domingo, 19 de janeiro de 2014

O treinador que vive em nós

Arouca 1 Sporting 2


O futebol é pródigo em resultados inesperados.
Também é fértil em acontecimentos surpreendentes.
No entanto, o terreno onde se disputou o Arouca-Sporting era pouco fértil, e seria mais apropriado para a produção de amêijoa.
Ontem, poucos vaticinariam que o Sporting pudesse bater-se em igualdade de circunstâncias com a menos técnica equipa do Arouca.
Contra todas as expectativas, tendo em consideração que tivemos em campo jogadores como Capel ou André Martins, que tinham que se colocar em bicos de pés para não perder o pé, a verdade é que o Sporting saiu de um complicado teste à sua polivalência com uma difícil mas justa vitória.

Tive oportunidade de ver o jogo com um grupo de sportinguistas que se juntaram para celebrar o aniversário do bom amigo Ricardo Morais, e as opiniões eram as mais díspares…próprias da individualidade e do modo de ler o jogo de cada um.
Há um treinador em cada um de nós mas, uma vez mais, ficou demonstrado que alguns comentários e análises são feitos com o coração e desconhecimento absoluto de algumas circunstâncias e detalhes.

Se antes de a bola começar a rolar…ou a voar…ou a flutuar…já seria previsível que o treinador que vive dentro de nós questionasse algumas das opções tomadas por Leonardo Jardim, ora porque alguns jogadores não tinham características para aquele terreno, ora porque todos nós temos anticorpos com determinados jogadores, ora…porque todos têm direito a ter uma opinião…a verdade é que a saída de William Carvalho apanhou todos desprevenidos.
Sair um dos poucos que parece ter sido moldado para todo e qualquer terreno, quando o jogo estava ainda teimosamente empatado, pareceu uma pequena alucinação do nosso timoneiro.
A verdade, quando se ganha, é que a razão está sempre do lado de quem arrisca.
Mesmo que por vezes também se engane, a verdade, quando se ganha ou se perde, é que a maioria dos que debita opinião desconhece pormenores que levam a determinadas opções.
Como a que levou a que Slimani tivesse jogado somente 40 minutos, quando todos suspiravam pelo argelino.

Disse Leonardo jardim, findo o jogo:

«O estado do terreno não nos permitiu praticar o futebol que mostramos habitualmente e temos poucas alternativas no plantel para um estilo de jogo com mais contacto. Não nos conseguimos impor enquanto o relvado nos permitiu e tivemos que fazer um estilo de jogo mais direto: foi isso que fizemos. Entrou Slimani, que não treinou durante a semana devido a um traumatismo nos gémeos e só podia ser utilizado 30, 40 minutos. Tivemos de gerir a situação porque é um jogador que se adapta melhor a este tipo de jogo».

Já após os primeiros golos milagrosos do magrebino, muito se questionou a sua ausência do onze, mas também nessa altura a justificação foi pertinente.
Slimani passava mais tempo na selecção do que no clube, e as poucas sessões de treino em que participava não permitiam uma integração plena.

No futebol, como na vida, nem tudo o que parece é…e o treinador que vive dentro de nós tem que começar a perceber que o que nos é dado a ver pode não ser suficiente.

O certo é que Slimani deu uma bela prenda ao Ricardo Morais, mas também a todos nós, que fazemos anos em qualquer altura do ano.
Costuma dizer-se que a equipa veste o fato-de-macaco quando enfrenta condições adversas, mas ontem vestiu o fato-de-mergulho, o que nos deixa ainda mais confiantes, pois a equipa deu mais uma demonstração de que podemos contar com eles, seja em que circunstâncias forem.



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