segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Preso por ter cão


Neste que é o período mais conturbado da época, desde o respeitável incógnito adepto ao notável sportinguista (e não só) vieram a terreiro emitir a sua opinião sobre o expectável  mas/e surpreendente despedimento de Domingos.
Todos nós temos personalidades díspares, todos nós temos direito a emitir opinião. Uns fervem em pouca água, outros nem sequer fervem.
No entanto, parece-me que muitos dos recentes críticos do futebol que a equipa vinha praticando, ocupam as primeiras posições na barricada contra o poder instituído.A culpa não pode morrer solteira, e se há poucas horas a culpa era repartida entre equipa técnica e direcção, agora parece ter como único responsável a cabeça bicéfala da direcção vigente.
Com mais esta crise que se refastelou em Alvalade (porque instalada já ela estava) os habituais defensores de todo e qualquer treinador que seja despedido saltaram a terreiro. Agora,parece que urge defender Domingos e voltar a colocar em causa a direcção. Muitos destes eram, até há pouco, críticos ferozes do futebol de Domingos.
Acredito que a culpa também more nas esferas dirigentes mas, esses, têm o direito de decidir, pois para isso foram eleitos. A questão de ser reiterada a confiança à equipa técnica, com juras de amor ou com palmadinhas nas costas, sabemos, são as habituais artimanhas tão pródigas no futebol, das quais nos podíamos desviar mas, contudo, não somos precursores.
Claro está que os treinadores, tal como algumas direcções, estão e estarão dependentes de resultados. O Sporting tem sido um cemitério de treinadores porque, obviamente, tem sido dos 3 grandes o que menos tem ganho. As (poucas) épocas em que o Porto não obteve os resultados esperados, a chicotada chegou a ser em dose dupla (2004/05)  e o Benfica tem sempre um percurso muito similar ao nosso, quando os resultados não aparecem. Nos recentes 4 anos em que ficámos com Paulo Bento em 2º lugar, o Benfica trocou invariavelmente de treinador. O nosso actual 5º lugar permitiria esperar quanto tempo mais?
O que está em causa, em primeiro lugar, é o futuro imediato do Sporting. Não sei, como ninguém saberá, se esta troca trará melhoras ao doente futebol leonino ou, em última instância, se melhorará os resultados que se estavam a suceder. No entanto, convenhamos, era necessário fazer alguma coisa.
Dirão que a corda partiu pelo lado mais fraco mas,  o responsável pelas nuances técnico-tácticas é precisamente o treinador e a sua equipa técnica.
Parece-me, logo à partida, que a "chicotada psicológica" servirá para ganhar tempo em relação aos adeptos, que estariam preparados para começar a cruzada contra Domingos. A recente recepção no aeroporto, com G.Lopes e Domingos a serem os mais visados, já davam a entender que o treinador perdera, de vez,  o seu cartaz em Alvalade.
Também me parece que, muita da discordância nesta saída, prende-se mais com o temor de o ver partir para o Porto do que pelo sentimento de perda.
Pela minha parte, apesar de ter apreciado, como todos nós, o razoável começo de época e de admirar a sua postura serena e educada, recebi a sua contratação com pouco entusiasmo pois nunca apreciei o futebol que o Braga praticava no tempo de DP.
Quanto à ascensão de Sá Pinto a treinador principal, é em tudo semelhante à promoção de Paulo Bento. Contudo, pequenas diferenças podem marcar esta réplica, e não me refiro ao penteado.
Logo à partida, Sá Pinto é possuidor do nível que lhe permite encarar este desafio, enquanto PB teve que andar escudado em Carlos Pereira, enquanto frequentava o respectivo curso.
A experiência adquirida também parece favorável a Sá Pinto, mesmo que ambos os percursos tenham sido, até chegar a treinador principal do SCP, demasiado curtos. O recém eleito treinador teve, inclusivamente, uma passagem como adjunto no U.Leiria, enquanto PB só teve a experiência com os juniores antes de abraçar o seu trajecto como treinador principal.
Os primeiros tempos de PB foram bem mais entusiasmantes que a parte final do seu reinado, pelo que a inexperiência inicial pareceu melhor conselheira que a experiência adquirida. Sá Pinto, parece-me, terá uma filosofia bem mais positiva e menos pragmática que a de PB mas, tal como o actual seleccionador, estará sempre dependente da bola que entra, ou não.
Agora, não repitam juras de amor, nem o apelidem como o nosso Ferguson, porque o tempo acaba por desmentir os desbocados. 

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