quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Na vanguarda da retaguarda

O Sporting prepara-se para,  finalmente, ter o seu canal de televisão.
Este anseio dos seus milhões de adeptos parece estar cada vez mais perto de se concretizar mas,  infelizmente, ainda não há datas previstas para o solene momento, apesar do vogal do Conselho Directivo do clube, Rui Paulo Figueiredo, apontar o começo das emissões para o ano de 2013.
Se as previsões não saírem furadas, poderão faltar 3...ou 15 meses!!
Quem esperou tanto, poderá fazê-lo mais um pouco, desde que o projecto seja credível e sustentável.
  
"Estamos a avançar com passos firmes no projecto do canal de televisão em relação ao qual esperamos notícias em breve", salienta o dirigente.

Rui Paulo Figueiredo revela ainda que o Sporting está a "avaliar possibilidades" e a tentar retirar lições das experiências de FC Porto e Benfica, com o Porto Canal e a Benfica TV. "Queremos fazer bem e rápido".
Claro está que, havendo modelos comparativos, podemos e devemos estudá-los para saber qual o melhor caminho a seguir.
No entanto, Rui Paulo Figueiredo bem que poderia ter camuflado esta dependência e tentar demonstrar que, apesar de todas as evidências, não andamos a reboque dos outros dois clubes, e que o Sporting tem um caminho próprio.
Talvez esteja assim mais que justificada a nossa galopante subalternização, pois há muito perdemos capacidade de intervenção e de decisão no panorama do desporto e da sociedade portuguesa.
Longe vão os tempos em que, apesar de estarmos atrás do rival lisboeta na conquista de títulos no futebol (e décadas à frente do outro do Norte) possuíamos um invejável palmarés nas modalidades e um pioneirismo ímpar, como pode por exemplo constatar-se ao lermos passagens da épica construção do Estádio José de Alvalade.

O crescimento contínuo do SCP, então a caminho dos 50 anos de vida, impunha um novo Estádio.
Foi necessário um grande esforço de mobilização sportinguista para erguer uma obra que, para a época, era pioneira e avançada no seu tempo, dispondo de condições únicas em toda a Península Ibérica. A construção do novo Estádio foi uma história feita de muitas histórias de dedicação, amor clubista e criatividade.
A iluminação do Estádio José Alvalade, outra inovação introduzida em Portugal pelo novo recinto, iria permitir a realização de competições nocturnas dos mais variados desportos, o que fazia com que o Estádio José Alvalade fosse o único da Península Ibérica com característica de Estádio Olímpico. Tal como o sistema eléctrico, a aparelhagem sonora montada no novo Estádio do SCP era na altura o último grito a nível tecnológico.
No entanto, este definhar do clube e dos seus horizontes não é fenómeno que tenha ganho preponderância nos últimos tempos, apesar de ser fácil apontar o dedo acusatório às mais recentes direcções e modelos organizativos .
Já no tempo de Carlos Queiroz como treinador do Sporting, portanto nos idos anos 90 e ainda sem Roquetismos e croquetismos à vista, já era notícia que o Guimarães tinha muito melhores condições de trabalho que o Sporting, com campo de treinos para a equipa profissional, enquanto o Sporting se debatia para arranjar locais decentes para o fazer.
Também o pavilhão, infelizmente, é um sonho adiado, apesar dos sinais positivos nesse sentido. Esta situação é impensável para um clube com esta dimensão e história, a nível das modalidades.
Ainda na época passada, o sérvio que veio jogar para na secção de andebol ficou admirado pela singularidade do clube, pois não ter local próprio de treinos e jogos era algo pouco consentâneo com a grandeza do clube.
Mesmo que tenhamos do nosso lado os argumentos que o Sporting não beneficiou das benesses concedidas a Benfica e Porto na altura da construção dos seus, a verdade é que a perda de poder negocial com as entidades responsáveis e o acomodamento à nossa sorte talvez seja, uma vez mais, um sintoma de que a falta de vigor do clube está relacionado com a qualidade de quem dirige ou dirigiu o clube, nas últimas décadas.
Quer-me parecer que, caso as coisas não mudem radicalmente, iremos passar a estar na vanguarda...da retaguarda, lutando ombro a ombro com o Braga ou outros, que queiram ascender ao patamar intermédio. 


2 comentários:

  1. TEmos gente com visão no Clube, apenas não estão é dentro do centro de Poder! Mas enquanto intitularem a geração nova de aventureira a coisa não vai mudar!

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    1. Caro Bruno

      A sucessão de erros de estratégia,de falta de visão, de simples falta de capacidade para ocupar certos cargos, tem sido gritante. No entanto, penso que tal não se prende por ser ou deixar de ser aventureira.
      A qualidade e capacidade dos nossos dirigentes tem deixado muito a desejar, e nada melhor para provar esta constatação que a falta de resultados e a perda gradual de influência do clube, a todos os níveis.
      Não sou nem quero ser profeta da desgraça, mas os sinais que continuamos a receber não auguram uma grande mudança, tendo em vista a reaproximação aos outros grandes...ou ao encurtar do fosso que, aos poucos, se foi cavando.

      Obg pelo comentário

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