sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O mundo às costas

Até há pouco tempo atrás, eu respirava Sporting.
Deitava-me e acordava a pensar no presente e no futuro. O passado, esse, pertence aos museus e serve só para aquecer a alma em tempos mais frios, e só me socorria dele pontualmente.
Nesta quadra festiva, tentei fugir da realidade.
Não ouvi nem vi o apartado de desporto dos telejornais, evitei saber o que diziam os jornais e, deste modo, fui tentando abstrair-me da realidade, talvez para preservar o meu ego, apesar de saber que tudo o que se vai passando não seja mera ficção.
Por tudo isto, e pelo que tenho vindo a apontar desde que começou a época, reservei-me na quadra festiva esperando, talvez, que o Pai Natal ou os Reis Magos me trouxessem um Sporting novo.
Enfiei a cabeça na meia pendurada na chaminé e, a espaços, meti conversa com o burro e a vaca que ainda fazem parte do meu presépio, em vão.
Agora, por muito que me custe, tive que regressar, como os atletas o fizeram das suas férias douradas, aparentemente sem qualquer tipo de melhorias.
Eu estou quase como eles. Não sinto que o descanso tenha produzido qualquer efeito na minha auto-estima e sinto o peso do mundo às minhas costas.
No entanto, apesar deste espaço não ter reforços, chicotadas psicológicas, dispensas, managers ou qualquer tipo de upgrade, vou começar a empurrar as teclas também como forma de exorcizar os meus fantasmas.
Assim, é quase com normal indiferença que tenho lido os mais recentes boatos e zunzuns relativamente ao mercado de transferências.
Se já sabíamos que o plantel tinha sido criado a partir de uma manta de retalhos, as dispensas e aquisições que estão na calha fazem crer que o plantel, no final da época, se assemelhará a um puzzle por montar.
A venda de João Pereira, por exemplo, foi muito aplaudida por muitos e criticada por tantos outros, fosse pelos aspectos económicos ou desportivos. Poucos meses volvidos, depois de Cédric ter demonstrado que ainda estava em fase de fermentação, parece que o Sporting está interessado em Miguel Lopes. A concretizar-se este negócio, vai estancar-se o crescimento precipitado do jovem da academia, mesmo que seja unânime a opinião que Cedric tem estado, por norma, no olho do ciclone das más exibições da equipa.
Seja como for, foi com este tipo de incongruências e ziguezaguear que se foi pintando a manta leonina.
Apesar de, neste momento, não haver jogador ou sector consensual, é no ataque que recai outra das fontes da discórdia.
Se há muito que o sector atacante se apresenta deficitário, praticamente desde que Liedson deixou orfã a equipa (houve quem tenha afirmado que JEB foi obrigado a deixá-lo sair pois essa era a vontade do jogador) parece que não se aprendeu nada desde essa altura e os planteis seguintes ficaram entregues a Wolfswinkel que, como se sabe, não fez esquecer o levezinho.
Pois bem, hoje volta-se a falar no brasileiro, como hipótese para a reabertura do mercado.
Se considerei na altura que deixar o ataque do Sporting entregue a Postiga era um suicídio, já então achava que Liedson saiu com as suas capacidades seriamente alteradas.
Pensar no seu regresso, numa altura que tanto se fala em redução da folha salarial, só se for para tentar fazer regressar os seus fãs às bancadas de Alvalade.
Com 35 anos e os joelhos presos com fita-cola, talvez seja o parceiro ideal para Izmailov (caso fique em Alvalade) ou Jeffren (caso os dentes voltem a dar problemas) na fisioterapia leonina.
Caso o boato tenha pertinência e o jogador possa dar o seu contributo, poderá ao menos deixar a defesa contrária em sobreaviso, pois os nossos actuais atacantes não tiram o sono a ninguém.
Entretanto, noutra latitude, o treinador portista Vítor Pereira mostrou-se preocupado pela ausência de Kléber. Apesar de levarem 47 golos na época e o brasileiro só ter marcado um golo na Taça de Portugal, a lesão que o apoquenta gera algumas dúvidas.
Em contrapartida, o Sporting leva 25 golos em 23 jogos oficiais e ninguém choraminga, talvez por saberem de quem é a responsabilidade na gestão do plantel.
Oh Vítor, eu sei que com os males dos outros podemos nós bem mas, pára de te queixar, se faz favor. 


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