Depois de uma semana de preparativos para o derbi espera-nos , no mínimo, outra semana de rescaldo do apaixonante duelo.
Desta
vez, o Sporting-Benfica jogou-se com muito mais enfoque fora, do que
dentro do terreno de jogo, por força das inúmeras tentativas de mexer
com as emoções que este transmite.
Cada
lado da barricada analisará e tirará as conclusões que lhe são mais
próximas, mas penso que do nosso lado não restarão dúvidas em relação a
muitas matérias.
Claro
está que estas estarão sujeitas a diversas tendências e pontos de
vista, dependentes da sensibilidade e conhecimento de cada um, mas
gostaria de enfatizar alguns pontos.
A
questão da já famosa gaiola de segurança, e os problemas que daí
advieram, criaram uma cisão entre direcções que se diziam em sintonia
ou, se quiserem, de harmonia institucional.
Porém,
não me recordo de nenhum benefício que se tenha retirado, deste ou
outro qualquer pacto ou cumplicidade com os outros chamados grandes. Nos
últimos anos temos andado a reboque de um ou outro clube, mas acredito
que o nosso verdadeiro caminho é o de trilhar o nosso próprio futuro.
Já
tivemos anos de paz (podre) com o Porto, mas em que os resultados
práticos foram a continuação da política expansionista dos portistas,
tantas vezes a expensas nossas, um aliado envergonhado, enfraquecido
e esperançado em arrecadar algum dividendo. As raras aproximações ao rival de Lisboa também tiveram o mesmo fim, pois quando palmilhamos o caminho do sucesso, passamos de aliados a potenciais inimigos.
Porto e Benfica também coabitam sem ter relações institucionais porque ambos querem o poder, e porque a zona de interesse é comum... e esse poleiro só dá para um.
Penso
que o jogo deste fim-de-semana serviu para clarificar, uma vez mais,
que tudo é permitido para alcançar o sucesso, nem que para isso se tenha
de enfraquecer ou arrefecer as alianças.
Não
estive na controversa gaiola, mas desde já condeno as cenas que deram
por encerrado o derbi. Acredito também nas declarações de Paulo Pereira
Cristovão (pois ele esteve lá, ao contrário de muitos que comentam, no
conforto dos seus postos) ao afirmar que as condições eram
pré-históricas e sub-humanas. Pagar 22 euros para não aceder a alguns
dos serviços básicos, para lá de deficientes condições de conforto e
visibilidade, deveria dar direito a serem ressarcidos pelo clube da
Luz.
Convém
também recordar que alguns dos adeptos sportinguistas chegaram aos seus
lugares (para o caso de existirem) próximo do intervalo, o que denota
que também a entrada dos apoiantes leoninos foi rodeada de incidentes.
Resta saber se foram ou não intencionados, por forma a reduzir o já
enfraquecido apoio previsto. Foi enfraquecido (com total legitimidade) pelo número de apoiantes a quem foi permitida a
entrada mas também nas condições e localização onde foram instalados,
longe do campo e das câmaras de tv, o que acabou por conferir uma única
cor a um espectáculo que deveria ser multicolor.
Até
alguns comentadores que não podem ser conotados com o Sporting
referiram a pouca sensibilidade (ou premeditação) de tal medida, mas
nada disto, repito, justifica que tivéssemos dado ainda mais motivos
para transformar o "réu" em vítima.
A
escalada verbal era inevitável e, perante as acusações do Sporting, um
dos assalariados do Benfica aprestou-se a fazer a defesa da honra, mas
com evitáveis alusões ao fosso de Alvalade. É que isto de brincar com o
que poderia ter sido uma tragédia está a tornar-se moda, para aqueles
lados. Não se ter referido, em tom jocoso, ao very-light que matou um
adepto sportinguista já terá sido uma vitória.
Ao
Sporting não interessa descer a este nível (mesmo que já tenha entrado
no jogo) porque o Benfica está nas suas sete quintas, no que se refere a
contra-informação, jogos de bastidores e comunicados.
O
clube da Luz leva anos de avanço em relação ao Sporting, pois para lá
dos frequentes conflitos com o Porto na troca de insultos, também no terreno optaram por atitudes mais frequentes a Norte,
de que os célebres problemas no túnel, o apagão ou o súbito episódio do
sistema de rega são exemplo e inovação. Por tudo isto, temos muito a
aprender, ou talvez não, pois não quero ver o Sporting associado a este
tipo de actos.
Resta
saber o que a direcção do Sporting fará com todo este dossier mas, numa
primeira abordagem, Paulo P. Cristóvão negou que estivesse em causa
qualquer represália para a visita do Benfica a Alvalade, porque o
Sporting se rege por normas diferentes, e tem por hábito saber bem
receber.
Até esse encontro muita água passará por baixo da ponte, e sabemos como no futebol rapidamente se passa do 8 ao 80.
Para
bem do futebol era bom que este episódio, assim como todas as réplicas
associadas, rapidamente caíssem no esquecimento mas...os adeptos não
sofrem da amnésia, conveniência ou alianças estratégicas pródigas nas
direcções dos clubes.
Acredito
que o ambiente em torno do próximo derbi será tão ou mais quentinho que
este, mas espero que a tendência seja para a saudável rivalidade, que
fazem deste o maior dos duelos históricos do nosso futebol.
Boas...
ResponderEliminarDe facto, independentemente do que se passou no Sábado à noite em pleno Estádio da Luz, com a vitória arrancada a ferros por parte dos comandados de Jesus, da excelente exibição Leonina e do incidente que acabou em incêndio, uma coisa é certa : O futebol Portugu~es precisa destes jogos e destas históricas equipas a discutirem titulos.
Uma Liga com SL Benfica e Sporting a discutirem o titulo até ao fim será certamente uma liga mais emocionante e emotiva.
Abraço
Mattos...paixaodabola.blogspot.com