segunda-feira, 15 de julho de 2013

Peseteros

Se o ex-ministro Vítor Gaspar encontrou um paralelismo entre a meteorologia e a política de investimento, também eu posso encontrar algumas analogias curiosas.
É que, tal como a temperatura nos termómetros baixou consideravelmente, também a novela Bruma arrefeceu, na mesma proporção.
Nas últimas horas tem-se falado até numa hipotética reaproximação das partes, algo em que sinceramente não acredito, mas o que considero irrecuperável é a imagem que o jogador tem cultivado, nas últimas entrevistas.
Pior que isso, dizem que as temperaturas voltam a subir a partir de 4ª feira, o que tornará inviável qualquer acordo.
Diz-se que o português tem memória curta mas, nestas circunstâncias, há atitudes que ficam tão gravadas como tatuagens.
Apesar de considerar lamentável a ingratidão, independentemente de como foi conduzido todo o processo, também considero lamentáveis as atitudes racistas de alguns adeptos.
Considero normal que a incompreensão e a ira tome conta de nós, tal como considero compreensíveis as ofensas ao jogador e representantes, fruto da impotência que sentimos ao ver fugir um bom jogador por entre os dedos.
Quando uma situação destas acontece, qualquer adepto que sinta as suas cores com fervor faz fluir os adjectivos mais desaconselhados.
Procura-se alguma referência ou algum ponto fraco e parte-se ao ataque.
No entanto, no caso Bruma, acho de mau gosto usar determinadas expressões, sustentadas na sua raça.
Basta pensar em 3 ou 4 dos ingratos que saíram de Alvalade para concluir que uma e outra coisa não estão relacionadas.

Futre, Figo ou Moutinho, só para citar os mais mediáticos, não eram negros...nem sequer estavam bronzeados e, que eu saiba, nenhum dos seus empresários também o era.

Não vi ninguém a chamar-lhes brancos por terem cuspido no prato que comeram, e Figo até foi reincidente nas fugas a quem o idolatrava.
Ainda júnior chegou a assinar pelo Benfica, quando representava o Sporting, mas a transferência foi abortada. Já na sua fuga de Alvalade assinou por Juventus e Parma, o que fez com que ficasse impedido de jogar em Itália durante dois anos.
Escolheu então o Barcelona mas, mais uma vez, a sua saída para o rival Real Madrid não foi pacífica, e passou a ser conhecido como "pesetero", em homenagem à moeda espanhola de então.

No regresso a Camp Nou choveram insultos, cabeças de porco, notas de monopólio...mas ninguém se lembrou de lhe chamar...branco.

Nem a Futre ou Moutinho, o maçã podre.

Quem tiver dificuldade em arranjar argumentos para ofender Bruma, caso opte por meter-se no seu novo Mercedes e rumar a outra paragens, pode optar por consultar uma página de adjectivos, sem ser necessário recorrer a termos que denotam faltam de imaginação. 
Pela minha parte, ao olhar para as fotografias dos atletas, continuo a não lhes encontrar diferenças, além da inegável qualidade enquanto futebolistas.






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