqui com pensamentos e temas mais abrangentes e com uma mensagem mais despreocupada.
Tanto um espaço como o outro, criados praticamente em simultâneo, surgiram numa fase muito complicada do Sporting.
A presidência de Godinho Lopes encarregar-se-ia de afundar o clube para patamares nunca antes vividos, tanto a nível desportivo como económico, mas a profunda crise não me demoveu dos propósitos iniciais.
Foi, portanto, neste conturbado período que me embrenhei na complexa teia do sportinguismo militante virtual.
O Sporting conheceu um novo rumo, é verdade, mas o adepto sportinguista anseia sempre por novas soluções. Parece estar sempre na pré-época, ansioso pelas caras novas, mas pronto a mandar uma valente assobiadela na primeira vez que um dos novos jogadores erre o passe.
Não diria que o Sporting se assemelha com a Bolívia (189 golpes de estado em 190 anos de independência) porque no clube impera a democracia (é o que dizem alguns, e desmentem outros) mas talvez tenha ares da Itália, sempre com consensos difíceis e eleições por “dá-cá-aquela-palha”.
A verdade é que no curto período de vida do blog e Facebook do Núcleo, pude vivenciar as venturas e desventuras de 2 presidentes, 8 treinadores e…nenhum título, claro está.
Podia também falar das modalidades e do seu lento definhar, mas neste ponto 85% dos adeptos deixaria de ler, porque dá jeito apregoar o eclectismo mas o futebol é que é.
Mas, se por mera coincidência, tivesse criado o blog e FB meia dúzia de anos antes, teria mais 2 presidentes e 7 treinadores que teriam dado imensa matéria.
Dez anos, 4 presidentes, 15 treinadores.
Nesse mesmo período, a concorrência encarnada contou com 5 treinadores contratados pelo mesmo presidente, enquanto a norte o presidente da saudável democracia contou com 9 treinadores. Um exagero, tendo em conta que quase todos eles venceram qualquer coisa. 
A instabilidade que se faz sentir no clube é evidente, e se umas vezes parte de dentro para fora, outras vezes surge no sentido inverso.
Quem diz que nunca ganhamos nada engana-se. 
Somos os campeões no tiro. Sim!! No tiro no pé.
E apesar de toda a minha calma e tranquilidade, que não herdei certamente de Paulo Bento, confesso-me cansado de assistir à guerra sem quartel que o Sporting tem que dirimir, dentro e fora do clube.
Definitivamente (apesar do sofrimento que provocam) não são as derrotas que me levam a baixar os braços, ainda não cansados de escrever. Se assim fosse, teria deixado de o fazer a meio do legado de GL.

Eu sei que "em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão"...mas tenho que sair de casa por algum tempo, e arejar.

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