quinta-feira, 11 de julho de 2013

Este sabe do que fala

Hoje, no meio do dilúvio noticioso que o caso Bruma originou, falou a voz da experiência.
Paulo Futre, que continua com as suas cíclicas aparições no Porto Canal, veio dar a sua prestimosa opinião.


“Acho que tudo isto podia ter sido evitado, porque qualquer jogador da formação não pode passar a ser utilizado regularmente na equipa principal sem ter pelo menos mais dois ou três anos de contrato. O futebol português é uma montra e qualquer jogador que sobe à primeira equipa, com o passado e a tradição da Academia, está a ser observado por todo o mundo do futebol profissional. Quando eles começam a jogar na primeira equipa passam a estar na mira dos grandes clubes".

“Sem dúvida que a culpa desta situação vem de trás, pois não foi o presidente Bruno de Carvalho nem o Inácio que fizeram o contrato atual. Eles apanharam o caso em andamento e estão a tentar ultrapassá-lo”.

“Não conheço os empresários do jogador, mas isto é um negócio e se há alguém culpado, repito, são os anteriores responsáveis do Sporting. Os empresários só estarão a dizer ao Bruma o que entenderão ser o melhor para ele. Para ele estar nesta situação é porque certamente lhe estão a oferecer muito dinheiro”diz Futre para logo avisar.

“Não se deve apontar o dedo ao jogador, um jovem que quer progredir na sua carreira. É assim o futebol profissional”, conclui o antigo internacional português.

Nesta entrevista publicada no Record, Futre, no seu inconfundível estilo serpenteante, ora vai logicamente ilibando Bruno de Carvalho, ora vai ilibando incoerentemente Bruma e os seus representantes.
Isto não faria muito sentido se o ex-jogador do Sporting não tivesse ele, também com 18 anos, fugido de Alvalade para jogar no Porto.
Então, como agora, as questões monetárias eram o fulcro da questão, e talvez por isso a segunda parte da sua prosa seja dedicada ao negócio e ao jovem que quer progredir na carreira.

Penso que todos querem progredir na carreira, mas enquanto a maioria contorna os obstáculos e espera pela sua oportunidade, uma minoria trepa ou pisa quem quer que se lhe cruze no caminho.
No entanto, nem sempre esta ganância define quem singra neste…negócio.
A qualidade do jogador e o clube que o acolhe será determinante no seu sucesso.
Futre teve sorte, porque caiu no clube “certo” no momento certo.
No longínquo ano de 1984 já Pinto da Costa andava em guerra com o Sporting e levar Futre poderia não ter sido um K.O. se, em simultâneo, não se tivesse rodeado de todas as condições para tornar as suas equipas imbatíveis.
Apesar disto, nunca saberemos como seria o seu futuro desportivo e financeiro se tivesse continuado de leão ao peito, porque a história não pode ser reescrita.  
Acabou por ganhar uma Taça dos Campeões e uns títulos nacionais mas, nunca saberemos se através do Sporting poderia ter ido parar a um Real Madrid ou outro colosso europeu…em vez de ganhar bolor no Atlético de Madrid.
Bruma ainda pode ir parar ao Porto, e terá todas as condições para singrar porque, tal como há 30 anos, as condições para ter sucesso ainda estão em vigor.
No entanto, se for directamente para um guloso europeu, pode demonstrar a Futre que nem sempre estas histórias são contos de fadas, e que aos 18 anos nem tudo pode ser negócio.

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