sábado, 17 de março de 2012

O seu a seu dono


Foi tal a euforia que nos invadiu, após a jornada gloriosa de Manchester, que apesar de tanto ter sido dito... muito ficou por dizer.
As luzes dessa épica noite incidiram sobre alguns dos que estiveram directamente ligados aos momentos chave. Foram eles Matias e Wolfswinkel, pelos golos alcançados ou Izmailov e Patrício, pelas suas performances decisivas em momentos chave.
Nas crónicas que se sucederam ao jogo, foi unânime o elogio ao comportamento da equipa, no seu todo, tanto por parte da comunicação social como da generalidade da blogosfera e fóruns leoninos.
A crítica contundente  e arrasadora que brindou parte da época de Domingos, ou mesmo no início do legado de Sá Pinto, era extensível a quase toda a equipa. Patrício continuava a não agradar a muitos, os laterais não tinham qualidade para envergar a nossa camisola mas os centrais sempre foram os mais visados.
No meio campo Rinaudo sempre foi consensual, mas Matias tem uma legião de fãs e outra de detractores. Izmailov, de astro da companhia passou a peso morto, e não faltava quem se lamentasse por não ter sido transaccionado quando ainda tinha o joelho operacional. Elias foi por muitos apelidado de bluff e colocado no rol dos piores negócios de sempre, a par de Pongolle.  Schaars passou do betão do meio campo a plasticina mole, Carrillo irritava os mais sensíveis e Capel perdera todo o gás e aura com que chegara. Jeffren foi um erro de casting e Ricky já só marcava de penalti...ou nem isso.
As nossas crónicas nunca foram muito mordazes, mas uma ou outra vez tivemos que ceder à dor que ia na alma e criticar abertamente o desempenho de toda a estrutura ligada ao futebol. A decadência do futebol praticado e de algumas opções tomadas saltavam à evidência e não havia como mascarar essas debilidades.
Tal como a maioria, também nós temos aqueles jogadores por quem nutrimos uma especial afeição ou admiração. Em sentido inverso isso também acontece, neste blogue, noutros, nos adeptos do Sporting ou doutro qualquer clube.
No topo dos mal-amados pela generalidade dos nossos adeptos aparecem os nomes de Pereirinha, Polga, Evaldo, André Santos ou Carriço.
Curioso é que nesta eliminatória de tão boa memória, três destes "renegados" tenham dado um contributo de enorme importância.
Já tive oportunidade de criticar algumas actuações de Polga, que chegou a exibir-se a  níveis inacreditáveis, mas também o elogiei quando elevou o seu futebol à qualidade que nos habituou, quando veio para o Sporting.
Contudo, há um jogador que merece um elogio sentido e ainda não tive a oportunidade de o fazer.
Numa crónica relativa a Pereirinha, com data de 8 de Novembro de 2011 e intitulada, "A que horas passa o 25?", já tinha tido a oportunidade de referir as esperanças adiadas, a angústia por ver um jogador da formação com o chavão de eterna esperança, e onde salientava não lhe augurar grande futuro...de leão ao peito.
Já tinha feito alusão, em privado, aos bons indicadores de Pereirinha nos minutos que Sá Pinto lhe brindara, em jogos recentes. 
No entanto, este jogo de Manchester irá figurar como um dos melhores jogos no meu imaginário, quando quiser recordar alguns seus desempenhos de excepção.
Perante figuras de proa do futebol mundial, o Pereirinha tímido, com falta de sangue na guelra, com aquele sorriso quase infantil e com futebol insípido e pouco empreendedor que acostumou os sportinguistas deu lugar a um verdadeiro leão, como nunca esperei ver.
A sua postura personalizada e transfigurada irá agora sofrer um duro revés, dada a forçosa paragem a que estará sujeito.
É uma pena quebrar esta sua ascensão, pois estava a ganhar um lugar nas primeira opções a saltar do banco.
Contudo, como devemos tirar sempre algo de positivo de alguns contratempos, ficará para a posteridade a fotografia do nosso lateral de ocasião, com uma postura combativa e ainda com as marcas dessa dura batalha.
As veias saídas, o punho fechado, o seu ar de guerreiro substituíram o ar angelical e imberbe do que habituou os sportinguistas. Lamento o seu infortúnio ao mesmo tempo que desejo o rápido restabelecimento, mas também desejo que o seu regresso seja imbuído do mesmo espírito que faça acreditar que...desta vez é que é.
 

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