André Carrillo cumpre já a sua quarta época no Sporting e continua a
fazer com que muitos torçam o nariz relativamente à sua utilidade.
Não é preciso ter uma memória prodigiosa para recordar que chegou com
o intuito de crescer como jogador, e apesar do rótulo de desequilibrador e
da alcunha de “Culebra” cedo se percebeu que com os seus 20 aninhos ainda
alternava o muito bom com o muito mau.
No entanto, diversas circunstâncias levaram a que efectuasse um total
de 46 jogos, 24 deles para o campeonato (13 a titular) e um total de 3 golos.
As épocas seguintes, ao contrário do que seria de prever, continuaram
a mostrar um peruano bipolar, para desespero dos adeptos e, provavelmente, da
estrutura leonina.
Os seus números baixaram ligeiramente, e no capítulo da finalização
continuou na linha do primeiro ano.
Três épocas e seis treinadores parecem não ter sido capazes de lhe
extrair o melhor que tem para dar, de uma forma consistente.
Mas a presente época e o trabalho de Marco Silva parecem ter surtido
algum efeito, a julgar pelos números mas, essencialmente, pelas exibições.
Se na altura foi notícia que o golo marcado no Estádio do Ladrão
significava que esta já seria a melhor época de sempre com a nossa camisola, ao
apontar o seu 4º golo, a verdade é que a rotatividade do plantel, os
compromissos pela sua selecção e (provavelmente) um ligeiro abaixamento de
forma, fizeram que não tivesse sido titular nos últimos 2 jogos (nem considero
o jogo com o Espinho como ausente do 11).
Hoje o jornal O Jogo realça, não sei se de forma maliciosa, que
Carrillo está a perder gás.
A verdade é que a “Culebra” foi titular em 9 dos 11 jogos do
campeonato, e já leva 17 jogos na presente época.
Carrillo não é um goleador, e parece-me desajustado medir a sua época
pela quantidade de golos marcados.
Seria muito mais interessante saber a quantidade de assistências com a
nossa camisola, para aferir a evolução.
Mais difícil seria compreender a sua envolvência no processo
defensivo, mas parece ser visível a olho nu um maior comprometimento nesta
faceta.
Não sei se Carrillo atravessa um microciclo, ou se Marco Silva tem querido rodar
a equipa, por mil e um motivos.
Parece é que no porto chama-se rotatividade, enquanto no Sporting é
perder o gás.
De qualquer modo, se Carrillo continuar a entrar na última meia hora e
dinamitar o adversário como o tem feito, acho preferível tê-lo arreliado no
banco de suplentes do que feliz em campo.
No último jogo entrou e passado pouco tempo ofereceu um golo a Capel,
que este enjeitou, mas a sua teimosia acabou por valer o 3º golo, após cabeçada
de Slimani.
Já contra o Schalke tinha feito um sprint que faria corar de inveja
muitos velocistas, para oferecer o golo a Nani.
Por vezes, penso mesmo que Carrillo é movido a gás.
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