Por muito que goste do desporto-rei, a verdade é que sempre tive paixão pelas modalidades.
Compreendo que o futebol aglutine o interesse da maioria, mas entristece-me que a excessiva atenção que lhe é dada signifique o definhar das outras, numa grandeza inversamente proporcional.
É notório que as modalidades vão perdendo espaço mediático, vão perdendo público e, em muitos casos, também praticantes.
Esta realidade resulta, provavelmente, de um ciclo vicioso.
Acaba por ser natural que o cada vez menor tempo de antena…e também nas páginas dos jornais, se traduza na redução de espectadores e, por arrastamento, de investidores para algumas modalidades. No final deste ciclo, acaba por ser compreensível que a adesão a uma determinada modalidade se deva, quase exclusivamente, por tradição familiar ou regional.
Mas, em determinados momentos e competições, é normal que todos queiram vestir a camisola e desfrutar dos feitos dos atletas lusos.
O pior é quando os resultados não são os desejados, o que faz com que todos se tornem em experts da matéria, mesmo quando o interesse possa surgir apenas de 2 em 2 ou de 4 em 4 anos.
Hoje estive a ler um artigo sobre António Silva, atleta de 27 anos, que defende as cores do Sporting desde Outubro de 2013 nas provas de meio-fundo e fundo.
O atleta emigrou para Inglaterra nesse mesmo ano, depois de uma vida difícil dedicada, em grande parte, ao pastoreio.
O Sporting paga-lhe as deslocações para competir pelo nosso clube, mas para representar as cores de Portugal no Europeu de corta-mato sai do seu próprio bolso.
Teve duas lesões às quais foi operado, e teve de recorrer à internet para encontrar exercícios que o ajudassem na recuperação.
Considera que apenas se dedica a 50 ou 60%, em virtude dos seus condicionalismos.
Acorda às 5.30 da manhã e começa a treinar antes das 6 horas.
Entra no trabalho às 8, sai às 14.30, e volta a treinar às 17.30, porque reentra ao serviço às 20/21 horas para mais um turno.
Os treinos são efectuados num parque perto de casa junto com outros amadores.
Definitivamente, o que alguns atletas precisam é de mais apoios, e dispensam críticas infundadas.
Agora, vamos lá ver a segunda parte da selecção, no momento em que o nosso atleta António Silva deve estar a recomeçar a trabalhar no chuvoso e frio país.
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