A formação no Sporting, desde há uns anos a esta parte, tem sido a imagem de marca do clube. De Alvalade saíram nomes que se tornaram referência do futebol mundial, como Ronaldo, Figo ou até Nani, mas muitos outros têm nome feito e gozam respeito nos campos que pisam.
Não vou estar a nomeá-los pois são sobejamente conhecidos,e alguns deles nem merecem constar nestas páginas, por desrespeito para com o nosso clube. Outros, até tenho vergonha de referir, pela forma como acabaram por sair, pois o Sporting nunca soube (ou não conseguiu) valorizar os seus activos, e os próprios adeptos são os primeiros a desvalorizá-los, criando-lhes, por vezes, ambientes que nem aos adversários se lhes depara.
Apesar das "pérolas" que saíram da cantera, o retorno financeiro faz-nos interrogar sobre a real utilidade da formação, pois a nossa mais vantajosa transferência foi a de Nani, que rendeu qualquer coisa como 22,5 milhões de euros. Longe dessa verba ficou Ronaldo, transaccionado ainda imberbe e Figo, esse, nem para os pitons que gastou rendeu.
Se pensarmos que Paulo Ferreira, Pepe, Bruno Alves, Anderson e mais um contentor de jogadores renderam, aos cofres de um determinado clube, valores oficiosos sempre perto dos 30 milhões de euros, alguns deles com valor duvidoso, já para não falar dos 40 milhões de Falcão, ou até a transferência de Villas-Boas, podemos reparar que nenhum deles foi formado no clube.
A nossa política desportiva debateu-se com problemas financeiros constantes, que se tornaram num ciclo vicioso. Sem dinheiro não há palhaço. A aposta na formação seria vantajosa, a curto prazo, se deixássemos algumas das mais-valias que ainda vão saindo da Academia, crescer sustentadamente, e não lançadas às feras, num clube pouco vocacionado para ciclos vitoriosos.
Este ano mudou a estratégia, e temos alguns elementos da formação ainda presentes, mas (até ver) devidamente enquadrados por jogadores de qualidade indiscutível e com experiência noutros campeonatos. Outros, felizmente, estão ganhando experiência em equipas de segundo plano, mas com estatuto de titular, ou além fronteiras. Assim, talvez regressem com mais maturidade, e possam acrescentar algo mais que as últimas fornadas que temos assistido.
Como quase todos, também por mim passam sentimentos de angústia quando algum jogador se prepara para jogar com a nossa camisola, e neste caso por alguém da formação. Mesmo que seja incapaz de assobiar ou manifestar-me pela negativa, tenho anticorpos com Pereirinha.
Desde que foi lançado por Paulo Bento (que o tinha acompanhado nos juniores) que esperamos...desesperamos, pelo despontar do jogador. Há quem lhe veja atributos ímpares, como a velocidade, a capacidade defensiva...inclusivamente a técnica individual. Eu, infelizmente, continuo a ver um jogador amorfo, sem garra, que faz figura de corpo presente, mas que raramente aparece como figura. Quando faz parte das primeiras opções (como nesta fase da época, em que temos metade da equipa no estaleiro) é logo para ele que se dirigem os olhares, aquando da primeira substituição. Não é embirração minha, muito menos de Domingos, mas Pereirinha não aporta nada, mesmo que tenha essa vontade.
Depois de P.Bento ter saído caiu em desgraça, e foi emprestado (Guimarães e Kavala) mas nem aí conseguiu demonstrar argumentos. Este ano, acredito, teria continuado o périplo por clubes menores, mas a situação de Izmailov levou Domingos a escolhê-lo (pela sua polivalência) em detrimento de João Gonçalves, e cá estamos a desfrutar do seu futebol.
Por que raios o pai não o baptizou de Bruno Pereira. Tivesse ele metade da garra e determinação (por vezes em excesso) de João Pereira, e provavelmente teríamos ali uma outra pérola.
Continuaremos a lembrar-nos dele, pela positiva, por um apontamento num jogo contra o Benfica, e pelo cruzamento para o golo no jogo da Taça, contra o Famalicão (exagero meu, ou má memória). Muito pouco para alguém vestir a camisola do Sporting.
Ainda que haja o risco de se tornar num novo Varela ou Carlos Martins, o futuro de Bruno será certamente noutras paragens.
Já tivemos um jogador mal-amado, Vidigal, que quase de um momento para o outro se tornou no ídolo das bancadas, mas o mundo tinha que dar muitas voltas para a história se voltar a repetir.
Quero tanto como todos que o 25 do Sporting tenha sucesso, mas não acredito nisso.
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