quinta-feira, 3 de abril de 2014

A sarna

Na infância há uma grande ocorrência de doenças designadas como benignas, e que têm um período de incubação relativamente curto.
Em pequeno tive varicela, escarlatina, mas a que me atacou em força chama-se sportinguite, e não tem cura.
A taxa de incidência é elevada, com perto de 30 afectados por cada 100 pessoas.
Outros são atingidos por enfermidades derivadas da sarna, mas apesar de ter estado exposto ao vírus, a verdade é que nunca me afectou, felizmente.

O vírus do futebol é altamente contagioso e propaga-se normalmente pelas vias aéreas. Seja através da nossa família, amigos ou conhecidos, a realidade é que se entranha no nosso corpo quando nós somos ainda pequenos e temos menos defesas.
Não há vacinas contra este mal que, com o passar dos anos, nos vai consumindo a saúde e a paciência.
Os que são portadores da subespécie da sarna convivem melhor com ela, porque os efeitos secundários são quase inexistentes.

Os sintomas da sportinguite são leves e inócuos mas, aos fins-de-semana, o seu portador costuma ter mais moléstias.
A mais frequente é a irritabilidade, seguida de um estado de ansiedade e, muitas vezes, de um profundo desânimo…desalento…prostração.

Ainda assim, vivemos a vida inteira em harmonia com o nosso vírus e consideramos que é uma bênção tê-lo, mesmo que saibamos que os portadores da subespécie da sarna não sofrem de ansiedade.
Consideramos uma dádiva termos sido infectados por um vírus que, apesar de lhe servirmos de hospedeiro, não tem características de parasita, como outros.
Apesar do vírus não ter cura nem existir vacina, foram inventados medicamentos que aliviam os sintomas de forma eficaz.
A toma continuada pode provocar prepotência e despotismo, mas a melhoria do estado geral de saúde é notório.

O vírus propagou-se por todos os continentes, e só a Antárctida parece ter escapado à sua capacidade de reprodução, pelo que não tolerará muito o frio. Ou isso, ou o facto de lá não haver hospedeiros.
A verdade é que na Europa se tornou um caso de saúde pública, agravado pelo crescente surto das subespécies da sarna.
Por exemplo, fiquei hoje a saber que na Rússia também apostam no bem-estar dos seus sofridos pacientes.
O laboratório da marca Zenit investiu bastante na prevenção e os efeitos foram imediatos.
Experimentaram dar colheres de xarope a algumas cobaias e, a verdade, é que os resultados foram animadores.
Vitória na Liga Europa, após pouco tempo de investigação e rectificação de dosagem.


É fantástico.
Afinal, não é só em Portugal que sabem tratar e minorar este tipo de afecções.

Há dias vi um Delegado de Informação Médica na televisão, a confirmar que as nossas preocupantes suspeitas não são meras alucinações, provocadas pelo vírus que nos consome.

 

António Oliveira, de seu nome, por acaso até viveu num laboratório que está na vanguarda, há décadas. Nem os melhores laboratórios da Sicília conseguem tais resultados. 
A busca de novas fórmulas para minorar os efeitos secundários mais nefastos é contínua, e o seu sucesso é tal que um laboratório em Lisboa já lançou um genérico.
Também irá permitir aos seus pacientes, em breve, passar do estado de prostração para o de euforia.
A sportinguite não tem cura, e vivemos bem com ela.
Preocupante é sabermos e sentirmos que nunca iremos dispôr das mesmas armas para que coabitemos em perfeita harmonia.



O ex-inspector da P.J., Gonçalo Amaral, escreveu um livro que se chama "A verdade da mentira".
Esse título enfia-se que nem uma luva na mão do futebol.

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