domingo, 15 de janeiro de 2012

Os amigos do Pedro


Hoje é dia de importante jogo em Braga, e digo só importante (e não decisivo) porque a minha faceta pragmática já me levou a concluir que o campeonato deste ano já é tão só uma miragem e apesar das contas só se fazerem no fim, o nosso objectivo mais realista e não menos importante é lutar por um lugar na pré da Champions do próximo ano.
O árbitro do jogo de hoje será João Capela, que voltará a cruzar-se com o Sporting depois do jogo da Luz. Onyewu que se cuide, na sua luta titânica com os centrais adversários, pois o árbitro lisboeta já demonstrou ser pouco audaz na apreciação a agarrões em determinadas zonas do campo.
Na senda desta trilogia (Sporting/ Benfica/ árbitros) tive hoje a oportunidade de ler o que julgo ser o resumo da entrevista de Pedro Proença ao Record, no sítio online da publicação.
Devo salientar que, na globalidade, não deixa de ser uma entrevista bem conseguida, mesmo que com algumas singularidades e passagens das quais discorde.
Logo à partida e onde reside um dos maiores destaques da peça, tem a ver com a preferência clubista do entrevistado. Reafirmando que o seu lado profissional se sobrepõe a essa simpatia, vinca o facto de que  todos os jornalistas têm clube, assim como  também os dirigentes, os atletas, e não é por isso que deixam de jogar no clube A, B ou C.
Não nego que isso seja uma verdade irredutível, só que se estivermos atentos à arbitragem ou a outros sectores onde alguém tem a responsabilidade de ajuizar, sabemos que nem todos são como Proença proclama ser. Mais uma vez um juiz  defende a classe de olhos fechados mas deveria ser mais prudente pois, todos nós sabemos, e está registado até por meios que em tempos não serviram de prova a outros juízes que fizeram da palavra justiça um joguete, que a honestidade nem sempre é o mote dos intervenientes. Além disso, a responsabilidade que acarreta não coloca num mesmo nível os intervenientes que dá como exemplo.
Quanto à profissionalização, penso que esteve muito bem quando o jornalista afirma que os árbitros recebem tostões, quando estão a dirigir artistas que auferem milhões. 
Diz Proença: "Quanto a mim, essa é uma perspectiva redutora da questão. Os árbitros hoje ganham muito bem, tendo em conta a realidade portuguesa. Temos de perceber que o salário mínimo no país não chega aos 500 euros por mês. Não gosto de comparar os atletas de alta competição com a realidade dos árbitros, porque teríamos de medir que a carreira de um árbitro chega aos 45 anos, e que um jogador chega aos 32 ou 33.  É fácil perceber quanto é que um árbitro de primeira categoria aufere hoje, tendo em conta que é uma actividade secundária na sua vida. Quando falamos em profissionalismo, pensamos em todas as condições que devem ser paralelas à sua actividade de árbitro, que lhes permitam descansar, ou ter um corpo técnico que os possa preparar para os jogos, ou ter preparadores físicos para que sejam ainda melhores, ou um corpo de psicólogos que os possa ajudar nos momentos menos bons."
Não sendo um tema que domine, visto a arbitragem ser um redil de interesses que me é desconhecido, tenho no entanto a noção do que actualmente auferem os árbitros de 1ª categoria, e que os coloca num patamar invejável na sociedade portuguesa, e onde conseguem medir forças com a maioria dos futebolistas, se exceptuarmos os grandes. Jorge Sousa foi na época transacta o árbitro que mais recebeu, com proventos desta sua segunda actividade que ultrapassaram os 37 mil euros. Os que o precederam também se aproximaram destes valores, pelo que não estamos falando de actores secundários nesta matéria. 
A posição e responsabilidade que detêm deveria ser suficiente para serem tão honestos quanto Pedro Proença apregoa. Os valores que auferem ainda lhes deveria avivar a memória quando entram em campo, e o facto dos clubes serem co-patrocinadores da sua actividade incutir-lhes maior sentido de responsabilidade.
Há um célebre provérbio sobre a mulher de César, mas neste caso poderia dizer: Aos amigos do Pedro não basta parecê-lo, têm que sê-lo!!

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